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Wall Street não vê repetição de 2000 nas eleições. Dá vitória a Biden e segue em frente
As bolsas norte-americanas estão a encaixar a vitória de Joe Biden nas presidenciais do passado dia 3. Hoje o Nasdaq voltou a ceder terreno, o S&P 500 perdeu algum fôlego, mas o Dow Jones prossegiu a senda altista. Apesar das correções, Wall Street segue em frente com os olhos postos nos setores que mais poderão beneficiar com o democrata na Casa Branca.
O Dow Jones fechou a somar 0,90% para 29.420,92 pontos, depois de ontem ter atingido, a meio da sessão um recorde nos 29.933,83 pontos (antes de encerrar nos 29.157,97 pontos, já longe dos máximos da sessão mas, ainda assim, a ganhar 2,95%)
Já o Standard & Poor’s 500 terminou hoje a deslizar 0,14% para 3.545,53 pontos. No arranque da semana, estabeleceu um máximo histórico na negociação intradiária, nos 3.645,99 pontos, naquele que foi o seu melhor dia desde maio, e hoje esteve a corrigir ligeiramente.
Atendendo à atual dinâmica do mercado acionista, o JPMorgan antevê que o S&P 500 atinja os 4.000 pontos em inícios de 2021 – podendo mesmo estar em torno dos 4.5000 pontos no final do próximo ano.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite voltou hoje a ceder terreno, fechando a desvalorizar 1,37% para 11.553,86 pontos. O índice tem estado a perder algum fôlego depois de muitas tecnológicas terem disparado na última semana e estarem agora a corrigir.
Além disso, inúmeras cotadas do setor que mais têm beneficiado com os confinamentos – como a Zoom, que disparou nos últimos meses devido à sua plataforma de videoconferência, muito usada por quem está em teletrabalho – estão agora a ceder alguns dos fortes ganhos recentes devido aos resultados promissores da vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech.
2000 não irá repetir-se
Wall Street parece, assim, prosseguir com o foco numa presidência de Joe Biden no país, sem atender às ameaças de processos em tribunal feitas por Donald Trump – que alega fraude eleitoral.
"Vemos como muita remota a possibilidade de as recontagens de votos e ações em tribunal poderem mudar o resultado das presidenciais", comentaram os estrategas da BlackRock numa nota de "research" publicada esta segunda-feira.
Já segundo os analistas Ed Mills e Chris Meekins, da Raymond James, "isto não é uma repetição de 2000, em que as eleições estiveram em suspenso por algumas centenas de votos num estado". Numa nota de análise intitulada "Georgia in our minds" [a aludir à canção 'Georgia in my mind', que foi bastante mencionada durante estas eleições devido ao facto de ser um estado chave para a corrida à Casa Branca e ao Senado], os estrategas dizem que, apesar de nestas eleições se ter demorado alguns dias a declarar o vencedor, "não vemos que seja motivo de contestação".
Em 2000, recorde-se, a recontagem de votos na Flórida levou a que o resultado final fosse declarado apenas em meados de dezembro, devido à luta renhida naquele estado entre o candidato republicano George W. Bush (filho do ex-presidente George H. W. Bush e então governador do Texas) e o candidato democrata Al Gore, que era na altura vice-presidente da Administração Bill Clinton.
Solar e infraestruturas podem brilhar com Biden
Assim, tudo aponta para que Joe Biden venha a ser o 46.º presidente dos EUA – e Wall Street anda atarefada a tentar ver como pode beneficiar disso, sublinha a CNN Business. Entre os setores que poderão ser mais beneficiados estão o solar e o das infraestruturas.
As empresas do solar e outras líderes na indústria das energias alternativas poderão estar entre as grandes beneficiárias de Biden na Casa Branca, devido à sua defesa de energia mais limpa – tendo já prometido que o país regressará ao Acordo de Paris sobre o Clima, de onde saiu na semana passada, por decisão de Trump [que reverteu assim a opção de Barack Obama de incluir os EUA nesse esforço de redução das emissões de CO2 para combater as alterações climáticas]).
O ETF Invesco Solar já disparou perto de 40% nos últimos três meses, em antecipação de uma Administração Biden. Este ETF [são fundos transacionados em bolsa, que replicam o desempenho de um determinado índice, commodity ou cabax de ativos] tem grandes posições em empresas como a SolarEdge Technologies, First Solar e Sunrun.
Os investidores também estão a apostar que finalmente haja um renovado foco em Washington na aprovação de um pacote alargado de novos estímulos à economia, o que beneficia as empresas ligadas à construção e melhoria de infraestruturas.
O ETF Global X U.S. Infrastructure Development disparou esta semana e está agora 15% acima dos últimos três meses. O fundo detém ações em empresas como a fabricante de materiais de construção Fastenal, a empresa de desenvolvimento de software Trimble, a companhia de gestão de energia elétrica Eaton e em empresas de relevo na ferrovia, como a CSX, Union Pacific, Norfolk Southern e Kansas City Southern.