Notícia
Regresso ao passado na indústria de fundos
Em alguns segmentos do negócios português dos fundos de investimento gere-se agora menos do que no início de 1997.
10 de Dezembro de 2010 às 09:00
É um resultado imediato do alastramento da crise financeira à economia, em particular das famílias portuguesas: a poupança em fundos de investimento desliza abruptamente. Apesar dos principais mercados-alvo dos fundos estarem em franca recuperação - o que permite que 95 por cento deles registem desempenhos positivos no último ano -, os portugueses estão a socorrer-se das suas aplicações como fonte de liquidez. Embora alguns investidores reforcem nos seus fundos, os resgates são bastante superiores. "Verificou-se, no mês [de Outubro] em análise, um volume de subscrições de 356,9 milhões de euros, enquanto que o valor dos resgates foi de 619,3 milhões de euros", refere um comunicado da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP).
Ao contrário dos depósitos bancários que continuam a aumentar, o valor sob gestão dos fundos portugueses, o que inclui os mobiliários e imobiliários, desceu para 27,4 mil milhões de euros em Outubro, de acordo com as estatísticas compiladas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Assim, a aplicação dos portugueses em fundos é ultrapassada pelos investimentos em seguros de capitalização, segundo os dados de Setembro da Associação Portuguesa de Seguradores.
O dinheiro que é agora gerido pelos gestores de fundos em território nacional está praticamente ao nível do que era administrado no início do Verão de 1999, antes da bolha das acções das companhias tecnológicas ter rebentado. Em alguns segmentos do negócio dos fundos o retrocesso é ainda superior. O património dos fundos mobiliários, aqueles que investem em acções, obrigações e tesouraria, entre outros activos, regressou aos patamares do primeiro trimestre de 1997, mostram as estatísticas da entidade supervisora da indústria.
Todas as gestoras vêem dinheiro a sair
Todas as sociedades gestoras de fundos de investimento mobiliário com mais de 100 milhões de euros sob gestão viram mais dinheiro a sair do que a entrar desde o início do ano. A única excepção foi a Banif Gestão de Activos cujo património administrado subiu 152 por cento depois de ter ganho a gestão do Fundo de Gestão Passiva, que absorveu os instrumentos financeiros dos clientes do Banco Privado Português. Excluindo esse impacto, a carteira global da sociedade gestora do Banif também teria descido. Nos primeiros 10 meses do ano, as gestoras controladas pelo Montepio, pelo Barclays e pelo Banco Espírito Santo foram as que sentiram as maiores quedas percentuais dos valores sob gestão, diz a APFIPP.
O segmento dos fundos imobiliários é um caso à parte: apesar da crise, consegue continuar a crescer. A provar o sucesso dos fundos imobiliários está a presença de três fundos desta categoria entre os sete maiores de Portugal. O Fundimo, pertencente ao universo da Caixa Geral de Depósitos, é o único que tem mais de mil milhões de euros. No início do segundo semestre, o Fundimo tinha quase 30 mil investidores.
Ao contrário dos depósitos bancários que continuam a aumentar, o valor sob gestão dos fundos portugueses, o que inclui os mobiliários e imobiliários, desceu para 27,4 mil milhões de euros em Outubro, de acordo com as estatísticas compiladas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Assim, a aplicação dos portugueses em fundos é ultrapassada pelos investimentos em seguros de capitalização, segundo os dados de Setembro da Associação Portuguesa de Seguradores.
Todas as gestoras vêem dinheiro a sair
Todas as sociedades gestoras de fundos de investimento mobiliário com mais de 100 milhões de euros sob gestão viram mais dinheiro a sair do que a entrar desde o início do ano. A única excepção foi a Banif Gestão de Activos cujo património administrado subiu 152 por cento depois de ter ganho a gestão do Fundo de Gestão Passiva, que absorveu os instrumentos financeiros dos clientes do Banco Privado Português. Excluindo esse impacto, a carteira global da sociedade gestora do Banif também teria descido. Nos primeiros 10 meses do ano, as gestoras controladas pelo Montepio, pelo Barclays e pelo Banco Espírito Santo foram as que sentiram as maiores quedas percentuais dos valores sob gestão, diz a APFIPP.
O segmento dos fundos imobiliários é um caso à parte: apesar da crise, consegue continuar a crescer. A provar o sucesso dos fundos imobiliários está a presença de três fundos desta categoria entre os sete maiores de Portugal. O Fundimo, pertencente ao universo da Caixa Geral de Depósitos, é o único que tem mais de mil milhões de euros. No início do segundo semestre, o Fundimo tinha quase 30 mil investidores.
Fundos estrangeiros ainda são uma gota de água
Há fundos portugueses que têm mais dinheiro do que todos os capitais nacionais aplicados nos produtos estrangeiros.
Os investidores nacionais podem participar em fundos estrangeiros desde Abril de 2001 mas o desejo não é muito. A aplicação dos portugueses em organismos estrangeiros era de 779,6 milhões de euros no final de Junho de 2010, mostram as estatísticas mais actuais da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Nessa altura, esse valor era equivalente a 2,79 por cento do dinheiro investido nos fundos mobiliários e imobiliários geridos em Portugal, incluindo os fundos especiais de investimento. Dois fundos portugueses têm mais dinheiro do que todo o aforro nacional em fundos estrangeiros. "O peso relativo dos fundos estrangeiros face à indústria nacional de fundos tem, na nossa opinião, essencialmente a ver com o facto de muito poucas instituições financeiras terem uma política de arquitectura aberta no nosso país, oferecendo assim exclusivamente produtos pertencentes às instituições que os distribuem", justifica Diogo Serras Lopes, director de investimentos do Banco Best, o maior distribuidor de fundos estrangeiros. Serras Lopes acredita que os produtos estrangeiros têm vantagens claras, "nomeadamente no acesso às mais conceituadas sociedades gestoras internacionais e em permitirem o investimento em classes de activos, regiões e estratégias de investimento que não estão presentes na oferta nacional".
A importância dos fundos estrangeiros na carteira de aforro dos portugueses atingiu o seu pico por volta de Outubro de 2007, quando cerca de 94 mil investidores controlavam 1255,6 milhões de euros nesses produtos. A quebra arrastou-se até ao final do primeiro trimestre de 2009, quando o investimento se reduziu para 443,9 milhões de euros. "As quedas registadas no valor investido em fundos estrangeiros são semelhantes às que aconteceram em outros instrumentos financeiros", explica Diogo Serras Lopes. O director de investimentos do Banco Best diz que a redução reflecte o aumento da aversão ao risco dos investidores e o comportamento negativo da generalidade dos mercados financeiros.
O Banco Best, que é liderar na comercialização de fundos estrangeiros desde o início de 2006, controla quase 30 por cento do negócio. O segundo lugar pertence ao Millennium bcp, que estreou a plataforma "online" de distribuição de fundos estrangeiros em meados de 2006, com 16,7 por cento. Há 21 entidades financeiras autorizadas a comercializar fundos estrangeiros.
A importância dos fundos estrangeiros na carteira de aforro dos portugueses atingiu o seu pico por volta de Outubro de 2007, quando cerca de 94 mil investidores controlavam 1255,6 milhões de euros nesses produtos. A quebra arrastou-se até ao final do primeiro trimestre de 2009, quando o investimento se reduziu para 443,9 milhões de euros. "As quedas registadas no valor investido em fundos estrangeiros são semelhantes às que aconteceram em outros instrumentos financeiros", explica Diogo Serras Lopes. O director de investimentos do Banco Best diz que a redução reflecte o aumento da aversão ao risco dos investidores e o comportamento negativo da generalidade dos mercados financeiros.
O Banco Best, que é liderar na comercialização de fundos estrangeiros desde o início de 2006, controla quase 30 por cento do negócio. O segundo lugar pertence ao Millennium bcp, que estreou a plataforma "online" de distribuição de fundos estrangeiros em meados de 2006, com 16,7 por cento. Há 21 entidades financeiras autorizadas a comercializar fundos estrangeiros.
Como estruturar uma carteira de fundos
Investir em fundos é uma questão de tempo: quanto mais tiver, mais se deve se expor aos mercados accionistas. Se não tem muito tempo para aforrar, não arrisque.
"Tempo é dinheiro", diz o provérbio. Nunca a sentença popular esteve tão certa como no investimento em fundos. É que a selecção de fundos de investimento para um portefólio deve debruçar-se, antes de qualquer outro elemento, sobre o tempo que tem para aforrar. Embora o perfil do investidor seja fundamental, o prazo do aforro é fulcral na eleição dos melhores activos para a carteira. A teoria financeira, corroborada por vastos estudos práticos, diz que quanto mais tempo se tem para amealhar mais se pode e deve arriscar. Já se demonstrou que arriscar através de fundos de acções é claramente lucrativo no longo prazo, porque a eventual volatilidade de curto ou médio prazo é compensada pelos ganhos do aforro plurianual.
A partir deste conceito, os especialistas da gestora de fundos norte-americana T. Rowe Price, uma das maiores sociedades do género em todo o mundo, desenharam quatro carteiras-modelo de acordo com o quatro prazos-objectivo. Assim, fiel ao princípio de que tempo é dinheiro, se pretende investir a mais de 15 anos (o que pode ser para a reforma ou para a educação dos filhos, por exemplo), deve aplicar a totalidade do seu portefólio nos fundos expostos aos mercados accionistas. A probabilidade de perder em acções através de um fundo de investimento é mínima, dizem os especialistas.
Mesmo em prazos mais curtos, os fundos de investimento em acções podem figurar na carteira, embora o peso deva diminuir à medida que o vencimento do aforro se reduz. Numa aplicação de 5 a 10 anos, por exemplo, a exposição a acções não deve ultrapassar os 60 por cento do portefólio, segundo os cálculos dos especialistas da T. Rowe Price.
As carteiras traçadas pela T. Rowe Price são apenas indicativas. Isso quer dizer que, se for um aforrador conservador, é naturalmente que opte por ter uma percentagem em acções muito inferior, preferindo a segurança dos fundos de curto prazo e a estabilidade dos fundos de obrigações. No inverso, se for um investir agressivo poderá incrementar a posição no mercado accionista, mas não se esqueça que o dinheiro e a responsabilidade são sempre seus.
A partir deste conceito, os especialistas da gestora de fundos norte-americana T. Rowe Price, uma das maiores sociedades do género em todo o mundo, desenharam quatro carteiras-modelo de acordo com o quatro prazos-objectivo. Assim, fiel ao princípio de que tempo é dinheiro, se pretende investir a mais de 15 anos (o que pode ser para a reforma ou para a educação dos filhos, por exemplo), deve aplicar a totalidade do seu portefólio nos fundos expostos aos mercados accionistas. A probabilidade de perder em acções através de um fundo de investimento é mínima, dizem os especialistas.
Mesmo em prazos mais curtos, os fundos de investimento em acções podem figurar na carteira, embora o peso deva diminuir à medida que o vencimento do aforro se reduz. Numa aplicação de 5 a 10 anos, por exemplo, a exposição a acções não deve ultrapassar os 60 por cento do portefólio, segundo os cálculos dos especialistas da T. Rowe Price.
As carteiras traçadas pela T. Rowe Price são apenas indicativas. Isso quer dizer que, se for um aforrador conservador, é naturalmente que opte por ter uma percentagem em acções muito inferior, preferindo a segurança dos fundos de curto prazo e a estabilidade dos fundos de obrigações. No inverso, se for um investir agressivo poderá incrementar a posição no mercado accionista, mas não se esqueça que o dinheiro e a responsabilidade são sempre seus.