Notícia
PPR longe de garantir reformas
A maioria dos aforradores que investiu frequentemente nos planos de reforma teve resultados negativos nos últimos seis anos. É o que concluímos depois de termos decidido ir fazer a medição das rendibilidades.
17 de Setembro de 2009 às 10:00
A maioria dos aforradores que investiu frequentemente nos planos de reforma teve resultados negativos nos últimos seis anos. É o que concluímos depois de termos decidido ir fazer a medição das rendibilidades.
Abandonar um plano de poupança-reforma fraco é muito fácil desde Julho, quando entrou em vigor a limitação do custo de transferência para outro PPR. Agora, se quiser mudar o gestor do seu pé-de-meia de reforma não paga um cêntimo, a não ser que seja um PPR garantido, sobre os quais as sociedades gestoras podem cobrar até 0,5% do valor transferido.
Tendo em conta que apenas um em cada três PPR teve um desempenho anual superior a 3,5% nos últimos três anos, segundo os dados do Instituto de Seguros de Portugal e da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios, é provável que haja muitos aforradores com vontade de comprar um bilhete de ida para as suas poupanças. O problema está em escolher o destino.
As rendibilidades anunciadas pelos bancos pouco interessam: é normal não incluírem todas as comissões, além de se referirem apenas a um ano. Na verdade, o que deve interessar aos 1,2 milhões de portugueses que têm PPR, segundo um estudo de mercado da Marktest, é o resultado de um aforro periódico. Graças à dedução à colecta, os investidores reforçam a carteira de PPR pelo menos uma vez por ano, normalmente pelo valor que maximiza o benefício fiscal.
Para aferir quanto teriam amealhado até hoje, o Negócios simulou o resultado de uma aplicação trimestral de 1.250 euros em nove fundos de poupança-reforma desde Junho de 2003: Alves Ribeiro PPR, Barclays PPR, Barclays PPR Rendimento, BPI Reforma Investimento PPR, BPI Reforma Segura PPR, Espírito Santo PPR, Millennium Poupança PPR, Santander Poupança Investimento FPR e Santander Poupança Segura FPR. Foram seleccionados estes nove PPR porque são os únicos cujas cotações e estruturas de comissões históricas são divulgadas e mantidas por um organismo independente, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Melhor rende menos de 1% por ano
O investimento periódico nos nove PPR analisados rendeu, em média, -0,19% nos últimos seis anos e dois meses. O Alves Ribeiro PPR, distribuído pelo Banco Invest, foi o que teve o melhor desempenho: uma rendibilidade anual de 0,08%. "Embora de forma surpreendente, sobretudo considerando o valor do fundo no final de Fevereiro, o fundo parece preparar-se para atingir novos máximos durante o ano em curso", dizem os gestores do PPR no último comentário mensal. O Alves Ribeiro PPR valorizou-se 36,34% entre Fevereiro e o início de Setembro, mas isso ainda não permitiu à "performance" das aplicações periódicas entrar no campo dos dígitos inteiros.
Os movimentos negativos dos últimos anos nos principais mercados não são a única razão para os PPR não conseguirem apresentar ganhos que satisfaçam os aforradores menos exigentes. As comissões de subscrição, que chegavam aos 2,5% há pouco mais de três anos, absorvem uma grande parte do rendimento. Hoje, essas comissões são frequentemente nulas, em parte em resultado do aumento da concorrência garantido pela possibilidade de transferência sem custos. Mas ainda há sociedades gestoras, como a Barclays Wealth Managers, que cobram na subscrição.
Apesar das baixas rendibilidades das simulações, os resultados são optimistas. O desempenho médio negativo de 0,19% desde Junho de 2003 não inclui a contribuição dos fundos de poupança-reforma que não sobreviveram até hoje. São esses que normalmente têm resultados mais desastrosos. Por exemplo, o Santander Totta deverá extinguir em breve o Santander Poupança Premium FPR, que apresentou uma perda anual de 24,54% até ao início de Setembro. A CMVM, a entidade supervisora dos PPR na forma de fundos, autorizou a incorporação desse produto no Santander Poupança Segura FPR, que se desvalorizou 4,67% no último ano.
Há ainda comissões e impostos a contabilizar
A simulação do Negócios não calculou o resultado que um aforrador obteria se quisesse receber as suas poupanças. É ainda preciso subtrair a comissão de resgate e os impostos a pagar, o que baixa ainda mais o desempenho dos produtos. Embora esteja cada vez mais em desuso, ainda há alguns PPR que são alvo da comissão de saída mesmo quando se resgata nas condições previstas da lei (reforma por velhice, a partir dos 60 anos, desemprego de longa duração, incapacidade permanente para o trabalho ou doença grave). Isso quer dizer que é possível evitar a comissão transferindo o capital para um plano que não a cobre.
Ao contrário das comissões, os impostos são impossíveis de evitar. Há duas possibilidades de tributação, conforme a modalidade de recebimento das poupanças. Se as receber na forma de renda, os recebimentos são tributados como rendimentos de pensões (categoria H do IRS). Se quiser fazer um resgate total ou parcial, é aplicada uma taxa reduzida de 8% (4% para entregas antes de 2006), desde que seja feita nas condições legais. O fisco é mais uma fonte que baixa o rendimento do seu PPR.
PPR magros - Quem tivesse feito aplicações trimestrais nos fundos de poupança reforma desde Junho de 2003 teria perdido, em média, 0,19% por ano
Abandonar um plano de poupança-reforma fraco é muito fácil desde Julho, quando entrou em vigor a limitação do custo de transferência para outro PPR. Agora, se quiser mudar o gestor do seu pé-de-meia de reforma não paga um cêntimo, a não ser que seja um PPR garantido, sobre os quais as sociedades gestoras podem cobrar até 0,5% do valor transferido.
As rendibilidades anunciadas pelos bancos pouco interessam: é normal não incluírem todas as comissões, além de se referirem apenas a um ano. Na verdade, o que deve interessar aos 1,2 milhões de portugueses que têm PPR, segundo um estudo de mercado da Marktest, é o resultado de um aforro periódico. Graças à dedução à colecta, os investidores reforçam a carteira de PPR pelo menos uma vez por ano, normalmente pelo valor que maximiza o benefício fiscal.
Para aferir quanto teriam amealhado até hoje, o Negócios simulou o resultado de uma aplicação trimestral de 1.250 euros em nove fundos de poupança-reforma desde Junho de 2003: Alves Ribeiro PPR, Barclays PPR, Barclays PPR Rendimento, BPI Reforma Investimento PPR, BPI Reforma Segura PPR, Espírito Santo PPR, Millennium Poupança PPR, Santander Poupança Investimento FPR e Santander Poupança Segura FPR. Foram seleccionados estes nove PPR porque são os únicos cujas cotações e estruturas de comissões históricas são divulgadas e mantidas por um organismo independente, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Melhor rende menos de 1% por ano
O investimento periódico nos nove PPR analisados rendeu, em média, -0,19% nos últimos seis anos e dois meses. O Alves Ribeiro PPR, distribuído pelo Banco Invest, foi o que teve o melhor desempenho: uma rendibilidade anual de 0,08%. "Embora de forma surpreendente, sobretudo considerando o valor do fundo no final de Fevereiro, o fundo parece preparar-se para atingir novos máximos durante o ano em curso", dizem os gestores do PPR no último comentário mensal. O Alves Ribeiro PPR valorizou-se 36,34% entre Fevereiro e o início de Setembro, mas isso ainda não permitiu à "performance" das aplicações periódicas entrar no campo dos dígitos inteiros.
Os movimentos negativos dos últimos anos nos principais mercados não são a única razão para os PPR não conseguirem apresentar ganhos que satisfaçam os aforradores menos exigentes. As comissões de subscrição, que chegavam aos 2,5% há pouco mais de três anos, absorvem uma grande parte do rendimento. Hoje, essas comissões são frequentemente nulas, em parte em resultado do aumento da concorrência garantido pela possibilidade de transferência sem custos. Mas ainda há sociedades gestoras, como a Barclays Wealth Managers, que cobram na subscrição.
Apesar das baixas rendibilidades das simulações, os resultados são optimistas. O desempenho médio negativo de 0,19% desde Junho de 2003 não inclui a contribuição dos fundos de poupança-reforma que não sobreviveram até hoje. São esses que normalmente têm resultados mais desastrosos. Por exemplo, o Santander Totta deverá extinguir em breve o Santander Poupança Premium FPR, que apresentou uma perda anual de 24,54% até ao início de Setembro. A CMVM, a entidade supervisora dos PPR na forma de fundos, autorizou a incorporação desse produto no Santander Poupança Segura FPR, que se desvalorizou 4,67% no último ano.
Há ainda comissões e impostos a contabilizar
A simulação do Negócios não calculou o resultado que um aforrador obteria se quisesse receber as suas poupanças. É ainda preciso subtrair a comissão de resgate e os impostos a pagar, o que baixa ainda mais o desempenho dos produtos. Embora esteja cada vez mais em desuso, ainda há alguns PPR que são alvo da comissão de saída mesmo quando se resgata nas condições previstas da lei (reforma por velhice, a partir dos 60 anos, desemprego de longa duração, incapacidade permanente para o trabalho ou doença grave). Isso quer dizer que é possível evitar a comissão transferindo o capital para um plano que não a cobre.
Ao contrário das comissões, os impostos são impossíveis de evitar. Há duas possibilidades de tributação, conforme a modalidade de recebimento das poupanças. Se as receber na forma de renda, os recebimentos são tributados como rendimentos de pensões (categoria H do IRS). Se quiser fazer um resgate total ou parcial, é aplicada uma taxa reduzida de 8% (4% para entregas antes de 2006), desde que seja feita nas condições legais. O fisco é mais uma fonte que baixa o rendimento do seu PPR.
PPR magros - Quem tivesse feito aplicações trimestrais nos fundos de poupança reforma desde Junho de 2003 teria perdido, em média, 0,19% por ano