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"Produzimos os melhores azeites do mundo"

Houve uma alteração profunda na forma de fazer azeite em Portugal

15 de Dezembro de 2010 às 08:00
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Em Portugal, nos últimos anos, a área de olival cresceu exponencialmente. A plantação, o trabalho no campo e a colheita são hoje feitos com base nas mais recentes evoluções tecnológicas. E o mesmo se passa nos lagares. Para Pedro Cruz, presidente da Casa do Azeite, o resultado é evidente: a produção por hectare aumentou, os custos baixaram, tal como o preço pago pelos consumidores. Com melhores práticas, a qualidade melhorou, o que é atestado pelos prémios internacionais conquistados pelas marcas portuguesas de azeite.

Quais são os benefícios de se consumir azeite?
O azeite tem a grande vantagem de fazer a simbiose de benefícios fantásticos relativos à saúde (do ponto de vista vascular e cardiovascular e da pele), e do sabor. Junta, por isso, a saúde com o sabor, o que constitui uma vantagem única e específica deste produto.

Qual é o actual panorama do consumo em Portugal e no mundo?
A nível mundial, a procura de azeite tem vindo a crescer de forma sustentável, com alguns mercados a demonstrarem dinâmicas maiores do que outros. Há mercados para além dos tradicionais da bacia mediterrânica, como os Estados Unidos, que são o quarto consumidor mundial, onde o consumo de azeite é elevado. Também há novos mercados a crescer com grande dinamismo, como acontece com o Brasil. Mas também há aqueles sobre os quais existem grandes pontos de interrogação, pois não se sabe para onde vão evoluir. É o caso de países do sudeste asiático, como a China ou a Índia, ou do Japão e Coreia do Sul, que já tiveram fases de crescimento elevado e nos últimos tempos estagnaram.

Em Portugal, há condições para haver ainda aumento do consumo. Além dos benefícios do azeite serem evidentes, o seu preço baixou, devido a ser hoje produzido de forma mais eficiente e com custos de produção mais baixos. E o País ainda tem consumos per capita pouco superiores a 50% face aos consumos de países como a Espanha, Itália ou Grécia.

Como é que está a mudar a tecnologia do sector ao nível da agricultura e da transformação da azeitona?
Houve uma alteração profunda na forma de fazer olival em Portugal. Hoje estão a ser utilizadas técnicas modernas de plantio, de irrigação e maneio no campo, que permitem rendibilidades completamente diferentes. A acrescentar a isso, a mecanização da colheita tornou este negócio ainda mais interessante.

São factores que têm contribuído para a queda do preço do azeite, mas têm causado, naturalmente, maiores dificuldades para aqueles que ainda hoje têm olival tradicional. É algo que exige alguma reconversão, talvez não tão rápida como o desejável, do olival tradicional.

Qual a influência, nessa mudança tecnológica, da entrada de espanhóis no negócio em Portugal?
Os espanhóis ajudaram-nos muito pelas técnicas que trouxeram, pela forma de plantar e irrigar. Ma também no que respeita aos lagares, que são hoje muito mais eficientes, contribuindo para que o azeite que se produz tenha uma qualidade muito melhor. Estamos a falar de práticas completamente distintas. Esta evolução recente teve como base as últimas tendências e o melhor que se faz no sector.

Hoje temos uma base plantada de olival e de lagares muito melhor. É uma mancha evoluída de tecnologia e técnica como não existe em nenhum outro sítio do mundo. Muito melhor do que há em Espanha e mesmo em produtores emergentes, como o Chile.





"Portugal não pode concorrer nos mercados externos pelo preço"

Até há bem pouco tempo tínhamos de importar azeite. Já produzimos o que consumimos?
A campanha deste ano tornará Portugal auto-suficiente pela primeira vez desde a década de cinquenta, embora haja quem diga que isso só acontecerá para o ano. Mas essa discussão é irrelevante.

O que está previsto é que o país passará de uma produção média anual de 30 mil toneladas de azeite, o valor base do início da evolução actual, para cerca de 100 mil toneladas. É um salto fantástico, porque nos torna, de facto, exportadores líquidos de azeite, num sector que cria muito valor na exportação.

Se o produto tiver origem em Portugal, permite que os operadores estejam melhor posicionados para aproveitarem as oportunidades que existem nos mercados internacionais.

Como é que o mercado externo tem sido conquistado?
O maior mercado externo de Portugal é o Brasil, onde o azeite português tem uma quota de 52% do consumo total. Tem tido condições naturais para crescer, uma vez que o rendimento disponível dos brasileiros tem aumentado sustentadamente nos últimos 12 anos.

Por outro lado, a Casa do Azeite, associação que agrupa os interesses de empresas do sector, tem feito, directamente e através dos seus associados, investimentos no desenvolvimento da imagem do azeite português nos mercados externos. É, por isso, que continuam a ser desenvolvidas campanhas, umas apoiadas pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), outras recorrendo apenas a fundos próprios da associação.

Qual o papel dos pequenos produtores, com os seus azeites de quinta?
Há espaço para todos. Não acredito que Portugal possa concorrer no mercado externo no azeite por uma questão de preço. Apesar de sermos agora auto-suficientes, continuamos a representar menos de 5% da produção total mundial de azeite. Não podemos concorrer, por exemplo com a Espanha, que deverá estar a produzir cerca de 1,5 milhões de toneladas de azeite por ano. A escala é completamente diferente. Quando há alguém que é cerca de 15 vezes maior do que nós, é difícil podermos concorrer através do preço. Temos de nos diferenciar. JMD
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