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70% das empresas só conta com recuperação em 2022 ou 2023

O regresso à normalidade não deverá acontecer até ao final deste ano, segundo um inquérito empresarial da AEP que “vem confirmar a necessidade de apoiar urgentemente o financiamento e a capitalização das empresas”.

10 de Maio de 2021 às 12:52
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Quase metade das empresas portuguesas (47%) só perspetiva o regresso à normalidade em 2022, havendo ainda 23% que aponta para essa recuperação apenas a partir de 2023.

 

Esta é uma das conclusões do mais recente inquérito à retoma da atividade económica, realizado durante o mês de abril pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a que responderam 450 empresas de âmbito nacional e diversos setores.

 

"É muito preocupante. (…) Este resultado vem confirmar a necessidade de apoiar urgentemente o financiamento e a capitalização das empresas. É fundamental a rápida implementação de instrumentos de apoio como, por exemplo, o Banco Português de Fomento, que deverá ter um papel relevante", disse ao Negócios o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro.

 

No primeiro trimestre deste ano, mais de metade das inquiridas (53%) teve uma redução do volume de negócios e também da carteira de encomendas. No que toca ao número de trabalhadores, 76% diz que manteve, sendo igual (12%) a percentagem que diz ter aumentado e diminuído o efetivo.

 

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Quase um terço das empresas diminuiu o volume de investimento no primeiro trimestre de 2021.

 

O investimento é outra vítima da crise provocada pela pandemia de covid-19. Nos primeiros três meses do ano, apenas 6 em cada 100 inquiridas referem ter aumentado. E quase um terço cortou mesmo no valor investido, em comparação com o mesmo período de 2020.

 

A recapitalização e o prolongamento dos apoios são essenciais enquanto for necessário travar o encerramento de empresas viáveis. Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP

 

Já para este segundo trimestre – e numa comparação com uma "situação de normalidade" –, 41% das empresas espera ainda uma quebra do volume de negócios, embora com "perspetiva de melhoria" face ao registado no período entre janeiro e março deste ano.

 

"A recapitalização e o prolongamento dos apoios são essenciais enquanto for necessário travar o encerramento de empresas viáveis. Não podemos, nem devemos, aguardar até ao final do verão", dramatiza o líder da AEP, acrescentando que "não tem dúvidas de que serão novamente as empresas a ter um papel determinante na recuperação económica e social do país".

Como o Negócios noticiou, o endividamento das pequenas e médias empresas (PME) disparou com a pandemia de covid-19. Em fevereiro, o último valor para o qual há dados, as dívidas destas empresas à banca subiram 11,8%, em termos anuais. Nem recuando a 2008, o início da série estatística do Banco de Portugal, é possível encontrar um ritmo tão acelerado de crescimento das dívidas.
 

Opinião das empresas sobre várias propostas de medidas de apoio.
Opinião das empresas sobre várias propostas de medidas de apoio.

 

Já questionados sobre os principais problemas no funcionamento das medidas de apoio à economia, o prazo demorado continua a ser avaliado como o de maior relevância, seguido pela instabilidade legislativa, pela complexidade e pelo montante insuficiente.

 

Neste inquérito feito regularmente pela histórica associação patronal sediada em Matosinhos, as empresas dizem ainda concordar que um dos grandes constrangimentos nos apoios às empresas é a rigidez laboral, designadamente na obrigatoriedade de manutenção dos postos de trabalho. Apenas 6% discordam desta afirmação.

 

Relevante ou muito relevante é ainda como a esmagadora maioria das empresas (94%) classifica a importância do "forte envolvimento" das empresas nacionais ou a atuar em território nacional na execução do investimento público, tendo em conta o "avultado afluxo de fundos comunitários" resultante dos dois quadros financeiros plurianuais (PT2020 e 2021-2027) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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