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Metalurgia defende controlo de Bruxelas à importação de produtos acabados

Rafael Campos Pereira defende que há há ao nível dos produtos acabados e semiacabados "concorrência desleal que vem do Oriente, da Turquia e de vários outros países.

Getty Images
23 de Junho de 2024 às 09:32
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A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) defendeu este domingo que, mais do que investigar a importação de matéria-prima siderúrgica da China, a Comissão Europeia deveria controlar a importação de produtos acabados.

"O que nos preocupa é que estão a ser abertas estas investigações à importação de matéria-prima, da qual nós precisamos e que não faz sentido que seja encarecida. Faz muito mais sentido que sejam feitas investigações à importação de produtos acabados ou semiacabados, particularmente de produtos acabados, o que não está a ser feito e temos alertado para isso", afirmou o vice-presidente executivo da AIMMAP em entrevista à agência Lusa.

Segundo Rafael Campos Pereira, há ao nível dos produtos acabados e semiacabados "concorrência desleal que vem do Oriente, da Turquia e de vários outros países, ainda por cima já com matérias-primas mais baratas".

"Se, ainda por cima, vamos encarecer as matérias-primas que importamos de outros mercados - porque a produção de aço, mas não só, de alumínio também, não é suficiente para a produção industrial e para o nosso setor - só se está a penalizar ainda mais as empresas", enfatizou.

O dirigente associativo refere que, por exemplo, o setor metalúrgico e metalomecânico português usa aço proveniente de todo mundo - coreano indiano, chinês -, pelo que encarecer as matérias-primas importadas "é um tiro no pé" e só vai "reduzir a competitividade das empresas", nacionais e europeias.

"Precisamos é que os produtos que nos fazem concorrência - e concorrência desleal, com trabalho menos digno, etc - esses sim, sejam vigiados. Na questão do aço, não podemos penalizar uma indústria enorme na Europa", sustentou.

Adicionalmente, Rafael Campos Pereira defende a revisão pela União Europeia (UE) das cláusulas de salvaguarda - "que ainda agora vão ser novamente aprovadas", lamenta - e que impõem uma taxação na compra de aço fora da União, para proteger os fabricantes europeus.

"Ainda por cima, essas cláusulas são medidas por trimestre e as pequenas e médias empresas - e mesmo as grandes empresas e as 'mid caps' - são prejudicadas, porque estão a concorrer na compra de aço e de matéria-prima com gigantes da indústria automóvel, da indústria ferroviária, etc. Eles conseguem absorver a matéria-prima toda sem taxação e, depois, as nossas empresas acabam por estar sujeitas a essa tributação", salienta.

No mês passado, a Associação Europeia do Aço (Eurofer, na sigla inglesa) anunciou que a Comissão Europeia iniciou uma nova investigação 'antidumping' por alegada concorrência desleal de produtos siderúrgicos da China, argumentando que "as fábricas chinesas têm inundado o mercado comunitário", pressionando os produtores europeus.

Em comunicado então divulgado, a Eurofer deu conta de "uma nova investigação 'antidumping' sobre as importações de produtos siderúrgicos estanhados provenientes da China" lançada pela Comissão Europeia, falando num "passo importante para restabelecer condições de concorrência equitativas para os produtores" da UE.

De acordo com a associação, as importações provenientes da China de flandres a preços mais baixos afetam as margens de lucro dos produtores europeus, o que resulta numa redução dos volumes de produção, da utilização da capacidade e da quota de mercado, prejudicando os produtores de aço da UE.

"A indústria da UE perdeu um quarto do seu volume de vendas entre 2021 e 2023, enquanto a parte de mercado do consumo da UE absorvida pelas importações chinesas mais do que duplicou no mesmo período", adianta a Eurofer na nota.
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