Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Fundos de que os gestores de fundos gostam

Uma das regras-base dos investimentos consiste em ouvir muita gente antes de decidir. Quantas mais opiniões ouvir, melhor será a sua decisão. Isso não quer dizer que deve seguir tudo o que se diz. Pelo contrário: o seu...

11 de Junho de 2009 às 22:03
  • ...

Se fizer uma sondagem junto dos gestores portugueses sobre os melhores fundos para comprar, eles respondem que são os deles. Depois, dizem que os fundos cotados são a melhor escolha.


Uma das regras-base dos investimentos consiste em ouvir muita gente antes de decidir. Quantas mais opiniões ouvir, melhor será a sua decisão. Isso não quer dizer que deve seguir tudo o que se diz. Pelo contrário: o seu investimento pode ser oposto a tudo o que ouvir.

Um bom investidor é aquele que sabe filtrar. Seguindo esse princípio, não seria bom se pudesse perguntar aos gestores de fundos sobre os melhores produtos para colocar o seu dinheiro? A resposta seria, provavelmente, os fundos que gerem. Porém, se tivessem de apontar uma alternativa, os fundos cotados, que são bastante mais baratos, seriam uma sugestão frequente entre os especialistas.

Reduza as comissões para um terço
Faça como os gestores profissionais e reduza os custos dos seus fundos.


Não é por acaso que os fundos cotados (também conhecidos por "exchange-traded funds", ETF ou "trackers") são um sucesso junto dos gestores profissionais. São muito mais baratos do que os fundos tradicionais, especialmente se se investir vários milhares de euros.

Enquanto os fundos de acções tradicionais cobram, em média, uma comissão de gestão anual de 1,85%, os fundos cotados de acções exigem 0,55%. No caso dos produtos de obrigações, a média dos fundos tradicionais distribuídos pelos bancos portugueses é de 0,90%, enquanto os fundos cotados satisfazem-se com 0,24%.

A passividade e a dimensão são as razões por que cobram comissões tão baixas. Normalmente, os fundos cotados replicam um índice, logo não precisam de gastar dinheiro em especialistas que avaliem os activos, nem estão sempre a comprar e a vender títulos. Além disso, os grandes portefólios permitem economias de escala. Por exemplo, a comissão anual de gestão do SPDR, um dos ETF mais popular no mundo, que replica o índice norte-americano Standard & Poor's 500, é de 0,09 por cento dos activos.

Apesar de serem mais baratos, os investidores têm de contabilizar um custo extraordinário: comissões de bolsa. Como são comprados e vendidos como se fossem acções, é preciso um intermediário financeiro para realizar a operação, o que significa que é preciso pagar comissões de negociação, de distribuição de dividendos e de guarda de títulos. Contudo, o peso desses custos pode ser minimizado aplicando 3.000 euros ou mais de cada vez.

Se estiver interessado, procure o intermediário financeiro mais barato. Os bancos que operam maioritariamente pela Internet são os principais candidatos, porque são mais baratos para os pequenos investidores e porque já incluem os fundos cotados nas suas listas pré-definidas.

Como dificilmente os gestores de fundos estão autorizados a revelar quais são os melhores produtos do mercado, o Negócios não fez a pergunta directamente. Em vez disso, foi analisar as suas carteiras. Além de acções, obrigações e tesouraria, os gestores de activos também compram fundos para as carteiras dos fundos que gerem.

É através dessas compras que é possível desvendar quais os fundos de investimento preferidos dos gestores de fundos portugueses. Porém, há um problema a eliminar antes de analisar os cestos: as sociedades gestoras tendem a comprar os seus próprios fundos para a composição de outros fundos. Porquê? Porque só desse modo conseguem cobrar comissões duas vezes. Para confiar nos dados é preciso cancelar esse efeito.

Fundos cotados são os mais populares
A selecção dos fundos preferidos dos gestores portugueses foi feita em dois passos. Em primeiro lugar, os portefólios publicados no início de Maio por todos os fundos de fundos geridos em território nacional foram compilados numa única lista. Esses produtos têm uma carteira global de 520 milhões de euros. Em segundo lugar, foram eliminados os fundos geridos no seio da mesma sociedade gestora que os comprou. Se isso não fosse feito, o fundo mais popular seria o Millennium Obrigações, um produto de risco médio-baixo que desvalorizou mais de 22% no último ano. Essa primeira posição é explicada pelo facto de a sociedade gestora do Millennium bcp ser a que tem os maiores fundos de fundos.

Resultado: se não pudessem comprar os seus próprios fundos, os gestores de fundos viveriam, quase exclusivamente, de fundos cotados. Os fundos cotados (vulgarmente conhecidos por ETF) são semelhantes aos tradicionais só que são comprados e vendidos numa bolsa de valores. Além disso, são muito mais baratos, algo que qualquer investidor deve procurar.





Conheça os oito favoritos


iShares € Corporate Bond

Indexante: iBoxx Euro Liquid Corporates
Comissão de gestão: 0,20%
Activos: 2.270 milhões de euros
Código Euronext Amesterdão: IBXLQ
Principais activos: Obrigações de Royal Bank of Canada, BNP Paribas, GlaxoSmithKline
Internet: www.ishares.eu

Os gestores de fundos portugueses têm mais de 46 milhões de euros aplicados no iShares € Corporate Bond, o que, apesar de ser muito no universo da gestão de activos nacional, representa cerca de 2% dos activos deste fundo cotado. A filosofia deste produto é investir nas mais líquidas emissões obrigacionistas de empresas em euros, o que não quer dizer que todos os títulos no portefólio são de sociedades europeias. Aliás, o maior investimento do iShares € Corporate Bond são títulos do Royal Bank of Canada, que oferecem um cupão anual de 5,75% e se vencem em Julho de 2011. Para a carteira só entram emissões com "rating" superior a triplo B, afastando os títulos mais arriscados do mercado.

Como se concentra apenas em emissões de empresas, a taxa de cupão média dos títulos adquiridos pelo fundo é de 5,28%, bastante acima das dos produtos que só investem em emissões de dívida pública. Apesar da crise financeira internacional, essa taxa de cupão garante actualmente a quem comprar este fundo cotado uma taxa de dividendo anual superior a 4%, que é, no entanto, distribuída por quatro pagamentos trimestrais.

Desde que foi lançado há quase cinco anos, o iShares € Corporate Bond rendeu 3,95% por ano, ligeiramente menos do que o ganho do índice de referência, o que reflecte a comissão de gestão, que actualmente está em 0,20%. No último ano, a rendibilidade alcançada foi de 6,67%


Lyxor ETF Euro Corporate Bond

Indexante: iBoxx Euro Liquid Corporates
Comissão de gestão: 0,20%
Activos: 155 milhões de euros
Código Euronext Paris: CPR
Principais activos: Obrigações de Royal Bank of Canada, BNP Paribas, GlaxoSmithKline
Internet: www.lyxoretf.com

Uma vez que o Lyxor ETF Euro Corporate Bond segue o índice iBoxx Euro Liquid Corporates tal como o fundo anterior, não há grande diferença nos portefólios dos dois produtos. O que os separa é apenas a antiguidade: enquanto o iShares € Corporate Bond já tem quase 5 anos, este foi lançado em Abril passado. Porém, como a comissão de gestão é igualmente de 0,20%, é difícil determinar qual dos dois fundos de obrigações empresariais em euros é melhor.

Um método usado pelos investidores neste tipo de casos é o de analisar a margem entre os preços de compra e de venda na altura da operação. Por exemplo, num determinado momento, quem quisesse comprar o iShares € Corporate Bond na bolsa teria de pagar 117,28 euros, mas, simultaneamente, o melhor preço de venda era de 117 euros. Logo, teoricamente, o investidor que comprasse e vendesse quase simultaneamente perderia cerca de 0,24%. No caso do Lyxor ETF Euro Corporate Bond essa margem subiria para 0,45%. Assim sendo, o investidor sabe que, naquele momento, está a pagar menos pelo iShares € Corporate Bond.


db x-trackers MSCI Emerging Market

Indexante: MSCI Total Return Net Emerging Markets
Comissão de gestão: 0,65%
Activos: 1495 milhões de euros
Código Euronext Paris: XEM
Principais activos: China Mobile, Gazprom, Samsung Electronics
Internet: www.dbxtrackers.com

Enquanto os fundos tradicionais que investem globalmente em mercados emergentes apresentam comissões de gestão e depósito médias de 2,13%, o db x-trackers MSCI Emerging Market cobra apenas 0,65%. É por isso que este fundo cotado é o instrumento preferidos dos gestores de fundos para ganhar uma exposição aos mercados emergentes mundiais.

O db x-trackers MSCI Emerging Market segue de perto o índice MSCI Total Return Net Emerging Markets, composto por mais de 700 acções de 25 praças, da África do Sul à Turquia. Desse modo, é possível encontrar na composição do fundo da DB Platinum Advisors títulos de empresas de grande dimensão, como os da China Mobile ou os da Gazprom, bem como acções de sociedades mais pequenas, como a Airports of Thailand ou a Coca-Cola Içecek, o fabricante de refrigerantes da Turquia.

Como seria de esperar, este fundo acompanha a queda generalizada das cotações das bolsas dos países considerados emergentes. No último ano desvalorizou-se 28%. Ao contrário da maioria dos fundos cotados, o db x-trackers MSCI Emerging Market não distribui dividendos.


db x-trackers FTSE 100

Indexante: FTSE 100
Comissão de gestão: 0,30%
Activos: 232 milhões de euros
Código Londres: XUKX
Principais activos: BP, HSBC, Vodafone
Internet: www.dbxtrackers.co.uk

Se o mercado for eficiente, a cotação do db x-trackers FTSE 100 em libras esterlinas é aproximadamente igual a um milésimo do número de pontos marcado pelo índice FTSE 100, que é composto pelas 100 maiores companhias domiciliadas no Reino Unido, representantes de 80% do valor de mercado de todas as acções desse mercado. A cotação não é exactamente um milésimo do índice porque é preciso contabilizar a magra comissão de gestão de 0,30% por ano e os dividendos acumulados ao longo do ano.

Porém, no início de cada Agosto, a sociedade gestora distribui todos os dividendos recebidos dos seus investimentos até reequilibrar a cotação do fundo. À cotação mais recente, os últimos dividendos traduzem-se numa taxa de dividendo de 4,49%.

Além de ter acompanhado a queda das bolsas em todo o mundo, o investimento no db x-trackers FTSE 100 foi também penalizado pelo movimento negativo da libra. O resultado foi uma perda de um terço da aplicação ao longo do último ano.


iShares Barclays Aggregate Bond

Indexante: Barclays Capital US Aggregate
Comissão de gestão: 0,20%
Activos: 6.925 milhões de euros
Código Nova Iorque: AGG
Principais activos: Obrigações de FNMA, FHLMC, EUA
Internet: www.ishares.com

Embora a política do iShares Barclays Aggregate Bond seja investir em todos os espectros do mercado obrigacionista dos Estados Unidos da América, a maior fatia do fundo cotado está aplicada em obrigações soberanas e governamentais. A razão é simples: são as principais emissões norte-americanas. Os títulos do Tesouro (conhecidos por "T-Bills" e "T-Bonds") representam quase um terço do capital do fundo. A seguir vêm dois grandes emitentes garantidos pelo governo: a Federal National Mortgage Association (FNMA ou Fannie Mae) e o Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC ou Freddie Mac). Porém, entre as 178 emissões de obrigações encontram-se também grandes empresas, como o Citigroup, a General Electric e a Pfizer, e entidades supra-soberanas, como o Banco Europeu de Investimento.

Em resultado da concentração dos títulos em emissões soberanas e governamentais, mais de 40% dos activos do iShares Barclays Aggregate Bond recebe um "rating" de triplo A, a nota máxima na classificação de obrigações. Isso, no entanto, reflecte-se nas taxas de cupão obtidas, que, em média, são de 3,79%.

No último ano, o fundo rendeu cerca de 4% na sua moeda de origem, o dólar, mas, graças ao movimento cambial, o resultado para os investidores nacionais foi de 18%.


Lyxor ETF EuroMTS Global

Indexante: EuroMTS Global
Comissão de gestão: 0,165%
Activos: 970 milhões de euros
Código Euronext Paris: MTX
Principais activos: Obrigações soberanas da Alemanha, Itália, França
Internet: www.lyxoretf.com

O Lyxor ETF EuroMTS Global foi desenhado para os investidores que querem apostar em dívida pública da Zona Euro com maturidades superiores a um ano. O fundo segue o índice EuroMTS Global, composto pelas maiores e mais líquidas emissões soberanas na plataforma MTS, um grupo europeu de mercados obrigacionistas. As obrigações do Tesouro português representam em conjunto 2,3% do índice de referência. Uma emissão do governo alemão que se vence em 2012 e paga um cupão de 5% absorve 3,6% do capital do fundo.

Graças à sua comissão de gestão inferior à média (de apenas 0,165%), o Lyxor ETF EuroMTS Global consegue alcançar resultados superiores. O prazo mínimo recomendado pela Lyxor Asset Management para o investimento é de 1 ano, uma vez que se está na segurança de obrigações soberanas. No último ano, o fundo acumulou um ganho de 8%.


db x-trackers MSCI Europe

Indexante: MSCI Europe
Comissão de gestão: 0,30%
Activos: 795 milhões de euros
Código Euronext Paris: XEU
Principais activos: BP, Nestlé, HSBC
Internet: www.dbxtrackers.com

Embora os seus dois anos e meio o transformem numa criança ao pé dos oito anos do streetTracks MSCI Europe, o db x-trackers MSCI Europe já tem uma carteira duas vezes mais valiosa que o seu concorrente, que também segue o índice MSCI Europe. A razão é uma: enquanto o fundo cotado da DB Platinum Advisors cobra 0,30% por ano, o produto do grupo streetTracks exige 0,50%.

O db x-trackers MSCI Europe investe em acções de 16 países europeus, incluindo Portugal. EDP, PT, BES, BCP, Galp Energia, Brisa, Cimpor, Jerónimo Martins e Zon estão no portefólio do fundo, mas, juntos, pesam cerca de meio ponto percentual.


db x-trackers MSCI Pacific ex Japan

Indexante: MSCI Pacific ex Japan
Comissão de gestão: 0,45%
Activos: 70 milhões de euros
Código Londres: XPXJ
Principais activos: BHP Billiton, Westpac Banking, Commonwealth Bank
Internet: www.dbxtrackers.co.uk

Apesar de ter sido lançado em Fevereiro, o db x-trackers MSCI Pacific ex Japan já tem uma carteira de 70 milhões de euros. A DB Platinum Advisors replica a composição do índice MSCI Pacific ex Japan, que reúne as principais acções da Austrália, Hong-Kong, Nova Zelândia e Singapura. Contudo, é preciso descer até à sétima posição do portefólio para encontrar a primeira empresas não australiana: a Sun Hung Kai Properties, a imobiliária dona do maior edifício de Hong-Kong, o International Finance Centre. Na primeira posição dos activos do db x-trackers MSCI Pacific ex Japan está a BHP Billiton, a maior companhia mineira do mundo.

Comissões duplas nos fundos de fundos
É possível que esteja a pagar 3% por ano sem saber


Ninguém gosta de pagar a mais por um serviço, mas muitos investidores esquecem-se que as comissões são a duplicar quando se aplica o dinheiro num fundo de fundos, produtos que diversificam o portefólio comprando outros fundos de investimento.

Um participante de um fundo de fundos está a pagar directamente as comissões de gestão e de depósito (e outras, se houver) que deve à sociedade gestora responsável, mas, indirectamente, também remunera os gestores dos produtos que fazem parte da composição do seu fundo de fundos.

Um exemplo clarifica a situação. O Popular Global 75 é um fundo que investe até 85% da sua carteira em fundos de acções. Um aforrador que aplique 1.000 euros neste produto do Banco Popular pagará, no final de 1 ano de investimento, comissões de gestão e de depósito que somam 13,5 euros. Porém, os gestores do Popular Global 75 compram, entre outros, unidades do Popular Acções.

Por isso, os responsáveis do Popular Global 75 pagam comissões de gestão e de depósito no valor de 17 euros ao Popular Acções por cada 1.000 euros aplicados. Se os restantes produtos seleccionados pelos gestores do Popular Global 75 tiverem uma estrutura de comissões semelhante ao Popular Acções, o aforrador que aplica um milhar de euros sabe, à partida, que gasta 30,5 euros por ano só em comissões de gestão e de depósito. Ou seja, independentemente do desempenho do fundo, ele ficará 3,05% mais pobre à conta de pagar comissões em duplicado.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio