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Hotelaria afirma que "retoma do turismo em Portugal abortou"
As restrições recentes de que Portugal foi alvo vêm contrariar a recuperação que era esperada para o turismo no verão de 2021.
A perspetiva de que a retoma se iria iniciar neste verão não se verificará, afirma o presidente da associação hoteleira, justificando com os recentes constrangimentos no que toca à Grã-Bretanha e à Alemanha. "Este será um ano negativo ou com resultado zero, quando esperávamos que ele fosse já positivo", aponta Raul Martins.
As autoridades sanitárias da Alemanha consideraram que Portugal, assim como a Rússia, são zonas de risco devido à existência de variantes do novo coronavírus, pelo que proibiu as viagens para estes dois países esta semana. Paralelamente, o Reino Unido foi incluído na lista de países cujos cidadãos serão sujeitos a quarentena de 14 dias após entrada em Portugal continental, determinou o Governo português, através de um despacho.
Neste cenário, o presidente da AHP considera que, mais que criar novas medidas e apoios, é urgente operacionalizar os já existentes, e aumentar as verbas "por forma a corresponder às necessidades do setor". "Os apoios não estão disponíveis. Têm de ser definidos os critérios que vão permitir ao Banco de Fomento apoiar. O que para nós é urgente é que essa definição exista", explica Raul Martins. A expectativa é que seja possível fazer este trabalho até 15 de julho e que seja aplicado desde logo.
Reservas já baixas em risco de piorar
O inquérito, que fica desatualizado face às novidades quanto ao Reino Unido e Alemanha, já não mostrava o melhor cenário.
"Vamos ter um prejuízo gravíssimo nesta época alta, contávamos com o mercado alemão e inglês", alerta Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP. A média de reservas está nos 45% na época alta. "Pior que isto, nem sei o que poderíamos imaginar. Não sei como vai ser pior".
A média de reservas em junho ficou-se pelos 43%, em julho devia situar-se na mesma linha e em agosto em torno dos 46%. A estes dados acresce que mais de metade dos inquiridos dizem que 80 a 100% das respetivas reservas são reembolsáveis.
Os principais mercados de turismo são o mercado interno, à cabeça, e Espanha e França a preencherem o "Top 3" do turismo nacional. O Reino Unido já estava fora deste grupo no momento do inquérito, posicionando-se em quarto lugar.
A taxa de ocupação média nacional ficou "apenas" nos 48%, apontou Cristina Siza Vieira. O pior registo está em Lisboa, de 32%, e os mais de 60% conquistados pelo Algarve e Alentejo "não são motivo de excitação", tendo em conta que o que está em causa é a época alta, continua a vice-presidente.
O inquérito indicava menos unidades hoteleiras encerradas em junho do que no mesmo mês do ano passado, e a tendência era que a percentagem de unidades encerradas fosse cada vez menor até setembro. Em paralelo, notam-se dificuldades na contratação, diz a AHP. 68% dos inquiridos têm a intenção de reforçar as equipas em regime temporário para fazer face aos picos de procura. Mas 64% dizem que estão com muita dificuldade na contratação para este período e, mesmo tendo hóspedes, não estão a conseguir servir nos próprios restaurantes ou fazer serviço de quartos. Isto porque muitos dos funcionários mudaram de cidade ou estão a receber o subsídio de desemprego.
As principais ameaças apontadas pelo setor são as restrições em termos de voos e mobilidade (40%), o medo de ser infetado com a doença (26%) e a incerteza e desconhecimento das regras no local de destino (25%).
(Notícia atualizada às 12:54)