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PSI20 encerra trimestre a perder 25%; maior queda dos últimos 16 trimestres

O PSI20 encerrou o trimestre a perder 25%, com a SonaeCom e o BCP a derraparem cerca de 40%. Nos últimos três meses, os piores desde 1998, a Telecel foi a única a amealhar ganhos e os analistas não descortinam recuperação até ao final do ano.

30 de Setembro de 2002 às 17:43
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O PSI20 encerrou o trimestre a perder 25%, com a SonaeCom e o BCP a derraparem cerca de 40%. Nos últimos três meses, os piores desde 1998, a Telecel foi a única a amealhar ganhos e os analistas não descortinam recuperação até ao final do ano.

O PSI20 [PSI20] encerrou o terceiro trimestre de 2002 com uma desvalorização de 25%, contra as perdas de 12,66% e de 0,45% acumuladas no decorrer do segundo e do primeiro trimestre do mesmo ano. O índice fechou hoje nos 5.106,52 pontos, mínimo de Dezembro de 1996.

No período homólogo do ano anterior, que engloba os efeitos dos atentados de 11 de Setembro desferidos contra o World Trade Center e o Pentágono, o «benchmark» nacional havia desvalorizado 11,48%. No trimestre seguinte, o PSI20 aumentou 6,92%.

O comportamento da Bolsa nacional foi de resto comum ao dos restantes mercados na Europa. No período em análise, o DAX [DAX] de Alemão foi o mais penalizado, tendo regredido 36,7%, seguido pelo CAC 40 [CAC] de Paris e o AEX de Amsterdão que caíram 28,8% e 32,6%, respectivamente

O DJ Stoxx 50, o índice que agrega as 50 maiores empresas do Continente Europeu em capitalização Bolsista, caiu 23% no período. Nos Estados Unidos (EUA), a menos de quatro horas para terminar o trimestre, o Dow Jones [INDU] acumulava uma queda trimestral de 18,22%, e o Nasdaq 100 de 20,17%.

A perda de 25% acumulada pelo PSI20 desde finais de Junho, foi a mais acentuada, numa base trimestral, desde o terceiro trimestre de 1998, altura em que o PSI20 afundou 25,65%.

Vodafone Telecel foi a única do índice a ganhar

Nos últimos três meses do ano, a Vodafone Telecel [TLE] foi a única empresa do índice a acumular ganhos. A operadora de telecomunicações em três meses subiu 0,28%.

Também no sector das telecomunicações, a Portugal Telecom (PT) [PTC] e a SonaeCom [SNC], empresas que concorrem com a Telecel no mercado de telefonia móvel, acumularam perdas de 36,36% e 43,75%, esta última a mais penalizada do índice.

Para Joel Mendes da Cotavalor, a operadora liderada por António Carrapatoso não tem algumas das condicionantes com que se depara a PT e a SonaeCom.

«A exposição da PT no Brasil», com a situação macro-económica «assombrada» pelo espectro da vitória de Lula da Silva nas presidenciais do próximo Domingo, «tem estado a condicionar a operadora» liderada por Horta e Costa.

«O facto da Telecel não estar exposta aos negócios das telecomunicações fixas, cujos resultados têm vindo a deteriorar-se», e onde a PT controla a PT Comunicações, ajuda a aclarar a diferença de comportamento entre ambas as empresas.

Vasco Balixa da OK2Deal relembra a entrada da operadora móvel italiana TIM no mercado brasileiro, nas mesmas regiões onde actua a Telesp Celular, operadora móvel brasileira controlada em 65,12% pela PT.

O analista da Cotavalor acrescenta que, «a incerteza» no que concerne à consolidação do sector móvel ajuda a explicar o desempenho «menos conseguido» da dona da Optimus. «No caso de entrada de um quarto operador (ONI Way) no mercado, a SonaeCom seria a mais penalizada», rematou o analista, «dado que é a que detém menor quota de mercado».

BCP caiu 39% no trimestre e foi o mais penalizado do sector

No trimestre, o Banco Comercial Português (BCP) [BCP] perdeu 38,75%, contra a queda percentual, menos acentuada, do Banco Espírito Santo (BES) [BESNN] e do BPI [BPIN] que caíram 9,96% e 18,7%, respectivamente.

O analista da Cotavalor salienta que, «apesar do BCP ter perdido mais do que o BES e o BPI, o comportamento não foi muito diverso do verificado pelos restantes bancos europeus».

Em três meses, o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) caiu 33,97%, e o Santander Central Hispano (SCH) decresceu 35,70%, auxiliando à descida de 21,43% do IBEX 35 [IBEX] espanhol.

O especialista OK2Deal relembra os rácios de solvabilidade Tier 1 do BCP que se encontram a níveis «baixos», que a manter-se, poderão «originar um aumento de capital».

A alienação de participações não estratégicas como as que detém na Cimpor, EDP e Brisa, que seria visto como uma alternativa ao recurso ao mercado, «aos actuais níveis, iria gerar grandes menos-valias para o banco», esclareceu a mesma fonte.

No trimestre, a Electricidade de Portugal (EDP) [EDP] caiu 22,96%, a Cimpor [CIMP] perdeu 12% e a Brisa [BRISA] decresceu 12,28%. A concessionária de auto-estradas é a única empresa do PSI20 ainda com ganhos no decorrer dos últimos três trimestres, período no qual subiu 5,04%.

Último trimestre dependente da economia «real»

Para o último trimestre do ano, os analistas não aguardam por uma recuperação «espantosa» nos mercados. Para atingir o «break even» em 2002, o PSI20 necessitaria de valorizar 34,8% até ao final do ano.

Segundo Carlos Firme do Finibanco, dada actual conjuntura das Bolsas, os mercados, «não deverão ter espaço para cair muito mais», parecendo que já «estão a criar um ‘bottom’».

O analista alerta entretanto para novas «surpresas» caso não surjam sinais de retoma a nível macro-económico.

Joel Mendes mostra-se prudente na previsão do «timing» de recuperação da economia e da Bolsa nacional, adiantando que, «é necessário uma série indicadores macro-económicos sustentados, que ainda não vimos, e que tenham algum reflexo nas contas das empresas para que possamos falar em recuperação».

Vasco Balixa da OK2Deal realça que, «tradicionalmente o mercado de capitais, onde se formam os preços, incorpora as expectativas dos agentes para os próximos seis meses», ou seja, «deveremos continuar a assistir a um ‘bear market’ no próximo semestre».

Por Pedro Carvalho

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