Notícia
Entrevista ao Prod. Doutor Pedro Silva
Presidente do Departamento de Gestão e Economia da UBI - Universidade da Beira Interior
27 de Setembro de 2010 às 07:00
Prod. Doutor Pedro Silva
Presidente do Departamento de Gestão e Economia da UBI - Universidade da Beira Interior
Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Em geral, não. Tanto podem ser eficazes cursos intensivos de curta duração como programas com duração mais longa (desde que não seja excessiva) e os conteúdos podem ser diversos, específicos ou genéricos, apenas devendo neste último caso ter um enfoque menos teórico e mais direccionado para o estudo e discussão das melhores práticas das organizações. Os horários têm de ser compatibilizados com as restrições de tempo deste tipo de formandos e a nossa experiência diz-nos que além do horário pós-laboral (ao fim do dia e Sábados) poderemos ocupar no máximo apenas a Sexta-feira ou a Sexta à tarde.
Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
A oferta de formação executiva pode contemplar cursos especializados, intensivos, sobre tópicos novos não abordados numa formação ao nível da licenciatura e até de mestrado. De resto, o contexto empresarial está em permanente evolução e a formação contínua é mesmo essencial. A legislação laboral é bastante diferente da que estudámos há 10 anos atrás, a Contabilidade sofreu profundas alterações, as matérias fiscais estão em constante alteração, os produtos financeiros tendem a ser mais complexos, a necessidade de uma estratégia de internacionalização é mais premente, etc. Também é verdade que muitos executivos não têm uma formação base em gestão (sendo oriundos de áreas tecnológicas, engenharias, etc.) e nesse caso até uma formação executiva em Gestão Geral, Comportamento Organizacional e Liderança poderá ser uma mais-valia.
Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de cursos?
Um curso adequado às necessidades do executivo melhora competências profissionais específicas, pode trazer novas ideias e formas de pensar e pode melhorar as suas capacidades de liderança. O contacto com colegas com múltiplas formações, origens e experiências também poderá ser interessante a nível pessoal e profissional.
No caso de cursos de longa duração, embora a formação possa nalguns casos ser exigente, é quase sempre conciliável com a vida profissional. É claro que a auto-motivação e o interesse nas temáticas abordadas são condições essenciais para que cursos longos sejam concluídos com sucesso.
De forma a alavancar o potencial de uma formação executiva em gestão geral uma experiência anterior de cerca de 3 anos poderia ser interessante. Já no caso de cursos mais especializados não será necessária. De qualquer modo não é nossa prática impor qualquer critério mínimo relacionado com a experiência profissional.
Os cursos do Departamento de Gestão e Economia mais direccionados para a formação executiva são procurados em grande parte por empreendedores ou potenciais empreendedores. Este perfil justifica-se em grande medida devido à baixa densidade empresarial da região em que nos inserimos, com poucas grandes empresas ou com os seus centros de decisão em Lisboa ou no Porto.
Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
Não. A nossa experiência de formação em todos os níveis de ensino diz-nos que a disparidade etária não é minimamente problemática e quando está, como no caso da formação executiva, associada a diferentes níveis de experiência profissional, acaba por ser enriquecedora (por exemplo nas discussões em sala ou na realização de trabalhos práticos). A abertura a não licenciados também não será, normalmente, problemática. Em primeiro lugar porque o formando normalmente selecciona uma formação adequada ao seu perfil e, em segundo lugar, porque a ênfase dos módulos não sendo excessivamente teórica acaba por não alienar estes formandos.
Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
Para efeitos de formação a experiência profissional é enriquecedora porque o formando com experiência relaciona facilmente os conceitos e situações referidas na formação com as situações vividas no seu local de trabalho oferecendo também mais facilmente exemplos e opiniões dentro da sala de formação. Isto beneficia a sua aprendizagem mas também a dos seus colegas.
Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Todos têm vantagens. Grave seria considerar que uma licenciatura é um ponto de chegada quando ela é, de facto, um ponto de partida, um passaporte para o mercado de trabalho. A formação contínua dos gestores é, como em outras áreas, condição necessária para um bom desempenho profissional. De resto, a quebra na rotina que representa um destes programas de formação, o maior distanciamento do local de trabalho e o contacto com pessoas diferentes pode, por si só, contribuir para o formando reflectir e repensar as suas práticas profissionais. A escolha em concreto do tipo de formação depende da formação-base do licenciado (gestão ou outra), das suas funções (mais ou menos técnicas) bem como das suas expectativas profissionais (possibilidade de ter novas responsabilidades no futuro e quais).
Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
Ao nível pessoal tenderá a existir um retorno positivo. Um curriculum que demonstre a aquisição de competências ao nível da gestão e liderança poderá abrir novas oportunidades profissionais para os formandos.
O empregador também poderá beneficiar de forma tangível e intangível. Pode beneficiar porque as novas competências adquiridas beneficiam a gestão da empresa (não só o formando mas muitas vezes também os seus colegas de trabalho) mas também porque os níveis de motivação dos executivos que frequentam estes programas poderão aumentar.
Contudo, os estudos empíricos que avaliam o impacto destes programas de formação são difíceis de realizar e por isso mesmo são escassos.
Presidente do Departamento de Gestão e Economia da UBI - Universidade da Beira Interior
Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Em geral, não. Tanto podem ser eficazes cursos intensivos de curta duração como programas com duração mais longa (desde que não seja excessiva) e os conteúdos podem ser diversos, específicos ou genéricos, apenas devendo neste último caso ter um enfoque menos teórico e mais direccionado para o estudo e discussão das melhores práticas das organizações. Os horários têm de ser compatibilizados com as restrições de tempo deste tipo de formandos e a nossa experiência diz-nos que além do horário pós-laboral (ao fim do dia e Sábados) poderemos ocupar no máximo apenas a Sexta-feira ou a Sexta à tarde.
A oferta de formação executiva pode contemplar cursos especializados, intensivos, sobre tópicos novos não abordados numa formação ao nível da licenciatura e até de mestrado. De resto, o contexto empresarial está em permanente evolução e a formação contínua é mesmo essencial. A legislação laboral é bastante diferente da que estudámos há 10 anos atrás, a Contabilidade sofreu profundas alterações, as matérias fiscais estão em constante alteração, os produtos financeiros tendem a ser mais complexos, a necessidade de uma estratégia de internacionalização é mais premente, etc. Também é verdade que muitos executivos não têm uma formação base em gestão (sendo oriundos de áreas tecnológicas, engenharias, etc.) e nesse caso até uma formação executiva em Gestão Geral, Comportamento Organizacional e Liderança poderá ser uma mais-valia.
Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de cursos?
Um curso adequado às necessidades do executivo melhora competências profissionais específicas, pode trazer novas ideias e formas de pensar e pode melhorar as suas capacidades de liderança. O contacto com colegas com múltiplas formações, origens e experiências também poderá ser interessante a nível pessoal e profissional.
No caso de cursos de longa duração, embora a formação possa nalguns casos ser exigente, é quase sempre conciliável com a vida profissional. É claro que a auto-motivação e o interesse nas temáticas abordadas são condições essenciais para que cursos longos sejam concluídos com sucesso.
De forma a alavancar o potencial de uma formação executiva em gestão geral uma experiência anterior de cerca de 3 anos poderia ser interessante. Já no caso de cursos mais especializados não será necessária. De qualquer modo não é nossa prática impor qualquer critério mínimo relacionado com a experiência profissional.
Os cursos do Departamento de Gestão e Economia mais direccionados para a formação executiva são procurados em grande parte por empreendedores ou potenciais empreendedores. Este perfil justifica-se em grande medida devido à baixa densidade empresarial da região em que nos inserimos, com poucas grandes empresas ou com os seus centros de decisão em Lisboa ou no Porto.
Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
Não. A nossa experiência de formação em todos os níveis de ensino diz-nos que a disparidade etária não é minimamente problemática e quando está, como no caso da formação executiva, associada a diferentes níveis de experiência profissional, acaba por ser enriquecedora (por exemplo nas discussões em sala ou na realização de trabalhos práticos). A abertura a não licenciados também não será, normalmente, problemática. Em primeiro lugar porque o formando normalmente selecciona uma formação adequada ao seu perfil e, em segundo lugar, porque a ênfase dos módulos não sendo excessivamente teórica acaba por não alienar estes formandos.
Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
Para efeitos de formação a experiência profissional é enriquecedora porque o formando com experiência relaciona facilmente os conceitos e situações referidas na formação com as situações vividas no seu local de trabalho oferecendo também mais facilmente exemplos e opiniões dentro da sala de formação. Isto beneficia a sua aprendizagem mas também a dos seus colegas.
Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Todos têm vantagens. Grave seria considerar que uma licenciatura é um ponto de chegada quando ela é, de facto, um ponto de partida, um passaporte para o mercado de trabalho. A formação contínua dos gestores é, como em outras áreas, condição necessária para um bom desempenho profissional. De resto, a quebra na rotina que representa um destes programas de formação, o maior distanciamento do local de trabalho e o contacto com pessoas diferentes pode, por si só, contribuir para o formando reflectir e repensar as suas práticas profissionais. A escolha em concreto do tipo de formação depende da formação-base do licenciado (gestão ou outra), das suas funções (mais ou menos técnicas) bem como das suas expectativas profissionais (possibilidade de ter novas responsabilidades no futuro e quais).
Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
Ao nível pessoal tenderá a existir um retorno positivo. Um curriculum que demonstre a aquisição de competências ao nível da gestão e liderança poderá abrir novas oportunidades profissionais para os formandos.
O empregador também poderá beneficiar de forma tangível e intangível. Pode beneficiar porque as novas competências adquiridas beneficiam a gestão da empresa (não só o formando mas muitas vezes também os seus colegas de trabalho) mas também porque os níveis de motivação dos executivos que frequentam estes programas poderão aumentar.
Contudo, os estudos empíricos que avaliam o impacto destes programas de formação são difíceis de realizar e por isso mesmo são escassos.