Notícia
Ben Bernanke reitera apoio à economia para tranquilizar investidores
Mensagem de que mesmo que as compras de activos sejam reduzidas, a política monetária continuará a suportar a recuperação, animou os mercados.
A Reserva Federal dos EUA não recua na intenção de reavaliar os estímulos à economia nos próximos meses, apesar do aumento recente das taxas de juro no mercado, e vão continuar a ser os dados económicos a determinarem "se as compras de activos serão reduzidas mais rapidamente do que o previsto ou se serão aumentadas". As palavras de Ben Bernanke, o presidente do banco central norte-americano, que foi presente ao Congresso dos EUA quarta-feira, procuram sossegar os investidores e garantir que, mesmo que o programa de compra de activos seja diminuído, a política monetária "altamente acomodatícia irá continuar a ser adequada no futuro previsível".
A reacção dos mercados financeiros terá agradado a Ben Bernanke, que no início da apresentação disse "confiar que os investidores começam a perceber melhor a mensagem" que a Fed quer passar. A bolsa manteve os ganhos moderados do início da sessão, até pelo facto de, ao contrário do que aconteceu em Junho, a mensagem contida na apresentação introdutória não foi diferente do discurso que Bernanke teve na sessão de perguntas e respostas que se seguiu.
Aliviaram também um pouco os juros das obrigações do Tesouro, que servem de referência para os custos de financiamento na economia real e que são o indicador mais importante que os investidores estão a acompanhar neste momento. A taxa dos "Treasuries" a 10 anos baixou para menos de 2,5%, afastando-se lentamente dos mais de 2,7% tocados na semana passada, antes de vários membros da Reserva Federal, incluindo Bernanke, terem tentado "arrefecer" as expectativas do mercado. O S&P 500 ganhou 0,34%, voltando a aproximar-se de recorde, num dia que acabou por ser de ganhos para as bolsas mundiais.
Retirada sem "plano pré-definido"
A subida das taxas das obrigações do Tesouro de 1,6% em Maio para mais de 2,7% no início deste mês deveu-se à percepção por parte de muitos investidores de que a Fed estaria a mudar de política. Mesmo reconhecendo os "riscos negativos" que persistem sobre a economia, Bernanke e vários membros da Fed pareciam estar a adoptar uma posição mais conservadora e receosa dos possíveis efeitos perniciosos da política monetária que tem sido seguida.
Bernanke voltou quarta-feira a garantir que as declarações feitas em Maio e Junho "não representam uma mudança de política" e esforçou-se por distinguir o programa de compra de activos no mercado da abordagem global que a Reserva Federal tem perante a política monetária, nomeadamente a taxa de juro de referência.
"Com o desemprego ainda elevado e a cair apenas gradualmente, e com a inflação abaixo do objectivo de longo prazo, uma política monetária altamente acomodatícia vai continuar a ser apropriada no futuro previsível", garantiu Bernanke no Congresso. O presidente da Reserva Federal demorou-se também um pouco mais na análise aos problemas colocados pela inflação baixa pelo "risco de deflação", o que foi lido por alguns observadores como uma forma de "temperar" os receios dos investidores sobre a retirada da política de estímulos.
Por outro lado, o responsável esforçou-se por passar a mensagem de que a gestão do programa de compra de activos será feita com grande flexibilidade. "Se as condições económicas melhorarem mais rapidamente do que o previsto, e a inflação se dirigir claramente para o nosso objectivo, o ritmo de compras de activos pode ser reduzido mais rapidamente", disse. "Por outro lado, se as perspectivas para o mercado de trabalho se tornarem menos favoráveis [entre outros factores] o actual ritmo de compras pode manter-se por mais tempo".