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EUA em incumprimento em julho sem acordo entre Biden e republicanos

Para continuar a honrar os compromissos financeiros, o Departamento do Tesouro, entre outras medidas, teve de suspender as entregas aos fundos de reforma e prestação de saúde ou de invalidez dos funcionários públicos, sem que isso implicasse, neste momento, qualquer suspensão de pagamento aos beneficiários.

EPA
16 de Fevereiro de 2023 às 09:01
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Os EUA correm o risco de entrar em situação inédita de incumprimento a partir de julho, se não houver acordo entre a Casa Branca e a oposição republicana para subir ou suspender o limite da dívida federal.

O alerta foi feito na quarta-feira pela agência do Congresso para o Orçamento (CBO, na sigla em Inglês), nas suas previsões macroeconómicas: "Se o limite da dívida permanecer inalterado, a capacidade do governo se endividar com recurso a medidas extraordinárias esgotar-se-á entre julho e setembro de 2023".

A dívida da primeira economia do mundo atingiu em 19 de janeiro o valor de 31,4 mil milhões de dólares, montante a partir do qual os EUA deixam de poder emitir dívida para se financiarem ou cumprir o serviço da dívida (reembolso mais juros). Tiveram de ser tomadas medidas de urgência temporárias para que os pagamentos pudessem continuar a ser feitos.

Mas quando se acabar a liquidez, o risco é o de se chegar "a atrasos nos pagamentos (...), um incumprimento nas obrigações da dívida do governo, ou aos dois", acrescentou o CBO, agência independente politicamente, que tem a função de fornecer ao Congresso na+alises orçamentais e económicas.

Subir o limite da dívida é 'a priori' uma questão técnica, mas que requer a autorização do Congresso. Tem sido uma 'batata quente' da vida política dos EUA, motivo de uma áspera batalha entre democratas e republicanos, com negociações frequentemente noite dentro, à medida que o prazo final se aproxima.

Desde 1960, este limite já foi elevado em 78 ocasiões, segundo o Departamento do Tesouro.

Os republicanos, que agora têm a maioria na Câmara dos Representantes, opõem-se ao presidente democrata, Joe Biden, a quem acusam de gastos excessivos.

Ora, sem o acordo, a economia dos EUA, a maior do mundo, mergulharia no desconhecido.

Esta publicação do CBO dá uma ideia mais precisa do momento em que os EUA se podem confrontar com problemas de liquidez.

Para continuar a honrar os compromissos financeiros, o Departamento do Tesouro, entre outras medidas, teve de suspender as entregas aos fundos de reforma e prestação de saúde ou de invalidez dos funcionários públicos, sem que isso implicasse, neste momento, qualquer suspensão de pagamento aos beneficiários.

As emissões de nova dívida foram suspensas até 05 de junho.

"A utilização contínua destas medidas, bem como a entrada regular de fundos, permite ao Tesouro, segundo a estimativa da CBO, financiar as atividades do governo até ao verão, sem aumentar o limite da dívida, atrasar pagamentos ou incumprir", considerou-se no documento da agência.

No início de fevereiro, no seu discurso sobre o estado da União, Biden acusou os republicanos de quererem "tomar a economia como refém".

A CBO avançou, por outro lado, as suas previsões macroeconómicas, que apontam para um défice orçamental de 1,4 biliões (milhão de milhões) de dólares em 2023. Depois, o valor anual deve estacionar em torno dos dois biliões ao longo do período 2024-2033.

Em 2021, este défice foi de 2,8 biliões, devido às despesas orçamentais faraónicas do governo federal para manter a economia a flutuar perante a pandemia do novo coronavírus.

Na rente da inflação, a CBO espera números piores do que antecipou em maio. Antecipa agora um crescimento do índice de preços no consumidor de 4,8% em 2023 e 3,0% em 2024, depois dos 8,0% de 2022.

Por fim, o produto interno bruto deve ser mais fraco do que avançado, com a CBO a esperar agora uma expansão da economia dos EUA de 0,3% no ano em curso.
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