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Oito razões para dizer "vender"
Abandonar um investimento é algo que não deve ser feito de ânimo leve. Mas, se tiver um destas motivos, não evite a decisão.
13 de Janeiro de 2011 às 08:33
Comprar é mais fácil do que vender. Encontrar boas razões para adquirir uma acção ou um fundo de investimento não é difícil: o humor positivo do mercado pode contagiá-lo, os rumores podem exercer as suas pressões, as suas estimativas apontam para uma valorização clara clara ou simplesmente gosta do activo. Contudo, vender é diferente.
Antes de tomar a decisão de vender recorde o que o levou a subscrever o instrumento financeiro. Se estava tão confiante inicialmente, porque já não está? Pense bem, mas se decidir vender não olhe para trás.
O Negócios ajuda-o a decidir enumerando os oito principais motivos que o devem levar à venda.
1. Precisa de socorro
Quando se necessita realmente de dinheiro, não há qualquer activo que resista. Este é o principal motivo que leva os investidores a dizer adeus às suas acções, fundos de investimento e outros instrumentos financeiros. É uma razão válida para vender, mas não devia ser assim: antes de serem investidores, todos as pessoas deviam ser aforradores e constituir algum tipo de fundo de emergência. Uma das primeiras regras básicas de finanças pessoais é ter um pé-de-meia que combata qualquer necessidade financeira não prevista. Normalmente, os gurus aconselham a ter o equivalente a seis meses de despesas fixas da família, de modo a que nunca se recorra aos investimentos de médio e de longo prazo quando surge um imprevisto.
Antes de tomar a decisão de vender recorde o que o levou a subscrever o instrumento financeiro. Se estava tão confiante inicialmente, porque já não está? Pense bem, mas se decidir vender não olhe para trás.
1. Precisa de socorro
Quando se necessita realmente de dinheiro, não há qualquer activo que resista. Este é o principal motivo que leva os investidores a dizer adeus às suas acções, fundos de investimento e outros instrumentos financeiros. É uma razão válida para vender, mas não devia ser assim: antes de serem investidores, todos as pessoas deviam ser aforradores e constituir algum tipo de fundo de emergência. Uma das primeiras regras básicas de finanças pessoais é ter um pé-de-meia que combata qualquer necessidade financeira não prevista. Normalmente, os gurus aconselham a ter o equivalente a seis meses de despesas fixas da família, de modo a que nunca se recorra aos investimentos de médio e de longo prazo quando surge um imprevisto.
2. Chegou o Dia D das suas poupanças
É conveniente saber à priori para o que se está a poupar. Não faz muito sentido entrar numa corrida se não se sabe onde é a meta. Corre-se o risco de fatiga sem saber porquê. Nos investimentos acontece o mesmo: por que está a poupar? Pode ser para a reforma ou para as férias dentro de um mês. O que importa é saber que quando chegar à meta venderá esse património, seja ele o casamento, a educação de um filho ou a compra de um carro, explica Gonçalo Gomes, da direcção de marketing do ActivoBank.
3. O bolso encheu como previsto
Em alternativa a estimar a data-objectivo, os investidores podem calcular quando querem ganhar antes de abandonarem os seus instrumentos financeiros. "A definição de quais são os objectivos que se pretendem alcançar com esse investimento" é fundamental na análise inicial do investimento, avisa Diogo Serras Lopes, director de investimentos do Banco Best. Quando a aplicação atinge essa barreira "pode ser um sinal relevante" para a venda.
Pedro Queiroga Carrilho, que, no seu livro "Descubra o Milionário Que Há em Si", aconselha os portugueses a aumentarem os rendimentos através de outras fontes como os investimentos, diz que no seu caso pessoal é habitual definir à partida quanto quer ganhar. "Acaba por ser uma gestão matemática e o mais mecânica possível das mais-valias", avança o autor.
4. Cortar o mal pela raiz
Errar é humano. Até os maiores gurus tropeçam nas suas apostas bolsistas. "Comprei um grande volume de acções da Conoco-Phillips [a quinta maior petrolífera mundial] quando o petróleo e o gás estavam perto do seu pico. Não antecipei a queda dramática dos preços energéticos que aconteceram na segunda metade" de 2008, escreveu Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo, no relatório anual da Berkshire Hathaway, a sociedade de investimento que dirige. Buffett acabou por dar a ordem de venda de grande parte da sua participação, registando um pesado prejuízo.
Nem sempre as apostas financeiras correm como planeado e é preciso ter isso em conta. Quando se percebe que não há volta à dar às perdas mais vale assumi-las, optando por vender. Nos seus investimentos, Pedro Queiroga Carrilho define "stop-losses", isto é, as perdas máximas a que está disposto a registar. Além disso, segue outra regra: sair do mercado se perder 10 por cento do total da carteira.
5. Mudam as regras
Quando se investe fazem-se algumas assumpções, nem que seja que as regras-base não mudarão. Porém, às vezes mudam: foi o que aconteceu com as mudanças pelo Governo no sistema de tributação das mais-valias. Face ao agravamento fiscal, muitos investidores desistiram das suas acções, vendendo-as, e optaram por apostar através de fundos de investimento, cuja fiscalidade se manteve.
As alterações que podem conduzir a uma venda também pode ser ao nível do produto de investimento. Em Novembro de 2008, o Finibond Mercados Emergentes, que até então era um fundo de obrigações de mercados emergentes, passou a investir noutros instrumentos financeiros, como acções. Os aforradores que queriam realmente ter uma exposição às obrigações dos mercados emergentes alienaram a participação no fundo, que se chama agora Finifundo Mercados Emergente.
6. O caso muda de figura
Em Agosto de 2000, a gestão do fundo Postal Capitalização passou da Mello Activos Financeiros para a Caixagest. Os investidores atentos verificaram que os fundos de obrigações de taxa indexada da Caixagest não ganharam mais de 0,7 por cento nos 12 meses anteriores, enquanto o Postal Capitalização valorizou 1,6 por cento. Os que mudaram talvez não se tenham arrependido: no último ano, o Postal Capitalização perdeu 3,3 por cento enquanto os restantes fundos de obrigações de taxa variável que não são geridos pela Caixagest ganharam 1,7 por cento. "Caso um fundo tenha sido escolhido devido à experiência e resultados anteriormente obtidos pelo seu gestor, numa eventual alteração do mesmo o investidor deverá analisar a nova equipa de gestão e até que ponto a mesma tem capacidade para dar continuidade à estratégia e posicionamento do fundo", avisa Gonçalo Gomes, do ActivoBank.
7. O equilíbrio é o segredo do negócio
Numa carteira diversificada, há medida que o tempo passa a alocação dos vários instrumentos financeiros é quebrada. Um aforrador que tenha aplicado metade do seu património há um ano num fundo de acções nacionais e metade num fundo de acções norte-americanas, hoje terá aproximadamente 60 por cento do seu dinheiro em acções dos EUA e 40 por cento em acções de Portugal. Isto aconteceu porque os fundos de títulos norte-americanos valorizaram cerca de 20 por cento, enquanto os expostos à bolsa nacionais caíram cerca de 20 por cento. Para retornar à alocação desejada, o investidor terá de vender parte da participação no fundo de acções norte-americanas para reforçar no fundo de acções portuguesas.
A estratégia de manter a alocação estável dá frutos, porque muitas vezes vende-se os activos que valorizaram em excesso para comprar os que estão temporariamente deprimidos. Foi o que aconteceu com o Alves Ribeiro PPR, quando rendeu mais de 30 por cento em 2009. "À medida que a dívida pública ia ganhando peso no total da carteira, fomos vendendo dívida pública e comprando os activos com risco. (...) Em 2009, quando os activos com risco recuperaram, nós tínhamos feito compras a preços bastante interessantes", explicou Paulo Monteiro, o responsável pelo Alves Ribeiro PPR, ao Negócios no final de Setembro.
8. Quando há pouca pujança
Na indústria de fundos não é muito difícil verificar que um determinado produto tem um desempenho de curto prazo insatisfatório. No entanto, a performance deve ser avaliada num período suficientemente longo, aconselha Gonçalo Gomes, da direcção de marketing do ActivoBank. "Contudo, se depois de considerados todos os factores, se conclui que não existem perspectivas de recuperação, uma opção possível é o resgate do fundo", remata.
Nos títulos cotados é mais complicado verificar a falta de perspectivas futuras. No mercado accionista, por exemplo, é preciso ter em conta vários factores, como a administração, o mercado, os produtos lançados e a concorrência. Certo é que muitos investidores deixam passar oportunidades de venda. De certeza que surgiram muitas nas acções do Banco Comercial Português desde o Verão de 2007, enquanto os títulos desvalorizavam mais de 80 por cento.
Dez fundos que merecem ser vendidos
Um "rating" independente ajuda a clarificar se está na hora de resgatar o seu fundo de investimento.
Quando analisa o desempenho da sua carteira de fundos de investimento junto do seu intermediário financeiro é difícil deslindar se os gestores dos produtos estão a trabalhar bem. O padrão do sector bancário é não lhe fornecerem qualquer indicador comparativo para saber se a rendibilidade e a volatilidade dos seus fundos são positivas. Se sente falta dessa informação, socorra-se junto de um especialista independente. São vários as empresas neste ramo, mas Morningstar, a Lipper e a Standard & Poor's são as mais conhecidas. No sítio do Negócios pode consultar os "ratings" da Morningstar.
Os fundos que têm políticas de investimento aproximadas são agrupados e as suas estatísticas de rendibilidade e de volatilidade são cruzadas para gerar os "ratings". A Morningstar classifica os fundos de investimento com estrelas: apenas uma para os piores produtos até cinco estrelas para os melhores.
Através dos "ratings" da Morningstar, o Negócios encontrou dez fundos de investimento populares entre os portugueses que não o deviam ser. A Morningstar atribui uma estrela a cada um destes fundos de mais de 50 milhões de euros. O Santander Multiobrigações, o quinto maior fundo mobiliário português é um deles. As estatísticas compiladas pela agência de "rating" mostram que o fundo tem apresentado rendibilidades abaixo da média dos seus concorrentes mas uma volatilidade superior.