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Airbus admite priorizar entregas fora dos EUA se tarifas forem travão ao comércio
O CEO da Airbus assume ainda desconhecimento pelo impacto das tarifas, mas é claro ao dizer que a prioridade estará do lado dos clientes fora dos Estados Unidos.
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As tarifas de Donald Trump continuam a fazer das suas, especialmente depois de anunciar taxas de 25% para automóveis e "mais pesadas" para medicamentos e chips. Em resposta a estas tarifas, e já em modo de precaução, o CEO da Airbus admite dar prioridade aos clientes não americanos, caso estas mesmas tarifas comecem a bloquear o comércio internacional.
Guillaume Faury garante que a fabricante aeronáutica europeia tem "uma grande procura do resto do mundo". "[Se] enfrentarmos dificuldades muito significativas para entregar nos EUA, também nos podemos antecipar e entregar a outros clientes que estão ansiosos para receber aviões", disse o CEO da Airbus à CNBC na apresentação os resultados anuais.
A American Airlines e a Delta Air Lines estão entre os principais operadores de aeronaves da Airbus, o que pode influenciar futuras encomendas caso o presidente Donald Trump decida aplicar tarifas ao setor aeroespacial. A estas companhias acrescentam-se a JetBlue e a United.
"As tarifas estão a aproximar-se, mas não sabemos como serão, se e quanto teremos taxas e qual será o seu impacto. Estamos prontos para nos adaptarmos de acordo com o definido", vincou Faury.
Contudo, Guillaume Faury sustentou que a Airbus tem comprado mais aos EUA, vender mais aviões e helicópteros, mas também concentrar uma parte da produção no país. Com uma fábrica no Alabama focada na finalização da montagem dé jatos da família A220 e A320, existindo ainda outra fábrica em construção para o fabrico específico de A320 e A321 para o mercado americano.
O CEO da Airbus escolhe ainda sublinhar que "as tarifas vão fazer os dois lados sofrer, por isso, espero e acredito que não seremos significativamente impactados pelas tarifas".
Por agora, a única incerteza é se a previsão de entrega de 820 aeronaves ao longo de 2025 é para se manter, que a Airbus calculou sem a aplicação de tarifas no setor. A empresa admite ter em carteira perto de oito mil aeronaves, mas tem registado dificuldades na cadeia de fornecimento, o que tem impedido uma produção mais rápida.
A Airbus reportou esta quinta-feira, 20 de fevereiro, que os lucros subiram 12% até aos 4,23 mil milhões de euros em 2024, um valor líquido que ficou perto do recorde atingido em 2022, também na ordem dos 4,2 mil milhões. O aumento justificou-se com a melhoria no desempenho da divisão de aviões comerciais, que conseguiu compensar as dificuldades do negócio nos setores espacial e de defesa.