Notícia
Reforme-se sem pensar no dinheiro
Gerir o seu dinheiro na reforma é desagradável. Muitas vezes é preciso estimar quantos anos ainda se tem pela frente. Os números são cruéis: a esperança média de vida aos 65 anos de um homem é pouco mais de 16 anos e de uma mulher é de cerca de...
20 de Maio de 2010 às 09:30
Deixe as preocupações para os outros: troque as suas poupanças por um complemento vitalício da sua pensão de reforma.
Gerir o seu dinheiro na reforma é desagradável. Muitas vezes é preciso estimar quantos anos ainda se tem pela frente. Os números são cruéis: a esperança média de vida aos 65 anos de um homem é pouco mais de 16 anos e de uma mulher é de cerca de 20 anos.
Porém, como a morte não tem hora marcada, é preciso contar que viva bem além desse prazo. Isso pode ser um problema, porque um recém-reformado pode gastar o seu património acreditando que viverá duas décadas, mas, dentro de 30 anos, ainda poderá necessitar de dinheiro para as suas despesas diárias. Dizem as probabilidades que dois em cada nove portugueses de 65 anos ultrapassará a barreira dos 90 anos e que um em cada 100 celebrará o seu centenário.
Embora seja um tema sensível, os portugueses reformados ou que estão perto de se reformarem precisam urgentemente de um rendimento mensal além da pensão de velhice ou de invalidez. A pensão de quem deixar de trabalhar na idade prevista de 65 anos representa entre 66% e 73 % do seu último vencimento líquido, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Por isso, os pensionistas necessitam de desencantar entre 27% e 34% do seu rendimento mensal para conseguirem manter o nível de vida.
Aitor Zárate, o investidor espanhol autor dos livros "O Que os Ricos Sabem e Não Contam" e "Mexa o Seu Dinheiro e Enriqueça com a Crise", sugere que os aforradores procurem o que ele designa de "grande capital": o dinheiro suficiente para viver sem pensar nele. O "grande capital" depende de cada pessoa, basta fazer alguns cálculos. Deve começar com o valor de que necessita mensalmente, por exemplo, 1000 euros. Multiplique esse valor pelos 12 meses para dar a necessidade anual (neste caso são 12 mil euros).
Como esse montante tem de resultar de uma poupança que é tributada (normalmente à taxa de 20%), na verdade necessita de um valor bruto de 15 mil euros (que resulta da divisão dos 12 mil euros por 0,80). Esse resultado deve ser dividido pela taxa de juro que consegue em aplicações de baixo risco. Se for de 3%, divida por 0,03, o que dá um "grande capital" de 500 mil euros. Quando acumular 500 mil euros, sabe que ganhando 3% por ano terá um rendimento anual de 15 mil euros, o que se traduz em 12 mil euros por ano líquidos de impostos ou 1000 euros por mês.
A solução de Zárate é muito engenhosa, mas sofre de dois problemas: por um lado, poderá nunca chegar ao "grande capital" (para muitos, poupar 500 mil euros pode demorar mais do que uma vida); por outro, a fórmula do autor assume que deixará o "grande capital" aos seus herdeiros sem nunca lhe tocar, o que, para muitos, pode ser considerado um desperdício de riqueza, já que poderiam dar um bom uso a esse dinheiro durante os anos dourados.
São poucas as soluções de aforro que o poderão ajudar. Regra geral, os funcionários bancários aconselham as contas de poupança-reforma aos pensionistas. A vantagem fiscal é clara: os juros estão isentos da tributação de 20 % até ao saldo de 10.500 euros, desde que a pensão do reformado seja inferior a três salários mínimos (1425 euros). Contudo, as taxas de juro propostas são muito reduzidas.
A rendibilidade média das contas de poupança-reforma até 10.500 euros oferecidas pelos maiores bancos a operar em Portugal não chega a 0,6 % no prazo de um ano. Mesmo pagando a taxa de IRS sobre os juros, os aforradores pensionistas conseguem rendimentos superiores em depósitos a prazo e contas de poupança que não sejam exclusivamente dirigidas a reformados.
Retire a incerteza da sua vida
Há vários anos que as instituições financeiras, em particular as companhias de seguros, gerem um produto que pode facilitar a gestão das finanças dos reformados que necessitam de obter um rendimento certo todos os meses. A renda vitalícia funciona de uma forma muito simples: o rendista entrega o seu pé-de-meia em troca de um depósito mensal na conta bancária de um valor pré-acordado para o resto da sua vida.
Embora possa ser uma solução óptima para muitos pensionistas que não querem gerir as suas poupanças para sempre, as rendas vitalícias ainda são pouco populares entre os portugueses. Actualmente, menos de 1% da produção seguradora nacional é nesta área, segundo os dados compilados pela Associação Portuguesa de Seguradores.
Através de uma renda vitalícia nunca se corre o risco do aforro não chegar aos últimos anos de vida. Essa é a grande vantagem. Actualmente, por cada 100 mil euros que entregar recebe em troca a garantia de lhe depositarem pelo menos 430 euros todos os meses para o resto da vida, dure ela cinco ou 35 anos - ou mesmo mais.
Como as mulheres tendem a viver mais tempo do que os homens, algumas companhias de seguros oferecem rendas superiores aos homens. É o caso da Generali: por 200 mil euros, um senhor de 65 anos obtém uma renda vitalícia mensal de 1268,25 euros, mais 13% do que a proposta de 1118,99 euros que a companhia seguradora disponibiliza às senhoras. Por isso, embora Generali tenha a melhor solução do mercado para os cavalheiros, é o Millennium bcp que proporciona a melhor renda para as mulheres: 1193,43 euros mensais em troca dos 200 mil euros, a mesma renda que o banco indica para os homens.
Se é um casal que quer retirar a incerteza financeira da sua vida, em vez de contratarem duas rendas separadas podem optar pela reversibilidade. Através desta modalidade, um dos membros do casal solicita a renda e, caso venha a falecer antes do parceiro, uma percentagem dessa renda continuará a ser paga mensalmente ao companheiro. Na Axa, por exemplo, os 200 mil euros garantem um complemento de pensão de 993,63 euros a partir dos 65 anos reversível em 50 por cento com um parceiro também de 65 anos. Logo, o rendista recebe esses 993,63 euros até à sua morte e, a partir de então, o seu parceiro sobrevivo passa a contabilizar mensalmente metade, ou seja, 496,80 euros.
Minimize o risco
A decisão de constituir uma renda vitalícia é uma das mais importantes da vida, porque é impossível voltar a trás depois de tomada. Por isso, convém procurar junto de todas as seguradoras e bancos pela melhor proposta de complemento de pensão.
Por prudência, pode fazer sentido dividir o seu património por duas ou três rendas em companhias de seguros diferentes. Além disso, embora teoricamente as rendas vitalícias possam ser criadas em qualquer idade, os maiores de 70 anos poderão ter dificuldade em conseguiram contratualizar esta solução em algumas instituições financeiras.
Apesar de tudo, o maior risco das rendas vitalícias é a inflação. Dentro de uma década, 1000 euros compram tanto como 780 euros hoje, se os preços cresceram a um ritmo anual de 2,5%. Se quiser eliminar essa preocupação, pode solicitar que a sua renda seja crescente, isto é, uma que aumente anualmente a uma taxa pré-determinada. Todavia, a renda inicial será inferior.
Na Liberty Seguros, por exemplo, em troca de 200 mil euros, um homem recebe 1093,20 euros fixos todos os meses ou começa por ganhar 828,08 euros por mês que crescem 2,5% por ano. Isto quer dizer que, no ano seguinte, o complemento da pensão subirá para 848,78 euros e, no a seguir, chegará aos 870 euros. No 12.º ano, a renda crescente ultrapassará os 1093,20 euros da renda fixa.
Há outras modalidades para a sua renda vitalícia consoante a instituição financeira em que a contratar. Uma das mais populares é receber 14 mensalidades por ano, em vez das tradicionais 12, porque os reformados também gostam de ter uma férias de Verão mais abastadas e um Natal mais rico. No Montepio, a prestação de 1100,11 euros obtida por um associado com 65 anos que entregue 200 mil euros reduz-se para 942,95 euros caso solicite 14 rendas anuais.
Independentemente da modalidade de renda vitalícia que se escolha, a administração fiscal está sempre à espreita. Como são complementos de pensão, os rendistas têm de declarar esses rendimentos de Categoria H no Anexo A da declaração anual de IRS.
Quanto rende 200 mil euros?
Em troca de uma poupança de 200 mil euros, os bancos e seguradoras garantem, em média, cerca de 1040 euros por mês a partir dos 65 anos para o resto da sua vida. A Generali tem a melhor proposta para os homens e o Millennium bcp para as mulheres.
Embora seja um tema sensível, os portugueses reformados ou que estão perto de se reformarem precisam urgentemente de um rendimento mensal além da pensão de velhice ou de invalidez. A pensão de quem deixar de trabalhar na idade prevista de 65 anos representa entre 66% e 73 % do seu último vencimento líquido, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Por isso, os pensionistas necessitam de desencantar entre 27% e 34% do seu rendimento mensal para conseguirem manter o nível de vida.
Aitor Zárate, o investidor espanhol autor dos livros "O Que os Ricos Sabem e Não Contam" e "Mexa o Seu Dinheiro e Enriqueça com a Crise", sugere que os aforradores procurem o que ele designa de "grande capital": o dinheiro suficiente para viver sem pensar nele. O "grande capital" depende de cada pessoa, basta fazer alguns cálculos. Deve começar com o valor de que necessita mensalmente, por exemplo, 1000 euros. Multiplique esse valor pelos 12 meses para dar a necessidade anual (neste caso são 12 mil euros).
Como esse montante tem de resultar de uma poupança que é tributada (normalmente à taxa de 20%), na verdade necessita de um valor bruto de 15 mil euros (que resulta da divisão dos 12 mil euros por 0,80). Esse resultado deve ser dividido pela taxa de juro que consegue em aplicações de baixo risco. Se for de 3%, divida por 0,03, o que dá um "grande capital" de 500 mil euros. Quando acumular 500 mil euros, sabe que ganhando 3% por ano terá um rendimento anual de 15 mil euros, o que se traduz em 12 mil euros por ano líquidos de impostos ou 1000 euros por mês.
A solução de Zárate é muito engenhosa, mas sofre de dois problemas: por um lado, poderá nunca chegar ao "grande capital" (para muitos, poupar 500 mil euros pode demorar mais do que uma vida); por outro, a fórmula do autor assume que deixará o "grande capital" aos seus herdeiros sem nunca lhe tocar, o que, para muitos, pode ser considerado um desperdício de riqueza, já que poderiam dar um bom uso a esse dinheiro durante os anos dourados.
São poucas as soluções de aforro que o poderão ajudar. Regra geral, os funcionários bancários aconselham as contas de poupança-reforma aos pensionistas. A vantagem fiscal é clara: os juros estão isentos da tributação de 20 % até ao saldo de 10.500 euros, desde que a pensão do reformado seja inferior a três salários mínimos (1425 euros). Contudo, as taxas de juro propostas são muito reduzidas.
A rendibilidade média das contas de poupança-reforma até 10.500 euros oferecidas pelos maiores bancos a operar em Portugal não chega a 0,6 % no prazo de um ano. Mesmo pagando a taxa de IRS sobre os juros, os aforradores pensionistas conseguem rendimentos superiores em depósitos a prazo e contas de poupança que não sejam exclusivamente dirigidas a reformados.
Retire a incerteza da sua vida
Há vários anos que as instituições financeiras, em particular as companhias de seguros, gerem um produto que pode facilitar a gestão das finanças dos reformados que necessitam de obter um rendimento certo todos os meses. A renda vitalícia funciona de uma forma muito simples: o rendista entrega o seu pé-de-meia em troca de um depósito mensal na conta bancária de um valor pré-acordado para o resto da sua vida.
Embora possa ser uma solução óptima para muitos pensionistas que não querem gerir as suas poupanças para sempre, as rendas vitalícias ainda são pouco populares entre os portugueses. Actualmente, menos de 1% da produção seguradora nacional é nesta área, segundo os dados compilados pela Associação Portuguesa de Seguradores.
Através de uma renda vitalícia nunca se corre o risco do aforro não chegar aos últimos anos de vida. Essa é a grande vantagem. Actualmente, por cada 100 mil euros que entregar recebe em troca a garantia de lhe depositarem pelo menos 430 euros todos os meses para o resto da vida, dure ela cinco ou 35 anos - ou mesmo mais.
Como as mulheres tendem a viver mais tempo do que os homens, algumas companhias de seguros oferecem rendas superiores aos homens. É o caso da Generali: por 200 mil euros, um senhor de 65 anos obtém uma renda vitalícia mensal de 1268,25 euros, mais 13% do que a proposta de 1118,99 euros que a companhia seguradora disponibiliza às senhoras. Por isso, embora Generali tenha a melhor solução do mercado para os cavalheiros, é o Millennium bcp que proporciona a melhor renda para as mulheres: 1193,43 euros mensais em troca dos 200 mil euros, a mesma renda que o banco indica para os homens.
Se é um casal que quer retirar a incerteza financeira da sua vida, em vez de contratarem duas rendas separadas podem optar pela reversibilidade. Através desta modalidade, um dos membros do casal solicita a renda e, caso venha a falecer antes do parceiro, uma percentagem dessa renda continuará a ser paga mensalmente ao companheiro. Na Axa, por exemplo, os 200 mil euros garantem um complemento de pensão de 993,63 euros a partir dos 65 anos reversível em 50 por cento com um parceiro também de 65 anos. Logo, o rendista recebe esses 993,63 euros até à sua morte e, a partir de então, o seu parceiro sobrevivo passa a contabilizar mensalmente metade, ou seja, 496,80 euros.
Minimize o risco
A decisão de constituir uma renda vitalícia é uma das mais importantes da vida, porque é impossível voltar a trás depois de tomada. Por isso, convém procurar junto de todas as seguradoras e bancos pela melhor proposta de complemento de pensão.
Por prudência, pode fazer sentido dividir o seu património por duas ou três rendas em companhias de seguros diferentes. Além disso, embora teoricamente as rendas vitalícias possam ser criadas em qualquer idade, os maiores de 70 anos poderão ter dificuldade em conseguiram contratualizar esta solução em algumas instituições financeiras.
Apesar de tudo, o maior risco das rendas vitalícias é a inflação. Dentro de uma década, 1000 euros compram tanto como 780 euros hoje, se os preços cresceram a um ritmo anual de 2,5%. Se quiser eliminar essa preocupação, pode solicitar que a sua renda seja crescente, isto é, uma que aumente anualmente a uma taxa pré-determinada. Todavia, a renda inicial será inferior.
Na Liberty Seguros, por exemplo, em troca de 200 mil euros, um homem recebe 1093,20 euros fixos todos os meses ou começa por ganhar 828,08 euros por mês que crescem 2,5% por ano. Isto quer dizer que, no ano seguinte, o complemento da pensão subirá para 848,78 euros e, no a seguir, chegará aos 870 euros. No 12.º ano, a renda crescente ultrapassará os 1093,20 euros da renda fixa.
Há outras modalidades para a sua renda vitalícia consoante a instituição financeira em que a contratar. Uma das mais populares é receber 14 mensalidades por ano, em vez das tradicionais 12, porque os reformados também gostam de ter uma férias de Verão mais abastadas e um Natal mais rico. No Montepio, a prestação de 1100,11 euros obtida por um associado com 65 anos que entregue 200 mil euros reduz-se para 942,95 euros caso solicite 14 rendas anuais.
Independentemente da modalidade de renda vitalícia que se escolha, a administração fiscal está sempre à espreita. Como são complementos de pensão, os rendistas têm de declarar esses rendimentos de Categoria H no Anexo A da declaração anual de IRS.
Quanto rende 200 mil euros?
Em troca de uma poupança de 200 mil euros, os bancos e seguradoras garantem, em média, cerca de 1040 euros por mês a partir dos 65 anos para o resto da sua vida. A Generali tem a melhor proposta para os homens e o Millennium bcp para as mulheres.
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