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Cobaias humanas ajudam a criar robôs mais seguros

Para tornar os "cobots", ou robôs colaborativos, mais seguros é preciso aperfeiçoar a sua interactividade com os humanos. É nisso que está a trabalhar o investigador Roland Behrens com a ajuda de voluntários ou, neste caso, cobaias humanas.

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14 de Novembro de 2015 às 16:00
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Roland Behrens prendeu Stephan Bernstein a uma estrutura de metal, vendou-lhe os olhos e colocou-lhe protector auricular para que não veja ou oiça onde a máquina o vai atingir. Não se preocupe, Bernstein está bem. Ele é um dos 15 voluntários a trabalhar com investigadores do Instituto Fraunhofer IFF, em Magdeburg, na Alemanha, que querem tornar os robôs mais seguros na interacção com os humanos, quer estejam a colaborar com colegas de carne e osso numa fábrica, quer venham a seu usados como auxiliares domésticos.

Esta história é-nos trazida pela agência Bloomberg e mostra o trabalho do investigador alemão Roland Behrens e da sua equipa.

 

Os robôs colaborativos – ou "cobots" – precisam de ser configurados para reconhecerem a presença de humanos e abrandarem ou pararem a acção em curso após uma colisão inesperada, evitando magoar gravemente a pessoa em causa. Mas, com quanta força pode um robô atingir um humano antes de lhe causar dano? E como é que esses parâmetros se alteram dependendo da zona do corpo atingida ou do tipo de instrumento que o robô está a usar?

 

São estas as questões a que Roland Behrens, um cientista que trabalha com voluntários como Bernstein, está a tentar responder.

 

"A melhor maneira é evitar o contacto em primeiro lugar", disse o investigador à Bloomberg. "Se o contacto ocorrer, as consequências têm de ser tão pequenas que a pessoa possa regressar ao trabalho no dia seguinte, no máximo com uma nódoa negra, mas não com um ferimento ou uma ferida aberta", concluiu.

 

Na reportagem da Bloomberg, Behrens mostra vários sistemas de segurança desenhados para tornar estas máquinas mais seguras, desde sensores de proximidade, a chão táctil, até um sistema de projecção que delimita o campo de acção do robô, sendo este obrigado a parar sempre que há uma sombra sobre a luz.

 

Escreve a Bloomberg que se registaram 158 acidentes de trabalho envolvendo humanos e robôs no ano passado na Alemanha, o maior número desde 2005 pelo menos, de acordo com a seguradora alemã DGUV. Por outro lado, foram vendidos no ano passado o maior número de sempre de robôs industriais, criados por empresas como a alemã Kuka ou a japonesa Fanuc, de acordo com a Federação Internacional de Robótica.

 

A Alemanha, a maior economia europeia com fábricas de ponta, tem um especial interesse na questão da segurança entre robôs e humanos. O país foi identificado pelas Nações Unidas como "super-envelhecido", com um quinto da sua população com idade superior a 65 anos. A fatia da população em idade activa vai encolher dos actuais 50 milhões para 34 milhões em 2060. Assim sendo, os robôs podem ser a melhor maneira de manter os níveis de produtividade, escreve a agência. "Robôs a apoiarem humanos no seu trabalho é uma excelente ideia, mas tem de ser seguro", ressalva Behrens.

 

Actualmente, existe um "standard" de segurança no segmento dos robôs industriais que estipula uma intensidade máxima de contacto de 150 newton, mas é apenas uma linha orientadora. "Não há informação sobre a forma ou as partes do corpo. Ser atingido com uma agulha no olho a 150 newton é muito diferente de ter uma esfera larga a bater na perna", explica Behrens, que está a trabalhar com a Instituto Alemão de Segurança Ocupacional para desenvolver os "standards" mais indicados. Explica a Bloomberg que 150 newton é similar a uma chapada muito ao de leve, no máximo, sendo que um lutador profissional consegue desferir um golpe com uma intensidade de 5 mil newton.

 

Enquanto alguns estudos nesta área usaram cadáveres de porcos, Behrens e os seus colegas decidiram recrutar voluntários humanos como Bernstein. A equipa de investigadores desenhou uma máquina para bater em pessoas e capaz de registar o impacto. É essencialmente um pêndulo mecânico que imita um membro robótico. Os testes são feitos de forma gradual no que concerne a intensidade do impacto e a velocidade. Os voluntários, por sua vez, avaliam numa escala de um a dez o nível de dor sentido, sendo que Behrens pára os testes quando a dor atinge o nível cinco.

 

Por agora, a investigação está a ser feita ao nível dos braços, ombros e mãos. Uma vez terminada, a equipa de investigação planeia estudar colisões em outras partes do corpo. "Isto é especialmente importante à medida que os robôs se tornam mais sofisticados", diz Behrens. "É um importante passo no sentido de ter robôs em casa".

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