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Mariana Mortágua diz que Portugal já não tem primeiro-ministro

A líder bloquista considera que Luís Montenegro escolheu "a sua empresa e os seus interesses" e não tem condições para continuar a chefiar o executivo, optando pela "vitimização constante" e por uma "fuga para as eleições".

Gregório Cunha / Lusa-EPA
16:28
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A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, disse este domingo que o país já não tem primeiro-ministro, afirmando que Luís Montenegro escolheu a sua empresa e os seus interesses e perdeu a legitimidade.

"A notícia que vos trago do continente é que já não temos primeiro-ministro. Temos um político a lutar pela sua sobrevivência, temos um político a lutar pelo poder político", afirmou Mariana Mortágua, considerando que o PSD nacional, tal como na Madeira, "governa para os interesses imobiliários e contra o povo".

Mariana Mortágua falava para dezenas de militantes e apoiantes da candidatura do Bloco de Esquerda às eleições antecipadas de 23 de março na Madeira, encabeçada por Roberto Almada, no decurso de um almoço-comício no concelho de Câmara de Lobos, no primeiro dia da campanha oficial.

Antes de abordar o cenário regional, a líder bloquista analisou a atual crise política nacional, com debate na próxima terça-feira de uma moção de confiança apresentada pelo Governo minoritário PSD/CDS-PP, que tem chumbo anunciado, já que PS e Chega não a viabilizarão.

A crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

"Nós já não temos um primeiro-ministro, porque esse primeiro-ministro perdeu a sua legitimidade. Ninguém a tirou, ninguém a roubou, ele perdeu-a sozinho e não há mais ninguém, não há mais uma alma que possa ser responsabilizada por isso, que não o próprio primeiro-ministro", disse Mariana Mortágua.

A líder bloquista considera que Luís Montenegro escolheu "a sua empresa e os seus interesses" e não tem condições para continuar a chefiar o executivo, optando pela "vitimização constante" e por uma "fuga para as eleições".

"A moção de confiança é uma escolha do primeiro-ministro para uma fuga para a frente", disse, para logo reforçar: "As eleições são uma escolha do primeiro-ministro para uma fuga para frente e só há uma razão para isso: é que o primeiro-ministro não é primeiro-ministro. Luís Montenegro não é primeiro-ministro, Luís Montenegro é um político a lutar pela sobrevivência e a arrastar o país na sua luta pelo poder."

Marina Mortágua apresentou, depois, as razões que levam o partido a votar contra a moção de confiança, sendo a primeira o facto de não confiarem no primeiro-ministro e a segunda por considerarem que "o Governo olha para o país com os olhos de uma grande empresa".

"Isto não quer dizer que seja crime, mas é errado politicamente", afirmou.

Mariana Mortágua considerou que a governação social-democrata valoriza o lucro e não se preocupa com os aspetos sociais, dando como exemplo o elevado preço das casas, em particular no Funchal.

"Nós sabemos uma coisa sobre o PSD, é que governa para os interesses imobiliários e contra o povo", afirmou, considerando que a situação é mais grave ao nível do PSD regional.

"No caso do PSD/Madeira, vai para além disso. Ainda é pior que isso, ultrapassa todos os limites, porque o PSD/Madeira não governa só com os olhos dos interesses imobiliários. Governa com as mãos dos interesses imobiliários", disse, afirmando que o executivo regional canaliza "dinheiro que é dos madeirenses" para contratos com grandes empresas.

O Bloco perdeu o deputado único que tinha na Assembleia Legislativa da Madeira nas eleições antecipadas de 26 de maio de 2024.

As regionais do próximo dia 23, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.

As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.

O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).

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