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A revolução cultural "made in Finland"

A Finlândia assistiu, no últimos anos, a uma alteração de mentalidades sobre as start-ups, num contexto marcado pela crise da gigante Nokia. Um "case study" para Portugal.

Bruno Simão/Negócios
25 de Março de 2014 às 11:00
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As diferenças entre a Europa do Norte e a Europa do Sul há muito que são conhecidas. Mas como será que a Finlândia vê as start-ups? Peter Vesterbacka, director de marketing da finlandesa Rovio – empresa que desenvolveu o jogo Angry Birds – explica que, em cerca de cinco anos, o país viveu "uma revolução cultural". "Foi muito rápido e uma mudança total. Isto não foi apenas com os estudantes. É em toda a sociedade", afirmou ao Negócios, em Fevereiro, quando passou por Portugal.

Para ilustrar esta ideia, Vesterbacka revelou que, em 2007, fez uma apresentação numa universidade finlandesa e, quando questionou os estudantes sobre a possibilidade de começarem o seu próprio negócio, poucos foram os que se manifestaram. "Depois disso, decidimos fazer algo" e criámos "um evento para start-ups feito por start-ups", o Slush, afirmou. E as mudanças rapidamente se fizeram sentir. No ano passado, Vesterbacka voltou a fazer uma apresentação e o número de jovens que se manifestou foi superior.

O número de start-ups na Finlândia tem vindo a crescer nos últimos anos. Stefan Lindstrom, da Embaixada da Finlândia em Portugal, revelou ao Negócios que é "difícil" apontar um número concreto. "O que é claro, contudo, é que há um número significativamente maior de start-ups ligadas às tecnologias nos últimos anos", afirma.

Além de uma mudança de mentalidades, Lindstrom sugere que as alterações ocorridas em várias empresas têm alguma relevância no crescimento das start-ups. Exemplo disso é a Nokia que, fruto de uma restruturação na empresa, colocou "muitos engenheiros com experiência internacional no mercado", pessoas que acabaram por criar as suas próprias empresas. Por outro lado, os exemplos de sucesso, como é o caso da Rovio, da Supercell e da Fingersoft – empresas da área dos jogos e das aplicações para smartphones – acabam por gerar novas start-ups.

As start-ups e o financiamento

Para o Governo, estas empresas "são o futuro", aponta Lindstrom. Jyrki Katainen, primeiro-ministro finlandês, em Novembro de 2013 – quando esteve no Slush –, afirmou, citado pelo "Wall Street Journal", que o país "tem de apoiar o empreendedorismo".

Na Finlândia, a Tekes, a agência pública de financiamento ao investimento, tem um papel importante no apoio à investigação e à inovação. De acordo com os números presentes no site, este organismo apoiou, em 2013, 680 start-ups. Para isso, de acordo com a imprensa internacional, a Tekes terá investido mais de cem milhões de euros.

E de acordo com o "The Nordic Web" (um agregador de dados sobre tecnologias e start-ups), que cita dados da Dow Jones, a Finlândia, no primeiro trimestre de 2013, captou 12% do investimento de fundos de capital de risco europeus, ficando à frente da Alemanha e apenas atrás do Reino Unido e da França.

Slush e Onda

O Slush é uma conferência, que se realiza em Novembro na capital Helsínquia e que reúne start-ups da Europa do Norte e Rússia. Neste encontro de dois dias, as empresas têm a oportunidade de se reunirem com investidores.

"Qualquer investidor que vá" tem "dez ou 20 start-ups que querem conhecer. Organizámos, em Novembro, 2.000 encontros, durante dois dias entre estas start-ups [que estiveram no Slush] e os investidores", afirmou Martin Talvari, da Startup Sauna, a entidade promotora do evento, quando esteve em Lisboa em Fevereiro. Um evento semelhante vai ter lugar em Lisboa, em Junho, denominado Onda.

 
Onda: um evento com pinceladas da Finlândia

A Onda, que vai realizar-se em Lisboa no início de Junho, vai ser uma réplica do Slush: uma conferência que em Helsínquia decorre em Novembro e que se pauta por permitir o encontro entre start-ups e investidores que tenham interesses comuns. O objectivo é facilitar, nomeadamente a aposta dos investidores nas empresas. A ideia de trazer este evento para Lisboa surgiu no final de Fevereiro na sequência do Building Global Innovators - um evento de empreendedorismo - que reuniu em Portugal, nomes como Peter Vesterbacka, da Rovio, e Martin Talvari, da finlandesa Startup Sauna.

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