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Lucros da Navigator recuam para 201 milhões até setembro
A produtora de pasta e papel duplicou o total de investimentos para 142 milhões de euros até setembro, dos quais 61% para acelerar o plano de descarbonização. Compra de empresa em Espanha contribui para o aumento de 51% das vendas de "tissue".
A The Navigator Company registou um lucro de 200,8 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que reflete um recuo de de 25,8% face aos 270,5 milhões apresentados no mesmo período do ano passado.
As vendas totais diminuíram, por seu lado, 19,9% para 1.460,6 milhões de euros, enquanto o EBITDA recuou 31,8% para 376,5 milhões.
Na divulgação dos resultados até setembro, a produtora de pasta e papel salienta que aumentou as vendas de tissue em cerca de 51% e duplicou o montante total de investimentos para 142 milhões de euros, dos quais 61% - 86 milhões - é considerado investimento em ambiente ou de cariz sustentável.
A empresa liderada por António Redondo salienta que o terceiro trimestre ocorreu "num contexto especialmente adverso", mas frisa que face ao trimestre anterior o volume de negócios aumentou para 481 milhões e o do EBITDA para 124 milhões.
"Quando comparamos o terceiro trimestre com o mesmo trimestre de 2022 verificamos uma acentuada quebra de custos em todos os segmentos, com uma redução entre 16% e 18% nos segmentos de pasta e papel e de perto de 12% no segmento de tissue", diz a empresa em comunicado, salientando que "estes fatores, aliados à estratégia comercial de diversificação de produtos e mercados, permitiram atingir, nos primeiros nove meses, um EBITDA de 377 milhões euros". A margem EBITDA foi de 26%.
A Navigator diz ainda que até setembro mais do que duplicou o montante total de investimentos, que ascenderam a 142 milhões, quando no período homólogo tinham sido de 65 milhões.
A empresa refere que pretende antecipar em três anos a sua meta intermédia de emissões diretas, prevendo alcançar já no final de 2026 os objetivos inicialmente previstos para 2029 no seu Roteiro para a Neutralidade Carbónica. "A companhia poderá, assim, alcançar em 2026 um patamar que representa menos de metade das emissões registadas em 2018", frisa.
No negócio do papel, o grupo sublinha o "contexto global de forte queda de procura aparente de papéis de uso gráfico (de 11%)", para apontar que o papel para impressão e escrita (UWF) continua "a ser o mais resiliente", tendo registado um decréscimo de 6% no terceiro trimestre. Já no conjunto dos primeiros nove meses a quebra das vendas foi de 29% em termos homólogos.
"O terceiro trimestre revela uma ligeira melhoria do contexto de mercado face ao vivido no primeiro semestre", diz ainda, explicando que "apesar de inicialmente lento, o processo de destocking ao longo da cadeia de distribuição aparenta ter intensificado no final do terceiro trimestre".
Já no segmento de papel tissue o volume de vendas atingiu 102 mil toneladas nos primeiros nove meses, um aumento de 32% face ao período homólogo, tendo a evolução de preços levado a um crescimento do valor de vendas de cerca de 51%.
O aumento verificado, diz, beneficiou da integração da nova fábrica em Saragoça, agora denominada Navigator Tissue Ejea.
No segmento de packaging o grupo diz sentir em 2023 "um forte abrandamento da procura face aos anos anteriores, em que se verificaram níveis de procura extraordinariamente altas que resultaram num aumento de stocks anormal em transformadores e clientes finais".
No mercado da pasta, a empresa adianta que as vendas acumuladas até setembro situaram-se em 370 mil toneladas, o que representa um aumento de 83% face ao período homólogo, tendo o valor das vendas (em euros) "sido condicionado pelo atual nível de preços, evidenciando ainda assim um crescimento de cerca de 30%".
Nos primeiros nove meses do ano o endividamento líquido do grupo situou-se em 550 milhões de euros, "impactado, entre outros, pelo desembolso associado à aquisição da Gomà-Camps Consumer" e pela distribuição de 200 milhões em dividendos. O rácio dívida líquida remunerada / EBITDA situou-se em 0,98.