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Portugal consegue juros mais negativos para emitir 1.250 milhões em dívida de curto prazo

As taxas obtidas num leilão de bilhetes do Tesouro (BT) a três e 11 meses, esta quarta-feira, foram semelhantes às da última operação comparável.

Pedro Elias/Negócios
16 de Fevereiro de 2022 às 10:49
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Portugal conseguiu obter juros negativos na emissão de dívida de curto prazo realizada esta quarta-feira, apesar da tendência generalizada no mercado de agravamento das yields. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP financiou-se em 1.250 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) a três e 11 meses junto de investidores internacionais.
"As taxas obtidas acabaram por ser inferiores ao último leilão comparável", diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, num comentário por escrito. "Apesar de termos vindo a assistir, nas últimas semanas a uma subida do prémio de risco da dívida soberana europeia e por conseguinte na dívida nacional, tal movimento ainda não se reflete nas dívidas de curto prazo, onde as taxas ainda permanecem negativas".

Na emissão de títulos com a maturidade mais longa, com prazo a 20 de janeiro de 2023, o país captou 958 milhões com uma taxa de colocação nos -0,555%. Na última operação comparável -- um leilão realizado em junho do ano passado --, Portugal tinha conseguido um juro de -0,55%.

Já na colocação de BT com maturidade mais curta, que vence a 20 de maio de 2022, foram emitidos 292 milhões a uma taxa de juro de -0,61%. Também neste caso, houve uma descida face a junho, quando o IGCP colocou título com a mesma maturidade a uma yield de -0,592%.

A redução dos juros para níveis mais negativos estará relacionada com a procura por dívida portuguesa, que se manteve robusta. Por BT a três meses, a procura foi 3,69 vezes superior à oferta (muito acima dos 2,71 vezes do último leilão). Já por títulos a 11 meses, foi o apetite dos investidores era 1,74 acima do que o IGCP tinha para vender (mas abaixo das 2,14 vezes da última emissão comparável).

Esta foi a primeira emissão de títulos com estes prazos este ano e a primeira em oito meses já que na segunda metade do ano passado, a agência liderada por Cristina Casalinho decidiu adiar colocações de nova dívida de curto prazo. Desde então, alterou-se o cenário no mercado de dívida.

"A inflação tem-se mostrado mais persistente do que inicialmente os bancos centrais esperavam, o que tem levado a um ajuste nas políticas monetárias globalmente, com os bancos centrais a anunciarem a redução ou mesmo fim dos programas de compra de ativos que estavam em vigor. Apesar de se esperarem no futuro taxas de juro mais elevadas, o mercado continua a acreditar que o movimento deverá ser gradual, sendo que é esse o fator que faz com que ainda não estejamos a ver o mesmo movimento na dívida de curto prazo", acrescenta Filipe Silva.

A pressão dentro do Banco Central Europeu (BCE) para se iniciar o ciclo de normalização das taxas de juro na zona euro, face à escalada da inflação para níveis inéditos, tem conduzido a um agravamento dos juros da dívida pública. Na semana passada, Portugal regressou às emissões de dívida de longo prazo (só tinha ainda realizado uma venda sindicada), com os juros a dispararem e o país a pagar mais de 1% para emitir dívida a 9 anos.

(Notícia atualizada às 12:25)
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