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CEO da Euronext quer trabalhadores no escritório e longe do Zoom

Stephane Boujnah diz que através do zoom não possível ter energia, inovação e fechar negócios.

04 de Junho de 2020 às 14:54
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O CEO da Euronext NV, que lidera as bolsas de valores de Paris a Oslo (passando por Lisboa), quer trazer os trabalhadoes de regresso aos escritórios já no fim de junho. Desistiu de fazer uma proposta pela Bolsa de Madrid em março, pois não queria pagar muito, mas prevê que, com o controle da pandemia da covid-19, mais empresas estarão disponíveis para serem compradas a preços razoáveis.

 

As ações da Euronext duplicaram de valor desde que Boujnah, de 56 anos, assumiu o comando em 2015 e atingiram recorde em maio. O francês iniciou a carreira como advogado antes de trabalhar no Deutsche Bank e Banco Santander. O executivo tem quatro filhos e seus hobbies são boxe e leitura de livros de história.

Veja em baixo um excerto da entrevista realizada por telefone:

 

Os funcionários estão a regressar aos escritórios?

A ambição é garantir que o maior número de pessoas volte ao escritório antes das férias de verão, para que possamos reconstruir, o mais rápido possível, a energia da empresa. O isolamento físico em casa pode destruir a criatividade e o motor de crescimento da companhia.

 

Em Amesterdão muitas pessoas podem ir para o trabalho de bicicleta. Em Oslo e Lisboa podem ir de carro. Mas em Londres, Nova Iorque e Paris as pessoas dependem dos transportes públicos e algumas não se sentem confortáveis. Deixamos as pessoas decidirem o que querem fazer.

 

Não queremos que a Euronext se transforme numa empresa da cloud. Queremos tirar partido das emoções humanas, intuição e criatividade além das folhas de cálculo, PowerPoints, Zoom e Skype. Estou no meu escritório em Paris atrás da minha mesa. Uso uma máscara para encontrar-me com as pessoas. Vou e venho de táxi.

 

O que há no horizonte para fusões e aquisições?

Temos de encontrar vendedores angustiados de ativos interessantes. Numa crise, normalmente há uma pausa, em que os vendedores percebem que não encontrarão os múltiplos com os quais sonhavam há seis meses, e compradores que querem participar numa operação com preços baixos. Fechamos um acordo durante a crise e continuaremos a procurar oportunidades.

 

A Liquidnet, operadora de bolsas privadas, está à venda. Tem interesse? 

Estamos a analisar todos os tipos de ativos. É uma empresa interessante.

 

Qual é o futuro da negociação de ações e como avalia a aquisição da Refinitiv pela London Stock Exchange?

A LSE tem de construir o seu futuro num ambiente transformado pelo Brexit, e vejo como esse acordo torna a LSE menos dependente do Brexit.

Estamos numa situação diferente. Estamos a ligar bolsas locais na Europa. Encontramos uma receita para tornar o trading de ações extremamente rentável. Há lugares que o abandonaram, pensando que será um negócio 'comoditizado' e deficitário. Nos últimos meses, a nossa quota de mercado aumentou. Em tempos difíceis, os participantes confiam mais em mercados transparentes e altamente regulamentados do que em plataformas laterais.

 

E, se acredita que o dinheiro injetado pelos bancos centrais tem de entrar na economia real, parte dele será direcionado para mercados de negociação de ações.

 

Quanto tempo planeia permanecer como CEO?

Acabei de ter o contrato renovado por quatro anos em outubro e a minha intenção é cumprir o meu mandato. Não recebi ligação de nenhum headhunter para fazer algo diferente. Tenho orgulho de termos um CEO francês, um diretor jurídico holandês, um diretor financeiro italiano e um diretor de vendas britânico, que no papel deve ser uma ilustração de piadas sobre o inferno europeu, mas, na realidade, estamos a mostrar que os europeus podem unir-se e fazer grandes coisas.

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