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Indústria europeia parte para confinamento com maior “boom” em mais de 2 anos
O crescimento da indústria em outubro foi liderado pela Alemanha, onde o volume de novas encomendas atingiu recordes.
O alívio das medidas de restrição representou um verdadeiro balão de oxigénio para a indústria da Zona Euro que registou, em outubro, a recuperação mais expressiva em mais de dois anos.
O índice de gestores de compras (PMI) para a indústria da região – que mede a evolução deste setor através de inquéritos aos gestores – cresceu mais do que era esperado no mês passado, dando seguimento à recuperação iniciada em junho. O índice subiu de 53,7 pontos em setembro para 54,8 pontos em outubro – a marca dos 50 pontos separa a contração da expansão – o valor mais alto dos últimos 27 meses e, segundo a IHS Markit, raramente superado nos últimos 20 anos.
"A indústria da Zona Euro explodiu em outubro, com a produção e a carteira de encomendas a crescerem a um ritmo raramente superado nas últimas duas décadas. No entanto, embora os dados sejam um bom presságio para a produção durante o quarto trimestre, a expansão é preocupantemente desigual", afirma Chris Williamson, economista-chefe da IHS Markit.
Enquanto a Alemanha registou o crescimento mais elevado em mais de dois anos e meio e a Áustria alcançou máximos de quase dois anos, França registou uma recuperação modesta e a Grécia assistiu mesmo a uma contração, com o PMI a fixar-se nos 48,7 pontos, um mínimo de três meses. Espanha e Itália registaram recuperações "sólidas" enquanto a Holanda e a Irlanda ficaram-se por subidas modestas, com o PMI pouco acima da barreira dos 50 pontos.
"A Alemanha liderou uma vez mais por uma grande margem, com as fábricas a relatarem um aumento no volume de novos pedidos que ultrapassou tudo o que já vimos nos 25 anos de história da pesquisa", explica Chris Williamson.
No entanto, o responsável adverte que "embora os pedidos de automóveis, equipamentos comerciais e maquinaria tenham aumentado à medida que a economia global recuperou após os bloqueios", as novas encomendas de bens de consumo quase pararam em outubro.
"A debilidade das empresas voltadas para o consumidor serve como alerta de que, embora a indústria como um todo possa estar a crescer por enquanto, a sustentabilidade da recuperação dependerá de o comportamento das famílias regressar ao normal e do fortalecimento dos mercados de trabalho. Dadas as segundas ondas de infeções pelo vírus, isso ainda parece um pouco distante", conclui o responsável.
A recuperação do setor poderá, assim, travar a fundo nos últimos dois meses deste ano, com a maioria doa países a anunciarem novos confinamentos a partir deste mês, para tentar travar a segunda vaga da pandemia.
Alemanha e França anunciaram na semana passada um novo confinamento parcial de um mês, Espanha impôs novas medidas de restrição como o recolher obrigatório no período noturno e Portugal conheceu este fim de semana um novo plano para conter a covid-19 e que passa por medidas mais duras aplicadas a 121 concelhos.