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"A China é uma coisa evidente para quem quer exportar"

Quinta do Vallado decidiu fazer uma aposta de longo prazo na China. Companhia de vinhos do Douro já exporta 40% da produção

"A China é uma coisa evidente para quem quer exportar"
16 de Agosto de 2011 às 10:06
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João Álvares Ribeiro | Visão profissional, canalizada 25 anos para o BPI, é dedicada agora à gestão da Quinta do Vallado.



No seguimento de uma visita de um grupo de jornalistas do Oriente a Portugal em 2009, a convite dos "Douro Boys" - grupo de cinco produtores que visa a promoção dos vinhos do Douro do qual faz parte -, a Quinta do Vallado decidiu "consolidar os contactos" então estabelecidos, para "tentar capitalizar essa iniciativa". Foi assim, explica João Álvares Ribeiro, director executivo da companhia vitivinícola, que começou a aventura da marca no Império do Meio.

Com 40 mil garrafas vendidas, a China não é o maior mercado de exportação da companhia - lugares actualmente ocupados pelos EUA e Brasil, que, cada, "correspondem aproximadamente a 15,5% do total das exportações". O mercado, reconhece Álvares Ribeiro, tem as suas dificuldades próprias, como "o idioma, a distância e a inexistência de um mercado de vinhos estabelecido". Estes são "pontos que se apresentam como obstáculos e que nos cabe superar", afirma, acrescentando: "a forma de ultrapassar estes pontos é deslocarmo-nos até lá, é estar presente localmente sempre que se justifica".

A dimensão do mercado justifica assim uma aposta, que é "para continuar", apesar do "muito trabalho que há a fazer", reconhece o administrador: "ir para a China é uma coisa evidente para quem quiser exportar", sublinha.

Num "mundo que está completamente imprevisível", Álvares Ribeiro, que durante 25 anos esteve na área da banca de investimento, vê ainda "algumas certezas", como o "crescimento fortíssimo" do Brasil, mercado prioritário para a companhia de vinhos do Douro. A Quinta do Vallado tem conseguido, também, defende, "resultados muito bons" em alguns países da Europa, como a Polónia e o Reino Unido. E não esquece Portugal: "crescemos 40% no mercado interno" em 2010. Este ano, "aumentámos os preços em 4%, algo que a companhia não fazia há "três ou quatro anos", argumenta. Mas, ainda assim, a previsão anual de facturação que, em Março passado, Álvares Ribeiro contabilizava em 2,5 milhões de euros - em linha com o vendido em 2010 e visto como "um bom resultado" - já foi revista. "As expectativas, neste momento, são de aumentar para aproximadamente 2,8 milhões de euros", o que representa um crescimento anual acima de 10%.

Na exportação, a evolução deverá ser mais significativa, na ordem dos 23% em valor, para 950 mil euros e de 42,8% em volume, para 200 mil garrafas vendidas. Além da produção de vinhos, a Quinta do Vallado é hoje símbolo de enoturismo, com um projecto hoteleiro (recuperação e ampliação da quinta setecentista) no valor de 1,5 milhões de euros.

A companhia emprega 35 pessoas permanentemente.






Perguntas a ...

João Álvares Ribeiro
Director Executivo da Quinta do Vallado


"A principal dificuldade é o desconhecimento de Portugal e dos seus vinhos"

Como preparam a vossa entrada num novo mercado?
Não têm havido muitos mercados "novos" com grande significado, para além da China. Tipicamente temos apostado na presença em importantes feiras do sector, em diversos mercados, assim como na participação de provas de vinhos organizadas nesses países, e procuramos ainda pedir informações ao ICEP local, de cada mercado onde vamos, sobre potenciais importadores. Em alguns casos com maior potencial, temos organizado eventos dos "Douro Boys" que por vezes têm lugar nas próprias embaixadas.

No caso da China, quais são as vossa expectativas a médio prazo?
As expectativas são muito fortes, mas há ainda muito trabalho a fazer. Temos de ter em conta a dimensão da China, como também alguns factores que influenciam as tendências de consumo naquele país. Por estas razões, entre outras, para tirar o melhor partido do potencial deste mercado, o nosso trabalho e investimento nas relações locais terá de ser redobrado.

Quais as principais dificuldades em entrar na China? Como as ultrapassam?
A principal dificuldade é o desconhecimento de Portugal, dos vinhos portugueses por parte da maioria dos chineses (com bom poder de compra) e a inexistência de restaurantes portugueses neste país. Os grandes mercados de vinho, na China, são os segmentos de "status" - vinhos franceses e italianos muito caros -, e os vinhos muito baratos. Os bons vinhos do Douro não se enquadram bem em nenhum destes segmentos. São vinhos bons mas não tão caros como os franceses e italianos (e nem tão pouco muito baratos quanto os do segmento mais baixo). Como o elevado preço de um vinho (ou muito reduzido) é motivador de compra, os nossos vinhos encontram-se num patamar intermédio face à generalidade da procura, nesse destino.






Ideias-chave

Investir na produção, não perder oportunidades de contacto e cooperação, contactar localmente


1. Investir na produção
Tomada a decisão de lançar a marca Quinta do Vallado, a companhia foi objecto de investimentos na ordem dos sete milhões de euros na área da produção. A nova adega, surgida em 2009, aumentou a capacidade produtiva para 700 mil garrafas por ano. A marca vive também do enoturismo, recuperando instalações que datam de 1716.

2. Capitalizar e cooperar
O lema da direcção da Quinta do Vallado é não perder oportunidades: entre feiras, provas de vinhos, cooperação com o ICEP e contactos com a imprensa (no estrangeiro e em Portugal), todas são ocasiões para recolher mais informação para novos mercados e aprofundar laços comerciais. A cooperação do "Douro Boys", grupo de cinco produtores da região, também tem dado frutos.

3. Apostar localmente
A China, pela dimensão, características sócio-culturais e distância, é um mercado que requer uma atenção especial. Visitar e conhecer os distribuidores, negociar localmente e manter contacto permanente faz toda a diferença.

4. Saber, e conseguir, esperar o retorno
"Não sei o que vai acontecer na China. Para já temos tidos bons resultados", afirma Álvares Ribeiro. Garante, contudo, que a aposta da Quinta do Vallado é de longo prazo: "vamos continuar lá".




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