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Bolsa nacional com queda semanal perto dos 3%
A bolsa nacional fechou a semana a perder 2,69%, interrompendo o ganho registado na semana passada, de quase 2%. BCP, Altri e Banif foram as empresas que mais penalizaram o índice.
A bolsa nacional começou a semana a avançar pela quinta sessão consecutiva, com uma contribuição positiva dos sectores da banca e da energia. A marcar os resultados do início da sessão estiveram os resultados do indicador da produção industrial para a Zona Euro, que contraiu menos do que esperado, bem como o indicador de confiança dos produtores industriais do Japão, que passou a positivo pela primeira vez desde Setembro de 2011.
Na terça-feira começou a maré “negra” do índice nacional, com as demissão do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ainda na segunda-feira, e de Paulo Portas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, já na terça-feira.
Quarta-feira foi o pior dia da semana, com o índice a registar uma queda de 5,31%, um registo de fecho de sessão só encontrado em Abril de 2010, quando o índice resvalou 5,36%. A capitalização bolsista do índice recuou 2,3 mil milhões de euros.
A liderar as perdas da praça portuguesa estiveram a banca e a EDP, que acusaram a incerteza política que o País vive, após a demissão de Paulo Portas.
Toda a banca com a excepção do ESFG registou perdas acima dos 8%, com o BES e BCP, os principais bancos portugueses, a resvalarem 10,95% e 12,90%, respectivamente.
Também neste dia, os juros da dívida pública portuguesa a 10 anos negociaram acima dos 8%, o petróleo disparou em Londres e Nova Iorque, e o euro esteve em mínimos de cinco semanas face ao dólar.
A situação portuguesa e o golpe militar no Egipto arrastaram os principais índices europeus para o vermelho.
Quinta-feira, foi a vez do índice nacional começar a recuperar das perdas do dia anterior, tendo subido quase 4%, a melhor sessão desde 10 de Abril.
A sessão arrancou de forma positiva, com o mercado a reagir às negociações que o CDS e o PSD encetaram para encontrar uma “solução viável” de governo, de forma a resolver o impasse criado com o pedido de demissão de Paulo Portas, que Passos Coelho não aceitou.
A contribuir para a tendência de alta do mercado português esteve também o presidente do BCE, que voltou a fazer “história” ao assumir um compromisso inédito por parte da autoridade monetária europeia. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião mensal do BCE, Mario Draghi afirmou que o banco central tenciona manter as taxas de juro de referência “no nível actual [0,5%] ou mais baixo durante um extenso período”. É a primeira vez que o BCE fornece sinais tão claros aos mercados sobre o rumo da política monetária, o que atirou os índices europeus para ganhos superiores a 2%.
A banca comandou as subidas, com um avanço generalizado à volta dos 10%, apoiada pela decisão da CMVM, que decretou a suspensão do “short selling” nas acções do BCP, BES, Banif e Sonae Indústria. A decisão foi tomada ao abrigo de um regulamento europeu que permite esta proibição nos títulos que registem uma desvalorização de mais de 10% no fecho de uma sessão.
Hoje, o principal índice da bolsa nacional recuou 0,45%, com o BES a ser o único do sector bancário a contrariar o sentimento negativo. O mercado português foi ainda penalizado pelos títulos da Jerónimo Martins e da Sonae SGPS. A dona do Pingo Doce caiu 0,56% para os 15,97 euros, enquanto a empresa liderada por Paulo Azevedo perdeu 1,57% para os 68,9 cêntimos.
No somatório da semana, Portucel, Cofina, Galp e Semapa foram as únicas quatro empresas com um registo positivo, entre os 0,28% e os 3,18%. As restantes 16 empresas terminaram a semana em queda, com especial destaque para o BCP que depreciou 9,38%, e a Altri e o Banif, que recuaram 8,88% e 8,60%, respectivamente.