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Robôs e laser ajudam Amorim a eliminar "sabor a rolha"

Na batalha contra o TCA, que altera o sabor do vinho dando-lhe o chamado paladar "a rolha", a indústria corticeira investiu mais de 700 milhões de euros em tecnologia de ponta. Agora, continua a convencer produtores mundiais de vinho a regressar aos vedantes naturais, conta a Reuters.

DR
09 de Maio de 2017 às 11:59
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2,4,6-Trichloroanisole. O nome é difícil de pronunciar – a sigla TCA será talvez mais inteligível. Três letras que, nos últimos anos, têm sido o alvo preferencial da indústria de rolhas de cortiça, que tenta eliminar a presença deste composto que altera o sabor do vinho engarrafado.

Em particular a portuguesa Amorim, que na sua "guerra" contra os produtos vedantes alternativos – fabricados em plástico ou em alumínio – recorre a tecnologia moderna para afastar quaisquer traços de TCA nas suas rolhas.

A história é contada pela Reuters, que refere que a Corticeira "recrutou robôs, lasers e uma bateria de análises cromatográficas" capazes de detectar vestígios ínfimos do tal Trichloroanisole na cortiça.

Um trabalho de pormenor – o laser é usado no polimento das rolhas, que passam depois pela análise cromatográfica, num pacote de tratamentos denominado NDTech - que permitiu nos últimos anos eliminar o sabor a rolha da esmagadora parte dos vinhos engarrafados com os vedantes da Amorim, convencendo assim os produtores a não usarem sucedâneos de plástico ou alumínio.

Carlos de Jesus, director de marketing da Amorim, diz que há 12, 15 anos, o panorama era "tudo menos optimista". Mas entretanto o investimento feito (mais de 700 milhões de euros em novos equipamentos e em pesquisa) ajudou a que a cortiça recuperasse quota nos EUA – para os 60% - e no mundo (para 70% em relação aos outros materiais).

As rolhas com o tratamento anti-TCA já convenceram produtores como a Laroche Wines a regressar ao vedante de origem natural, ao fim de 10 anos a usar outros materiais. Mas há críticos de vinhos que torcem o nariz às bebidas arrolhadas, argumentando que, mesmo passando pelo crivo de tecnologias como a que a Amorim usa, há risco de deterioração do produto.

A associação do sector, a APCOR, estima que até 1,2% das garrafas possam apresentar este problema. Mas uma crítica de vinhos, Lisa Perotti-Brown, escreveu em Abril que teve de descartar recentemente mais de 8% de uma amostra de 900 vinhos da Califórnia exactamente por estarem tapados com rolha.

A China - com mais de 100 milhões de pessoas a desenvolver gosto pelo vinho e para onde as exportações dispararam 22% no ano passado - está agora no centro da batalha entre os produtores da tradicional cortiça e dos novos materiais, com o material produzido pelos sobreiros a ser tido como de "prestígio" entre os consumidores.

João Rui Ferreira, presidente da APCOR, reconhece a aposta nos vinhos premium – embora os produtores também tenham desenvolvido alternativas mais baratas. "As tendências são muito claras. O consumo de vinho no mundo está a deixar de ser conduzido pelo volume para ser determinado pelo valor," afirma à Reuters.

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