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Rally em Wall Street não dá espaço para pessimistas

Entre investidores profissionais e agentes do mercado, está a ficar quase impossível manter o pessimismo numa altura de forte subida nas ações dos EUA.

18 de Agosto de 2020 às 19:00
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Os gestores de fundos que migraram para ativos seguros de curtíssimo prazo quando a pandemia estourou foram forçados a voltar para as bolsas, levando as métricas de posicionamento a níveis históricos. Analistas de Wall Street — incluindo alguns que desistiram de fazer previsões há quatro meses — estão a elevar os preços-alvo todos os dias. Até o Goldman Sachs, que chegou a alertar que as insolvências e dividendos em queda poderiam provocar um segundo tombo do mercado, agora projeta um ganho adicional de 6% para o S&P 500.

Embora mostre a pressão sobre profissionais que deixaram de aproveitar um ganho de 12 biliões de dólares, a unanimidade tornou-se um dos maiores fatores de risco nos mercados, com excesso de posições iguais à medida que todos são forçados a comprar. Um indicador de sentimento compilado pelo Citigroup mostrou que a "euforia" atingiu o nível mais elevado desde a febre das empresas de internet em 2000.


"Será um sinal encorajador [o S&P500] atingir um nível de fecho recorde, mas tal nem sempre significa um acelerador de tendência", alerta Jonathan Krinsky, principal responsável de análise técnica da Bay Crest Partners. "Há muito otimismo por aí, o que muitas vezes dificulta sustentar as rupturas."

O medo de ficar de fora deu origem ao rally das bolsas e agora está totalmente galopante depois das ações encenarem uma forte recuperação após o mercado ter entrado no território pessimista na maior velocidade já vista. Com um ganho de mais de 50% em menos de seis meses, o S&P 500 está a caminho da recuperação mais rápida de que há registo. Esta terça-feira superou durante breves momentos o recorde atingido em fevereiro, de 3.386,15 pontos.

Gestores de ativos estão a apostar na retoma das bolsas depois de terem reduzido a exposição a níveis historicamente baixos durante a queda do mercado, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional de Gestores de Investimentos Ativos (NAAIM, na sigla em inglês). O índice de exposição do grupo, que acompanha consultores de investimento de 200 instituições que gerem mais de 30 mil milhões de dólares, subiu para o nível mais elevado em dois anos. Mesmo os entrevistados mais pessimistas tem uma exposição de 50% das suas carteiras ao mercado acionista, algo que não se via desde o final de 2017.


"Conclusões a partir das discussões com investidores institucionais sinalizam o conforto significativo com a disposição dos bancos centrais de manter os juros baixos por um período prolongado", escreveu Tobias Levkovich, responsável pela divisão de ações dos EUA do Citigroup, numa nota divulgada na semana passada. "É uma mudança significativa em relação aos comentários ouvidos um ou dois meses atrás e reflete o sentimento complacente/entusiasmado do investidor e uma racionalização para a subida sem fim à vista."

Especialistas de Wall Street, que se apressaram a cortar os preços-alvo para o S&P 500 durante a derrocada de março, agora tentam aproveitar um movimento de ganhos que foi contra a maioria das previsões. Mais de metade dos especialistas acompanhados pela Bloomberg elevou as projeções desde junho, quando as mesmas estavam bem abaixo do mercado.

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