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Investidor de 66 mil milhões de dólares volta a apostar na banca europeia
Uma década depois da crise financeira, é hora de voltar a olhar para os bancos europeus, segundo a Allianz Global Investors.
"Estamos a prepararmo-nos para os bancos, mas sair da era do gelo para a normalidade leva tempo", afirmou Jörg de Vries-Hippen, director de investimentos para acções da Europa na Allianz GI. "Pode ser um erro não apostar nos bancos, mas isso não significa que seja necessário apostar em todos os bancos. É preciso comprar os bancos certos."
O facto de um dos maiores investidores institucionais da Europa ter evitado um sector tão grande desde a crise, e ainda se sentir à vontade para lhe dar um peso menor em relação ao índice Stoxx Europe 600, diz muito sobre os desafios enfrentados pelos bancos.
As taxas de juros em níveis recorde - abaixo de zero na maior parte do continente - reduziram as margens de crédito que normalmente geravam lucros para os bancos. Os futuros das taxas de juro de curto prazo sugerem que as taxas do Banco Central Europeu (BCE) continuarão em zero ou abaixo desse patamar pelo menos durante mais um ano.
Além disso, a tecnologia - agora com o apoio de iniciativas reguladoras como a Directiva de Serviços de Pagamentos 2 da União Europeia - está a derrubar obstáculos para a concorrência em pagamentos e serviços, outra galinha dos ovos de ouro para os bancos.
Ainda assim, o argumento em prol do investimento dos bancos melhorou. Os órgãos reguladores têm pressionado os bancos a aumentarem o capital e a serem mais honestos em relação ao estado dos seus activos. Os padrões globais para tornar os bancos mais fortes finalmente estão mais claros, o que dá aos bancos visibilidade sobre a quantidade de capital que precisam. Mais importante que isso, o crescimento e a procura de crédito regressaram. Como resultado, as avaliações normalizaram. No Bloomberg Europe 500 Banks and Financial Services Index, o rácio médio do preço/valor é de 0,98.
Jörg de Vries-Hippen disse ver "bons bancos" na Holanda depois de o governo holandês ter feito "um óptimo trabalho" para reparar os prejuízos causados pela crise financeira e pela bolha doméstica de financiamentos imobiliários. Os bancos italianos também estão a ficar mais atraentes, diz, "mas não estou tão entusiasmado como com os holandeses e os franceses".
As acções dos bancos alemães, por sua vez, continuam a sofrer com a proliferação de bancos mais pequenos e menos rentáveis, acrescenta.
Os bancos nórdicos estavam na lista de investimentos da Allianz GI, "mas agora temos um problema com o mercado imobiliário e estamos cautelosos em relação aos bancos", disse. Dados compilados pela Bloomberg sugerem que a AGI conseguiu alguns lucros com a sua posição no Swedbank no fim de 2017, mas ainda mantém uma posição reduzida.
Desde o segundo semestre do ano passado, a Allianz GI tem comprado acções de bancos como o Crédit Agricole, de França, o ABN Amro Group, da Holanda, e o UniCredit, com sede em Milão, segundo dados compilados pela Bloomberg.
"A economia mundial está bem", disse De Vries-Hippen. "A Europa está a funcionar muito melhor."
(Texto original: Allianz Global Investors Is Warming Up to European Bank Shares)