Notícia
Poupe para a universidade dos seus filhos
Vale a pena tirar um curso superior, em especial em Portugal. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico estima que os trabalhadores que finalizaram um curso universitário ou politécnico ganham mais 79% do que os que apenas terminaram...
13 de Maio de 2010 às 09:28
Tirar um curso superior é o melhor investimento para os seus descendentes, mas é preciso começar já a aforrar. Saiba como.
Vale a pena tirar um curso superior, em especial em Portugal. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico estima que os trabalhadores que finalizaram um curso universitário ou politécnico ganham mais 79% do que os que apenas terminaram o 12.º ano. Porém, os elevados custos inerentes aos estudos podem afastar muitos jovens do seu curso ideal ou completamente do ensino superior. Para evitar que isso aconteça aos seus descendentes, começa já a poupar para a sua educação.
"Não temos a tradição que as famílias americanas têm de poupar logo na escola primária. [As famílias portuguesas devem fazer] aplicações de poupança para quando o filho chegar ao ensino universitário terem dinheiro para pagar as propinas", disse Luísa Cerdeira, administradora da Universidade de Lisboa, à Antena 1, após o lançamento do seu livro "O Financiamento do Ensino Superior". Mas as despesas universitárias não se ficam pelas propinas - nem sequer é o principal. No ensino público, representam cerca de 30% do total, "enquanto os custos de vida dos estudantes - habitação, alimentação, transporte, etc. - andam à volta de 70%", completou Luísa Cerdeira.
Os universitários portugueses gastam, em média, cerca de 630 euros todos os meses, concluiu o mais recente estudo do Eurostudent, um projecto que analisou as condições sociais e económicas dos estudantes na Europa entre 2005 e 2008. As estatísticas mostram que os alunos portugueses tendem a seleccionar uma universidade próxima de casa, já que as despesas de habitação são as mais pesadas para os que ficam a viver longe da família.
Trabalhar enquanto estuda seria uma possibilidade no futuro do seu filho que anularia a necessidade do agregado familiar amealhar hoje. Contudo, dos 20 países europeus analisados pela Eurostudent, Portugal é onde os universitários dedicam mais horas à universidade, deixando pouco tempo para trabalhar.
Outra possibilidade seria o aluno obter crédito para estudar. Os estudantes do ensino superior até têm acesso a empréstimos que, graças ao protocolo que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior assinou com as instituições bancárias, têm condições muito vantajosas ("spread" máximo de 1%, por exemplo). Todavia, isso significa que, quando entrarem no mercado de trabalho, ficarão ancorados a um crédito durante seis a 10 anos. Qual é a família que quer penhorar o arranque profissional do seu descendente?
Quanto poupar?
Assumindo o custo mensal médio dos universitários portugueses indicado pelo relatório da Eurostudent, uma licenciatura de três anos representa uma despesa acumulada de 22.680 euros. Muitos estudantes optam, porém, por um mestrado integrado de cinco anos, elevando a factura para 37.800 euros. A meta da poupança da família deverá andar perto desse valor. Contudo, quando fizer as suas contas, lembre-se que não precisa de ter todo o dinheiro que o seu filho precisará ao longo dos três ou cinco anos do curso logo que ele entre na universidade, porque durante esse período também poderá amealhar.
Obviamente, quanto mais cedo começar o pé-de-meia menos sentirá no seu bolso, porque sairá menos capital da carteira todos os meses. O ideal é começar logo que o rebento nasça. Assim, se poupar 94 euros por mês a partir do nascimento do seu filho até aos 18 anos e durante os cinco anos do mestrado integrado, terá o suficiente para suportar um custo mensal de 630 euros ao longo dos estudos, assumindo uma rendibilidade anual da poupança de 4%. Se procrastinar até ele entrar no ensino básico, por volta dos seis anos, necessitará de 145 euros por mês. A partir daqui, torna-se complicado para muitas famílias. "Casais que não se preocuparam antecipadamente com o encarecimento da formação dos filhos sentirão, mais para a frente, uma pressão muito forte sobre o orçamento familiar", alerta Gustavo Cerbasi, autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos".
Se começar no segundo ciclo, aos 10 anos da criança, precisará de 205 euros mensais. No terceiro ciclo, aos 12 anos, a poupança mensal tem de ultrapassar os 250 euros. Se o seu descendente já está na adolescência e ainda não começou a preparar as suas finanças para o ensino superior, então comece já a poupar o máximo que puder. Cerbasi avisa que a chamada crise da meia-idade se deve muito ao facto de os pais deixarem de gastar para si para pagarem os estudos dos filhos, o que pode ser completamente evitado com algum planeamento.
É difícil investir pelos filhos
Quando querem poupar para os estudos dos filhos, os portugueses preferem constituir contas de poupança ou depósitos a prazo sucessivos, indicam vários funcionários bancários quando questionados pelo Negócios. Apesar de poder fazer sentido em planos de aforro de curto prazo, é uma solução pouco rentável para quem ainda tem muitos anos pela frente para poupar, porque, actualmente, a rendibilidade média é inferior a 1% por ano.
A alternativa é investir num cabaz de fundos. Os especialistas sugerem uma carteira de fundos de acções e de fundos de obrigações, que, à medida que se aproximar a ida para a universidade, deverá estar mais exposta ao mercado obrigacionista. Assim, se o seu filho é recém-nascido, poupe tudo em fundos de acções. Na entrada no ensino básico, comece a dividir a poupança mensal entre fundos de acções e fundos de obrigações. Na adolescência, o dinheiro em acções deve começar a ser transferido progressivamente para as obrigações. Quando o seu descendente entrar na universidade não deve ter dinheiro no mercado accionista.
Na selecção de fundos, siga as regras de sempre: procure comissões baixas e rendibilidades históricas superiores à média dos concorrentes. Além disso, há outra restrição que deve ter em conta: o mínimo de subscrição. Se planeia começar cedo, então necessita de fundos cuja subscrição mínima não ultrapasse os 100 euros. Nem todas as instituições financeiras têm produtos que satisfaçam esta condição.
Embora não cumpra o requisito da aplicação mínima reduzida, a sociedade gestora Fidelity propõe um grupo de fundos para facilitar o trabalho de poupança aos pais. Os fundos Fidelity Target começam por ser fundos de acções, mas, à medida que o prazo de maturidade se aproxima, os gestores fazem a transferência para o mercado obrigacionista por si. No final do prazo, são simplesmente fundos de tesouraria. Há vários prazos que podem interessar aos pais, de 2015 a 2030 em intervalos de cinco anos. Estes produtos são comercializados pelo ActivoBank, pelo Banco Best, pelo Banco de Investimento Global, pelo Deutsche Bank e pelo Millennium bcp.
As poupanças para a universidade deveriam ser realizadas numa conta em nome do seu filho. Assim, poderia divulgar o número de conta junto dos familiares e amigos para o ajudarem a poupar para a universidade. Porém, nem todos os bancos nacionais deixam que abra uma conta para o seu filho para subscrever fundos de investimento, mesmo que seja o seu representante legal. No limite, terá de fazer a poupança na sua própria conta bancária.
Escolhidos a dedo
Estes fundos de investimento têm boa classificação pelos especialistas de avaliação da Morningstar. Excluindo os produtos da Fidelity, todos exigem aplicações mínimas bastante baixas.
Fonte: APFIPP, CMVM, Morningstar, entidades gestoras e comercializadoras. Rendibilidade líquida de impostos. 27 de Abril de 2010
"Não temos a tradição que as famílias americanas têm de poupar logo na escola primária. [As famílias portuguesas devem fazer] aplicações de poupança para quando o filho chegar ao ensino universitário terem dinheiro para pagar as propinas", disse Luísa Cerdeira, administradora da Universidade de Lisboa, à Antena 1, após o lançamento do seu livro "O Financiamento do Ensino Superior". Mas as despesas universitárias não se ficam pelas propinas - nem sequer é o principal. No ensino público, representam cerca de 30% do total, "enquanto os custos de vida dos estudantes - habitação, alimentação, transporte, etc. - andam à volta de 70%", completou Luísa Cerdeira.
Os universitários portugueses gastam, em média, cerca de 630 euros todos os meses, concluiu o mais recente estudo do Eurostudent, um projecto que analisou as condições sociais e económicas dos estudantes na Europa entre 2005 e 2008. As estatísticas mostram que os alunos portugueses tendem a seleccionar uma universidade próxima de casa, já que as despesas de habitação são as mais pesadas para os que ficam a viver longe da família.
Trabalhar enquanto estuda seria uma possibilidade no futuro do seu filho que anularia a necessidade do agregado familiar amealhar hoje. Contudo, dos 20 países europeus analisados pela Eurostudent, Portugal é onde os universitários dedicam mais horas à universidade, deixando pouco tempo para trabalhar.
Outra possibilidade seria o aluno obter crédito para estudar. Os estudantes do ensino superior até têm acesso a empréstimos que, graças ao protocolo que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior assinou com as instituições bancárias, têm condições muito vantajosas ("spread" máximo de 1%, por exemplo). Todavia, isso significa que, quando entrarem no mercado de trabalho, ficarão ancorados a um crédito durante seis a 10 anos. Qual é a família que quer penhorar o arranque profissional do seu descendente?
Quanto poupar?
Assumindo o custo mensal médio dos universitários portugueses indicado pelo relatório da Eurostudent, uma licenciatura de três anos representa uma despesa acumulada de 22.680 euros. Muitos estudantes optam, porém, por um mestrado integrado de cinco anos, elevando a factura para 37.800 euros. A meta da poupança da família deverá andar perto desse valor. Contudo, quando fizer as suas contas, lembre-se que não precisa de ter todo o dinheiro que o seu filho precisará ao longo dos três ou cinco anos do curso logo que ele entre na universidade, porque durante esse período também poderá amealhar.
Obviamente, quanto mais cedo começar o pé-de-meia menos sentirá no seu bolso, porque sairá menos capital da carteira todos os meses. O ideal é começar logo que o rebento nasça. Assim, se poupar 94 euros por mês a partir do nascimento do seu filho até aos 18 anos e durante os cinco anos do mestrado integrado, terá o suficiente para suportar um custo mensal de 630 euros ao longo dos estudos, assumindo uma rendibilidade anual da poupança de 4%. Se procrastinar até ele entrar no ensino básico, por volta dos seis anos, necessitará de 145 euros por mês. A partir daqui, torna-se complicado para muitas famílias. "Casais que não se preocuparam antecipadamente com o encarecimento da formação dos filhos sentirão, mais para a frente, uma pressão muito forte sobre o orçamento familiar", alerta Gustavo Cerbasi, autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos".
Se começar no segundo ciclo, aos 10 anos da criança, precisará de 205 euros mensais. No terceiro ciclo, aos 12 anos, a poupança mensal tem de ultrapassar os 250 euros. Se o seu descendente já está na adolescência e ainda não começou a preparar as suas finanças para o ensino superior, então comece já a poupar o máximo que puder. Cerbasi avisa que a chamada crise da meia-idade se deve muito ao facto de os pais deixarem de gastar para si para pagarem os estudos dos filhos, o que pode ser completamente evitado com algum planeamento.
É difícil investir pelos filhos
Quando querem poupar para os estudos dos filhos, os portugueses preferem constituir contas de poupança ou depósitos a prazo sucessivos, indicam vários funcionários bancários quando questionados pelo Negócios. Apesar de poder fazer sentido em planos de aforro de curto prazo, é uma solução pouco rentável para quem ainda tem muitos anos pela frente para poupar, porque, actualmente, a rendibilidade média é inferior a 1% por ano.
A alternativa é investir num cabaz de fundos. Os especialistas sugerem uma carteira de fundos de acções e de fundos de obrigações, que, à medida que se aproximar a ida para a universidade, deverá estar mais exposta ao mercado obrigacionista. Assim, se o seu filho é recém-nascido, poupe tudo em fundos de acções. Na entrada no ensino básico, comece a dividir a poupança mensal entre fundos de acções e fundos de obrigações. Na adolescência, o dinheiro em acções deve começar a ser transferido progressivamente para as obrigações. Quando o seu descendente entrar na universidade não deve ter dinheiro no mercado accionista.
Na selecção de fundos, siga as regras de sempre: procure comissões baixas e rendibilidades históricas superiores à média dos concorrentes. Além disso, há outra restrição que deve ter em conta: o mínimo de subscrição. Se planeia começar cedo, então necessita de fundos cuja subscrição mínima não ultrapasse os 100 euros. Nem todas as instituições financeiras têm produtos que satisfaçam esta condição.
Embora não cumpra o requisito da aplicação mínima reduzida, a sociedade gestora Fidelity propõe um grupo de fundos para facilitar o trabalho de poupança aos pais. Os fundos Fidelity Target começam por ser fundos de acções, mas, à medida que o prazo de maturidade se aproxima, os gestores fazem a transferência para o mercado obrigacionista por si. No final do prazo, são simplesmente fundos de tesouraria. Há vários prazos que podem interessar aos pais, de 2015 a 2030 em intervalos de cinco anos. Estes produtos são comercializados pelo ActivoBank, pelo Banco Best, pelo Banco de Investimento Global, pelo Deutsche Bank e pelo Millennium bcp.
As poupanças para a universidade deveriam ser realizadas numa conta em nome do seu filho. Assim, poderia divulgar o número de conta junto dos familiares e amigos para o ajudarem a poupar para a universidade. Porém, nem todos os bancos nacionais deixam que abra uma conta para o seu filho para subscrever fundos de investimento, mesmo que seja o seu representante legal. No limite, terá de fazer a poupança na sua própria conta bancária.
Escolhidos a dedo
Estes fundos de investimento têm boa classificação pelos especialistas de avaliação da Morningstar. Excluindo os produtos da Fidelity, todos exigem aplicações mínimas bastante baixas.
Fonte: APFIPP, CMVM, Morningstar, entidades gestoras e comercializadoras. Rendibilidade líquida de impostos. 27 de Abril de 2010
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