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Matérias-primas - Mais um ano a brilhar
A única grande classe de activos cujos fundamentais continuam a melhorar e onde é mais provável ganhar muito dinheiro, quer a economia cresça ou retroceda, é a das matérias-primas". É esta a opinião de Jim Rogers, que previu o início do...
Em 2010, os metais industriais e preciosos, bem como alguns cereais e oleaginosas, serão as matérias-primas que mais subirão, segundo as previsões
“A única grande classe de activos cujos fundamentais continuam a melhorar e onde é mais provável ganhar muito dinheiro, quer a economia cresça ou retroceda, é a das matérias-primas”.
É esta a opinião de Jim Rogers, presidente da Rogers Holdings, acompanhada pelas principais casas de investimento. Os metais industriais e preciosos recolhem unanimidade: vão ser as estrelas de 2010.
Rogers, que previu o início do movimento altista das “commodities” em 1999, considera que as matérias-primas são a única classe de activos onde os investidores devem aplicar bastante dinheiro, pois o crescimento na China e a procura de investimentos alternativos continarão a sustentar os seus preços.
Mas as matérias-primas não são todas iguais. E se bem que os preços da grande maioria devam continuar a subir em 2010, segundo as previsões, o certo é que algumas deverão perder fôlego. É o caso do gás natural, trigo, alumínio e níquel.
O níquel e o alumínio poderão ser as duas excepções à forte escalada que se estima para os metais industriais. O que não quer dizer que não ganhem terreno. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, todos os mercados de metais assistirão a subidas de preços em 2010, “mesmo aqueles que estão com uma oferta excessiva, como é o caso do alumínio”. Isto porque a esperada retoma económica favorece todos os metais.
Mas o UBS estima que o alumínio e o aço não devam ser tão beneficiados em 2010 como o níquel, zinco ou ouro, devido ao excesso de oferta. O Bank of America referiu, por seu lado, que os recentes anúncios de retomas de produção deverão manter o mercado do alumínio estruturalmente fraco.
O Barclays Capital (BarCap) é da mesma opinião, considerando que o alumínio deverá fixar-se num preço médio de 1.885 dólares por tonelada, contra 2.037 dólares actualmente. Isto porque as reservas estão muito elevadas, havendo alumínio suficiente para construir 69.000 jumbos Boeing 747, salientou Peter Sorrentino, gestor da Huntington Asset Advisors, citado pela Bloomberg.
Cobre em destaque
Contudo, o grande destaque do grupo dos metais de base deverá ser o cobre, na opinião do Goldman Sachs, do Barclays Capital e do Macquarie Bank, por conta da menor produção deste metal. O banco australiano coloca o preço do cobre em 2010/11 nos 3,25-3,40 dólares por libra-peso (7.166-7.500 dólares por tonelada), o Goldman aponta para cotações acima dos 8.100 dólares/tonelada em 2010 e 2011.
O zinco também deverá ter um bom desempenho. O Goldman estima que este metal não-ferroso supere os 2.600 dólares por tonelada em 2010 e que exceda os 2.900 dólares no final de 2011.
Metais preciosos prosseguem alta
No que diz respeito aos metais preciosos, o ouro, que recentemente atingiu sucessivos máximos históricos e que marca em 2009 o seu nono ano consecutivo de ganhos, deverá continuar a subir. São estes os prognósticos de muitas casas de investimento, como a Kotak Commodity Services, Goldman Sachs, Société Générale, Crédit Suisse, Macquarie Group, Standard Chartered ou Superfund.
O Goldman diz que o ouro deverá manter-se em alta, com um preço médio de 1.265 dólares por onça no próximo ano e de 1.425 dólares no ano seguinte, mas aponta para o risco de este metal perder impulso se os EUA subirem juros, já que diminuem os receios de pressão inflacionista que costumam tornar o ouro muito atractivo. Mas a Fed garantiu na semana passada que os juros deverão continuar baixos “por um período alargado”.
A Société Générale sublinha que o ouro poderá subir para 1.500 dólares por onça em meados de 2010 devido aos receios de que a inflação acelere e devido às compras de bancos centrais asiáticos.
O Mcquarie Group reviu na semana passada em alta de 14% as suas estimativas para o metal amarelo no próximo ano, para 1.150 dólares por onça. Por seu lado, o Crédit Suisse e o Newmont Mining Group salientam o momento “muito positivo” para o ouro, devido à queda do dólar e à retoma da procura por parte dos investidores.
Jim Rogers, por seu lado, prevê que as cotações do ouro estejam em torno dos 2.000 dólares dentro de uma década.
Mas há os cépticos do ouro. Caso da Bonanza Commodity Brokers e do Barclays Capital. Este último sublinhou que o metal amarelo deverá situar-se entre 950 e 1.000 dólares por onça, por força de uma previsível valorização do dólar, depois de recentemente ter chegado aos 1.130 dólares.
Ainda dentro dos metais preciosos, a prata, paládio e platina também receberam previsões de subida em 2010. O Mcquarie estima que a prata atinja uma média de 18 dólares por onça, ao passo que o paládio poderá ficar nos 338 dólares por onça e a platina nos 1.413 dólares. O ródio, por sua vez, poderá disparar para 3.000 dólares por onça.
Petróleo subirá pouco
E quanto ao petróleo? O Goldman Sachs prevê que o West Texas Intermediate, crude de referência dos EUA, atinja um preço médio de 90 dólares por barril em 2010, com uma subida mais expressiva em finais do ano, que continuará em 2011 para uma média de 100 dólares por barril, com a procura dos mercados em desenvolvimento a esgotar a capacidade extra de produção.
Já o BarCap considera que o petróleo não deverá voltar aos picos de 2008, uma vez que os produtores dispõem de suficiente capacidade extra se for preciso. No entanto, as cotações deverão manter-se elevadas e atingir uma média de 85 dólares no próximo ano, referem os analistas do BarCap.
Os analistas do JPMorgan colocam o petróleo num preço médio de 78,25 dólares em 2010 e de 90 dólares no ano seguinte. Previsões mais optimistas tem a Société Générale, que fixa a média das cotações no próximo ano em 88,75 dólares por barril.
"Commodities" agrícolas podem encarecer
As matérias-primas agrícolas estão também em destaque, com excepção do trigo. Para alguns cereais, o BarCap prevê uma tendência altista, devido a sinais de aumento da procura e de inventários “extremamente baixos”. O Goldman Sachs tem o mesmo ponto de vista, salientando que as condições atmosféricas continuam a ser o maior impulsionador das matérias-primas agrícolas.
O açúcar distingue-se, com o JPMorgan a referir que que a oferta mundial vai manter-se “apertada” na primeira metade de 2010, levando a que as cotações possam valorizar 25%. Na semana passada, este produto atingiu o nível mais alto desde Fevereiro de 1981 e este ano o preço já mais do que duplicou.
As previsões de menor produção também para o leite e arroz são boas notícias para os investidores, apesar de não o serem para os consumidores. Prevê-se, aliás, um forte encarecimento dos preços dos alimentos em 2010. O arroz, por exemplo, pode disparar para valores acima dos 1.000 dólares por tonelada devido à seca provocada pelo fenómeno climatérico El Niño, segundo a Asia Golden Rice.
“As ‘commodities’ agrícolas serão um fantástico investimento nos próximos três a cinco anos”, referiu um gestor de investimentos estratégicos da DB Advisors (pertencente ao Deutsche Bank), Oliver Kratz, citado pela Bloomberg.
O governo norte-americano diz que o leite em pó magro poderá escalar 39% no próximo ano, para uma média de 1,275 dólares por libra-peso. O leite processado e o queijo deverão encarecer 31% e 28%, respectivamente, nos mercados, segundo a mesma fonte. O Westpac Banking, segundo maior banco da Austrália, projecta que os preços do leite em pó subam mais de 20% no próximo ano, ultrapassando os 4.000 dólares por tonelada.
Estima-se igualmente uma subida para o milho e para oleaginosas como a soja e o óleo de palma. O Goldman diz que os preços destes dois produtos deverão disparar até 2011. Segundo esta casa de investimento - que prevê uma menor subida do gás natural, níquel, trigo e alumínio, ao passo que estima um maior potencial de subida para o cobre, zinco, platina, petróleo e soja -, o milho deverá atingir um preço médio de 4,75 dólares por alqueire em 2010 e de 5 dólares em 2011. A soja, por seu lado, poderá alcançar os 11 dólares por alqueire nos próximos 12 meses e os 12 dólares em 2011.
Já o óleo de palma, segundo a Godrej International, poderá disparar para 3.000 ringgits (882 dólares) por tonelada em Março do próximo ano.
De acordo com as estimativas da FAO, a produção de alimentos terá de aumentar 70% nas próximas quatro décadas devido ao aumento da população dos actuais 6,8 mil milhões de pessoas para 9,1 mil milhões em 2050.
É esta a opinião de Jim Rogers, presidente da Rogers Holdings, acompanhada pelas principais casas de investimento. Os metais industriais e preciosos recolhem unanimidade: vão ser as estrelas de 2010.
Rogers, que previu o início do movimento altista das “commodities” em 1999, considera que as matérias-primas são a única classe de activos onde os investidores devem aplicar bastante dinheiro, pois o crescimento na China e a procura de investimentos alternativos continarão a sustentar os seus preços.
Mas as matérias-primas não são todas iguais. E se bem que os preços da grande maioria devam continuar a subir em 2010, segundo as previsões, o certo é que algumas deverão perder fôlego. É o caso do gás natural, trigo, alumínio e níquel.
O níquel e o alumínio poderão ser as duas excepções à forte escalada que se estima para os metais industriais. O que não quer dizer que não ganhem terreno. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, todos os mercados de metais assistirão a subidas de preços em 2010, “mesmo aqueles que estão com uma oferta excessiva, como é o caso do alumínio”. Isto porque a esperada retoma económica favorece todos os metais.
Mas o UBS estima que o alumínio e o aço não devam ser tão beneficiados em 2010 como o níquel, zinco ou ouro, devido ao excesso de oferta. O Bank of America referiu, por seu lado, que os recentes anúncios de retomas de produção deverão manter o mercado do alumínio estruturalmente fraco.
O Barclays Capital (BarCap) é da mesma opinião, considerando que o alumínio deverá fixar-se num preço médio de 1.885 dólares por tonelada, contra 2.037 dólares actualmente. Isto porque as reservas estão muito elevadas, havendo alumínio suficiente para construir 69.000 jumbos Boeing 747, salientou Peter Sorrentino, gestor da Huntington Asset Advisors, citado pela Bloomberg.
Cobre em destaque
Contudo, o grande destaque do grupo dos metais de base deverá ser o cobre, na opinião do Goldman Sachs, do Barclays Capital e do Macquarie Bank, por conta da menor produção deste metal. O banco australiano coloca o preço do cobre em 2010/11 nos 3,25-3,40 dólares por libra-peso (7.166-7.500 dólares por tonelada), o Goldman aponta para cotações acima dos 8.100 dólares/tonelada em 2010 e 2011.
O zinco também deverá ter um bom desempenho. O Goldman estima que este metal não-ferroso supere os 2.600 dólares por tonelada em 2010 e que exceda os 2.900 dólares no final de 2011.
Metais preciosos prosseguem alta
No que diz respeito aos metais preciosos, o ouro, que recentemente atingiu sucessivos máximos históricos e que marca em 2009 o seu nono ano consecutivo de ganhos, deverá continuar a subir. São estes os prognósticos de muitas casas de investimento, como a Kotak Commodity Services, Goldman Sachs, Société Générale, Crédit Suisse, Macquarie Group, Standard Chartered ou Superfund.
O Goldman diz que o ouro deverá manter-se em alta, com um preço médio de 1.265 dólares por onça no próximo ano e de 1.425 dólares no ano seguinte, mas aponta para o risco de este metal perder impulso se os EUA subirem juros, já que diminuem os receios de pressão inflacionista que costumam tornar o ouro muito atractivo. Mas a Fed garantiu na semana passada que os juros deverão continuar baixos “por um período alargado”.
A Société Générale sublinha que o ouro poderá subir para 1.500 dólares por onça em meados de 2010 devido aos receios de que a inflação acelere e devido às compras de bancos centrais asiáticos.
O Mcquarie Group reviu na semana passada em alta de 14% as suas estimativas para o metal amarelo no próximo ano, para 1.150 dólares por onça. Por seu lado, o Crédit Suisse e o Newmont Mining Group salientam o momento “muito positivo” para o ouro, devido à queda do dólar e à retoma da procura por parte dos investidores.
Jim Rogers, por seu lado, prevê que as cotações do ouro estejam em torno dos 2.000 dólares dentro de uma década.
Mas há os cépticos do ouro. Caso da Bonanza Commodity Brokers e do Barclays Capital. Este último sublinhou que o metal amarelo deverá situar-se entre 950 e 1.000 dólares por onça, por força de uma previsível valorização do dólar, depois de recentemente ter chegado aos 1.130 dólares.
Ainda dentro dos metais preciosos, a prata, paládio e platina também receberam previsões de subida em 2010. O Mcquarie estima que a prata atinja uma média de 18 dólares por onça, ao passo que o paládio poderá ficar nos 338 dólares por onça e a platina nos 1.413 dólares. O ródio, por sua vez, poderá disparar para 3.000 dólares por onça.
Petróleo subirá pouco
E quanto ao petróleo? O Goldman Sachs prevê que o West Texas Intermediate, crude de referência dos EUA, atinja um preço médio de 90 dólares por barril em 2010, com uma subida mais expressiva em finais do ano, que continuará em 2011 para uma média de 100 dólares por barril, com a procura dos mercados em desenvolvimento a esgotar a capacidade extra de produção.
Já o BarCap considera que o petróleo não deverá voltar aos picos de 2008, uma vez que os produtores dispõem de suficiente capacidade extra se for preciso. No entanto, as cotações deverão manter-se elevadas e atingir uma média de 85 dólares no próximo ano, referem os analistas do BarCap.
Os analistas do JPMorgan colocam o petróleo num preço médio de 78,25 dólares em 2010 e de 90 dólares no ano seguinte. Previsões mais optimistas tem a Société Générale, que fixa a média das cotações no próximo ano em 88,75 dólares por barril.
"Commodities" agrícolas podem encarecer
As matérias-primas agrícolas estão também em destaque, com excepção do trigo. Para alguns cereais, o BarCap prevê uma tendência altista, devido a sinais de aumento da procura e de inventários “extremamente baixos”. O Goldman Sachs tem o mesmo ponto de vista, salientando que as condições atmosféricas continuam a ser o maior impulsionador das matérias-primas agrícolas.
O açúcar distingue-se, com o JPMorgan a referir que que a oferta mundial vai manter-se “apertada” na primeira metade de 2010, levando a que as cotações possam valorizar 25%. Na semana passada, este produto atingiu o nível mais alto desde Fevereiro de 1981 e este ano o preço já mais do que duplicou.
As previsões de menor produção também para o leite e arroz são boas notícias para os investidores, apesar de não o serem para os consumidores. Prevê-se, aliás, um forte encarecimento dos preços dos alimentos em 2010. O arroz, por exemplo, pode disparar para valores acima dos 1.000 dólares por tonelada devido à seca provocada pelo fenómeno climatérico El Niño, segundo a Asia Golden Rice.
“As ‘commodities’ agrícolas serão um fantástico investimento nos próximos três a cinco anos”, referiu um gestor de investimentos estratégicos da DB Advisors (pertencente ao Deutsche Bank), Oliver Kratz, citado pela Bloomberg.
O governo norte-americano diz que o leite em pó magro poderá escalar 39% no próximo ano, para uma média de 1,275 dólares por libra-peso. O leite processado e o queijo deverão encarecer 31% e 28%, respectivamente, nos mercados, segundo a mesma fonte. O Westpac Banking, segundo maior banco da Austrália, projecta que os preços do leite em pó subam mais de 20% no próximo ano, ultrapassando os 4.000 dólares por tonelada.
Estima-se igualmente uma subida para o milho e para oleaginosas como a soja e o óleo de palma. O Goldman diz que os preços destes dois produtos deverão disparar até 2011. Segundo esta casa de investimento - que prevê uma menor subida do gás natural, níquel, trigo e alumínio, ao passo que estima um maior potencial de subida para o cobre, zinco, platina, petróleo e soja -, o milho deverá atingir um preço médio de 4,75 dólares por alqueire em 2010 e de 5 dólares em 2011. A soja, por seu lado, poderá alcançar os 11 dólares por alqueire nos próximos 12 meses e os 12 dólares em 2011.
Já o óleo de palma, segundo a Godrej International, poderá disparar para 3.000 ringgits (882 dólares) por tonelada em Março do próximo ano.
De acordo com as estimativas da FAO, a produção de alimentos terá de aumentar 70% nas próximas quatro décadas devido ao aumento da população dos actuais 6,8 mil milhões de pessoas para 9,1 mil milhões em 2050.