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Indicadores sustentam continuação da valorização do ouro
Virgílio Garcia, o gestor responsável pelo BPI Reestruturações, acredita que a política monetária norte-americana e o resgate da Irlanda são sinais de que os metais preciosos têm espaço para progredir.
08 de Dezembro de 2010 às 10:56
Virgílio Garcia, gestor do BPI Reestruturações |
A maior preocupação da gestão deste fundo tem sido minimizar os erros e as perdas daí resultantes, através de uma metodologia de investimento recorrente e consistente. Continuamos a escolher as empresas pelos seus méritos próprios e pelas suas perspectivas de desenvolvimento futuro.
Há sete anos que as empresas do ouro são os principais alvos de investimento. Justifica-se que assim continue?
O investimento em empresas de ouro foi iniciado em 2003, com o ouro e a prata a valerem 320 e 4,4 dólares por onça troy, respectivamente. O seu peso relativo no fundo tem vindo a aumentar ao longo dos anos até atingir os actuais 25 por cento. Os recentemente anunciados Quantitative Easing 2, pela Reserva Federal norte-americana, e o resgate da Irlanda parecem-nos bons indicadores para sustentar a valorização dos preços dos metais preciosos num futuro próximo. As empresas de metais preciosos transaccionam a desconto face ao preço actual dos metais, situação que será provavelmente ajustada nos tempos mais próximos. Não quer isto dizer que não façamos reduções de peso nestes títulos sempre que o seu preço ultrapasse o valor objectivo que definimos para estes.
Desde 2003 que investir nas empresas auríferas é uma das principais apostas de Virgílio Garcia, o gestor que conduziu o BPI Reestruturações à primeira posição das maiores rendibilidades nos últimos cinco anos entre os fundos de acções mundiais. Agora, as acções das firmas das indústrias de matérias-primas concentram 30 por cento do património do fundo. O próximo passo de Virgílio Garcia é povoar a carteira do BPI Reestruturações com títulos asiáticos. |
O fundo está investido um pouco por todo o mundo, mas não na bolsa portuguesa. Não há títulos atractivos?
Como o fundo pode investir em todo o mundo, o investimento em acções portuguesas é comparado com todas as alternativas existentes que conhecemos. Sempre que consideramos que uma empresa portuguesa reúne as condições para entrar na carteira do fundo, não deixamos de o fazer.
Não é uma questão de dificuldade. A aparente "lentidão" prende-se com o processo de investimento do próprio fundo. Queremos conhecer bem as empresas e os mercados onde investimos. Isto demora tempo. Contudo, já existe algum trabalho realizado neste continente, mas as empresas não se encontram aos preços a que queremos investir.
Qual a vantagem que poderá alcançar investindo na Ásia?
O investimento na Ásia, em termos genéricos, faz parte do processo natural de diversificação de um fundo global. Contudo, existem razões específicas a esse continente que nos fazem acreditar que existem oportunidades de investimento por descobrir. Acreditamos que o tradicional aforrador asiático irá incrementar marginalmente a sua propensão ao consumo e que isso beneficiará, por exemplo, os sectores dos serviços financeiros, de retalho e automóvel. Adicionalmente, a ascensão de um número crescente de asiáticos do limiar da pobreza a um nível de rendimento que lhes permite o acesso a bens de consumo reforça o potencial dos sectores referidos.
O desempenho anual desde o lançamento, há quase 10 anos, é de cerca de 4,6 por cento. Qual a rendibilidade que pode alcançar no longo prazo?
Não é possível apontar um valor específico para a rentabilidade de um fundo de acções no longo prazo. No entanto, poderemos dizer que no longo prazo a rentabilidade de um investimento deste tipo será determinada pelo crescimento nominal da economia em geral, pela performance relativa da porção da economia que está cotada em bolsa e pelo "dividend yield" das empresas cotadas.
A elevada percentagem aplicada em depósitos é um tradição. Na última carteira ronda os 15 por cento. Porque querem ter tanto dinheiro nos depósitos?
A proporção de liquidez na carteira do fundo é resultado da nossa percepção do maior ou menor número de oportunidades existentes no mercado. É normal ver a liquidez aumentar à medida que os mercados sobem e as empresas vão chegando aos nossos preços de venda. Quando os mercados caem, muitos títulos chegam aos nossos preços de entrada e isso faz-nos reduzir o montante de liquidez detido. É normal que o fundo comece a comprar quando a generalidade dos investidores está a vender. De qualquer forma, mais de 67 por cento do património do fundo estará sempre investido em acções.
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