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BPI mantém preferência pelo BES sobre o BCP após plano de recapitalização

BCP deverá gerar lucros de 1,6 mil milhões de euros nos próximos cinco anos, já descontando os custos com as obrigações de conversão contingente ("coco bonds"), de acordo com as estimativas do BPI, que estima que o BCP não conseguirá reembolsar a totalidade da injecção do Estado nos próximos cinco anos.

05 de Junho de 2012 às 12:21
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O BPI considera que o BCP é a “grande surpresa” do plano de recapitalização da banca portuguesa, que foi ontem anunciado, devido à provisão adicional de 450 milhões de euros para fazer face à exposição à Grécia. Com esta provisão, o BCP anula o valor dos activos gregos que tem em carteira.

Num “research” com data de ontem onde analisa o plano de recapitalização da banca, o BPI Equity Research adianta que este valor ajuda a explicar o desvio da recapitalização do BCP (3,5 mil milhões de euros), face às suas previsões de escassez de capital do banco (2,3 mil milhões de euros).

Tendo em conta o aumento de capital de 500 milhões de euros, o BPI calcula que o BCP ficará a negociar com um PTBV (rácio entre a cotação e o valor tangível dos activos) para 2013 de 0,35. Um rácio que representa um desconto face ao sector na Europa, mas um prémio face ao PTBV de 0,29 do BES.

O BPI conclui também que depois desta operação de recapitalização, o BCP ficará com um rácio de capital (core tier one) superior ao do BES, mas “terá o constrangimento de ter que reembolsar 3 mil milhões de euros de ‘coco bonds’ nos próximos cinco anos”.

Desta forma, “aos actuais preços de mercado, preferimos o BES sobre o BCP”, diz o BPI, que considera “injustificada” a pior prestação das acções do BES face às do BCP este ano, uma tendência que o BPI acredita que irá “inverter-se ao longo das próximas semanas”.

O BCP acumula uma queda de 26% este ano, enquanto o BES recua 46% no mesmo período. O BPI recomenda “comprar” acções do BES, com um preço-alvo de 0,85 euros, e manter BCP, com uma avaliação de 0,18 euros por acção.

Reembolso do Estado “é a principal preocupação”

O BPI analisa também a capacidade do BCP em reembolsar o Estado pela injecção de 3 mil milhões de euros que vai realizar no banco através da subscrição de “coco bonds”, afirmando que esta é a “principal preocupação” no plano de recapitalização do banco liderado por Nuno Amado.

O BCP, tal como os outros bancos que recorrem a dinheiro público para subscrever “coco bonds”, vai pagar um juro anual de 8,5% no primeiro ano, sendo que a taxa sobe 0,25 pontos base nos dois anos seguintes e 0,50 pontos base nos quarto e quintos anos.

As estimativas do BPI apontam para que, nos próximos cinco anos, o BCP vai gerar lucros de 1,9 mil milhões de euros, já descontando os custos com o pagamento de juros ao Estado por estes títulos.

Tendo em conta estes cálculos e outras estimativas para o banco, o BPI estima que o BCP só conseguirá reembolsar o Estado em 2,1 mil milhões de euros nos próximos cinco anos, sem ver o seu rácio “core tier one” ficar abaixo dos 10%. Deste modo, o reembolso no prazo previsto de cinco anos ficará aquém da injecção de 3 mil milhões de euros que o Estado vai efectuar no BCP.

As previsões do BPI apontam para que só no cenário de descida de 2% ao ano nos activos ponderados pelo risco (RWA), até 2017, será possível o BCP reembolsar o Estado reembolsar o Estado na totalidade e manter o “core tier one” acima de 10%.

O BPI acrescenta ainda outro cenário para o BCP, que passaria pelo banco utilizar os 3,5 mil milhões de euros (3 mil milhões de euros de coco bonds e os 500 milhões de euros de aumento de capital) para investir em dívida pública portuguesa com maturidade de cinco anos. Este investimento iria gerar um retorno de 2,6 mil milhões de euros, o que “permitiria reembolsar o Estado e manter o rácio de capital acima dos 10%.”

As acções do BCP, que ontem caíram 4%, seguem a subir 1,04% para 0,097 euros. O BES, que ontem ganhou mais de 4%, valoriza 3,03% para 0,476 euros.

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
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