Notícia
Arte contemporânea aluga-se
Convivem, diariamente, com a arte, no escritório e em casa. Mas, se em casa as obras adquiridas, "com paixão", ao longo dos anos permanecem, no local de trabalho a palavra de ordem é: rotatividade - de obras e de artistas. É disso mesmo que vive a...
O conceito é novo em Portugal mas os resultados, apesar da crise, estão acima do esperado pelos promotores da SOTA Art, uma start up que aluga arte contemporânea a empresas para lhes embelezar os halls e paredes, dando-lhes uma imagem de vanguarda.
O outro eixo em que assenta o core business desta empresa são os projectos culturais, ou seja, ao conceito do aluguer acrescentaram a sua integração em programas de comunicação e responsabilidade social. Os objectivos estão na ponta da língua dos promotores: não só associam os seus clientes a um programa cultural de grande visibilidade como criam novos públicos para a arte contemporânea ajudando a alavancar as carreiras dos artistas através da criação de novas fontes de rendimento e de comunicação. Um dos exemplos mais recentes é o projecto "Próxima Paragem Cultura" que divulga obras de jovens autores nos títulos de transporte de Lisboa e Porto.
Perfil Nome: SOTA -Agência de Arte Início de Actividade: 29 de Abril de 2009 Actividade: Consultoria cultural e aluguer de propriedade intelectual Capital Social: 100.000 euros (52,5% promotores, 2,5% Business Angel e 45% Inovcapital) Contacto: www.sotaart.com Trabalhadores: 3 (não incluindo os 4 membros da Comissão de Arte & Cultura, órgão consultivo da SOTA ART). Um dia a vida de Marco Espinheira, 37 anos, natural do Porto, licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Católica e mestre em Business Administration pela California State University, cruzou-se com o da austríaca Astrid Sauer, 30 anos, mestre em Gestão de Empresas pela Vienna University of Economics, e criaram a SOTA. Antes, Marco criou tarimba na área da comunicação e marketing nos EUA e em Portugal, tendo sido entre 2006 e 2008 director do Lisbon Village Festival. Já Astrid trabalhou em várias capitais europeias (Paris, Londres e Viena) e em Portugal foi consultora para a PwC e para a Roland Berger. O rumo que a vida tomou fez com que, actualmente, Astrid frequente o mestrado em Arte Contemporânea da UCP. |
É certo que existiram obstáculos ao arranque do projecto, mas Astrid prefere lembrar aos potenciais empreendedores que há sempre uma forma de os minimizar: "a preparação extensa e detalhada do business plan". Sem surpresa, a principal dificuldade foi encontrar parceiros estratégicos e credíveis para um projecto novo, num cenário de plena crise económica e financeira. A empreendedora recorda os passos dados: "elaborámos um plano de negócios a cinco anos, que incluiu uma análise macroeconómica, sectorial, benchmark e estratégica.
Incluímos os necessários, Plano Financeiro, Plano Operacional e Plano de Marketing. Efectuamos entrevistas com artistas, galeristas e potenciais clientes - como profissionais liberais, pequenas e médias empresas e grandes empresas." O processo de preparação e negociação (com potenciais investidores) demorou cerca de cinco meses. "A nossa experiência em consultaria estratégica/financeira e em gestão de projectos facilitaram a elaboração do plano de negócios e a negociação", comenta Astrid. O arranque da SOTA acabou por concretizar-se com o apoio financeiro de business angels e da Inovcapital, sociedade de capital de risco.
Como funciona? O aluguer de arte tem seis etapas e as taxas variam em função do preço de mercado das peças e da duração do contrato. É possível alugar arte a partir de 80 euros por mês mais custos de transporte e instalação. Visita O cliente agenda uma visita inicial, sem custos, para estudo do local. Proposta A SOTA envia uma proposta com as obras de arte que melhor se enquadram no espaço, no tempo pretendido e no orçamento do cliente. Selecção das Obras O cliente confirma as peças propostas ou opta por substituí-las. Entrega e Instalação A equipa transporta e instala a exposição conforme acordado. Rotação Com base na escolha do cliente, a exposição é substituída cada três, seis ou 12 meses. |
O facto de operar num mercado de nicho e da estrutura de custos ser muito contida ajudou a minimizar os efeitos negativos da crise. Os resultados da Sota dão, aliás, bons motivos para Astrid e Marco sorrirem. Alcançaram o break even em metade do tempo previsto sendo as expectativas para 2010 "muito promissoras". Gozam, como poucos, da tranquilidade dada pela inexistência de concorrência. "O simples facto de sermos os primeiros a chegar ao mercado, cria uma barreira considerável a outras iniciativas em Portugal, não existindo, neste momento, concorrentes directos. Existe, no entanto, a possibilidade que, no futuro, artistas, galerias, museus ou instituições que tenham considerável património artístico possam vir a desenvolver um negócio concorrente", comenta a empreendedora.
Nos próximos anos o caminho a trilhar pela empresa cascaense, que opera em todo o país, sobretudo em Lisboa e no Porto, é fácil de descrever: fortalecer a actividade em Portugal, crescendo em volume de negócio e serviços oferecidos. Dentro de cinco anos, esperam, virá o salto para lá do espaço natural. Promover os talentos locais em Espanha, Angola e Áustria está nos planos da SOTA.