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Grupos de media pedem intervenção contra o poder da Google
Os grupos de media reforçam que é necessário haver algum tipo de intervenção contra o poder da Google. "Está tudo na mão da mesma entidade", alerta o administrador da Sport TV.
Nos últimos cinco anos os grupos de media perderam 225 milhões de euros em receitas. Para tentar inverter esta tendência, as empresas do sector estão a tentar diversificar os proveitos, nomeadamente através da aposta no digital.
O problema? Este segmento "é dominado pela publicidade. E 90% do mercado europeu é dominado por um só player que nem é europeu: a Google", explicou Rolando Oliveira, administrador da Controlinveste, accionista da Sport TV.
"Estamos num negócio antigo. Não mudámos a tempo. Os meios nacionais demoraram a dar o salto". E agora "somos milhares (à escala europeia) a concorrer pelos 10%".
Rolando Oliveira sublinhou ainda que o peso da gigante norte-americana Google "retira capacidade de concorrência" e "interfere nos mais variados campos da nossa vida quer económica quer socialmente. Eles é que ditam as regras do uso dos dados da nossa privacidade", exemplificou. "Está tudo na mão da mesma entidade".
Por isso, defende que "tem de haver uma intervenção junto deste grande poder. Tem de haver regras do uso desse poder que eles têm", alertou.
Questionado sobre uma eventual união dos grupos nacionais de media para tentar ganhar mais espaço no campo do digital Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, não excluiu a hipótese. "Faz todo o sentido", respondeu. E adiantou que "não está fora da mesa. É algo que temos vindo a falar. É algo que temos de trabalhar".
O presidente executivo da dona da SIC lembrou que a Google e o Facebook usam os conteúdos produzidos pelos órgãos de comunicação social. E, na sua opinião, "não têm sido capazes de gerir essa responsabilidade e as suas relações com os media em geral. E isso é errado".
"Há uma cadeia de valor e nós somos os investidores desses conteúdos", como o pagamento de salários e meios técnicos para a produção dos mesmos, exemplificou. "Está na hora de distribuir esse valor pela própria cadeia de valor. Há formas legislativas de o fazer e formas negociais de o fazer. Temos de encontrar caminhos que sejam benéficos para ambas as partes", sugeriu.