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Investimento em imobiliário comercial vai ter terceiro melhor ano de sempre apesar da pandemia

Num ano marcado pela pandemia, o investimento em imobiliário comercial no mercado português garantiu já o terceiro valor mais elevado de sempre. No terceiro trimestre o montante ascendeu a 619 milhões de euros.

Miguel Baltazar
04 de Novembro de 2020 às 16:00
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Após um terceiro trimestre com cerca de 619 milhões de euros em investimento em imobiliário comercial no mercado nacional, 2020 deverá terminar com um valor de transações na ordem dos 2.700 a 2.800 milhões de euros, o que corresponde ao terceiro melhor ano de sempre, indica a consultora imobiliária JLL.

Depois dos "residuais 90 milhões investidos no segundo trimestre, o primeiro a refletir o impacto da pandemia", o volume de investimento entre julho e setembro ascendeu a cerca de 619 milhões de euros, assinala a JLL em comunicado.

"Uma recuperação desta magnitude em plena pandemia abre boas perspetivas para a reta final do ano, pois mostra que, apesar das adversidades e da elevada incerteza quanto ao evoluir da situação, os investidores continuam ativos", considera Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL, citado no comunicado.

"Por um lado, [os investidores] acreditam nos fundamentais de mercado, mantendo-se interessados nos setores tradicionais, mas onde a atividade ocupacional está naturalmente mais afetada, como é o caso dos escritórios e do retalho, mas também dos hotéis. Por outro lado, é de realçar também o crescente interesse por setores como o industrial & logística e o living, com os investidores dispostos a aceitar rentabilidades mais baixas em prol de um produto mais resiliente", detalha.
 

"Nos mercados ocupacionais, este novo trimestre pandémico foi igualmente de evolução positiva face à fase inicial de abril a junho, com alguns setores mais resilientes, como é o caso da habitação, e outros com novos desafios, como são os casos dos escritórios e do retalho. Mas, em suma, podemos dar uma nota transversal de um sentimento positivo do mercado no fecho do 3º trimestre", diz ainda o responsável.

Perspetivas de um quarto trimestre forte

Para os últimos três meses do ano, Pedro Lancastre destaca que "as operações que estavam em curso continuam a decorrer e, a maioria, sem ajustamento de preço". "Mantém-se o interesse nos segmentos tradicionais, com alguma cautela acrescida na promoção imobiliária, nos escritórios e, claro, no retalho e hotelaria, ao mesmo tempo que os segmentos alternativos estão com grandes oportunidades".

"Considerando o pipeline de negócios em desenvolvimento, acreditamos que atividade no 4.º trimestre possa ser semelhante à do 3.º trimestre, colocando o total do ano em cerca de 2.700 a 2.800 milhões de euros, o terceiro melhor ano de sempre", conclui.


Até setembro, o volume de investimento atinge os 2.213 milhões de euros, "um patamar apenas superado na última década pelos anos recorde de 2018 e 2019, ambos acima dos 3.000 milhões".

No terceiro trimestre, o investimento "foi fortemente impulsionado pela venda do parque de escritórios, Lagoas Park, por 421 milhões de euros, evidenciando-se ainda a venda de um conjunto de lojas Leroy Merlin e de um portefólio de cinco supermercados". 

"As yields mantêm-se em mínimos em praticamente todos os segmentos, atingindo os 4,00% nos escritórios, os 5,25% nos centros comerciais, os 4,5% no comércio de rua e os 5,75% em industrial & logística", indica a JLL.

 

Escritórios

A pandemia está a levar a um abrandamento da procura de espaços de escritórios, com o take-up no acumulado do ano a ficar 30% abaixo do período homólogo, atingindo 102.041 m2, dos quais 18.000 m2 no terceiro trimestre.

"O adiamento nas decisões de expansão ou de mudança de instalações é uma postura comum das empresas nesta fase de incerteza, com algumas organizações também a optar por reduzir os seus espaços de escritório devido à adoção mais generalizada do teletrabalho. Contudo, todo o produto de qualidade que é libertado acaba por ser rapidamente absorvido, o que reflete a dinâmica persistente da procura", detalha a JLL.

Em termos de oferta, "no total do ano, terão sido concluídos cinco novos edifícios de escritórios em Lisboa num total de 20.000 m2, enquanto o pipeline em construção ascende a cerca de 186.000 m2".

As rendas têm se mantido estáveis, apesar da redução da procura, com a renda prime do mercado a fixar-se em 25 euros por m2. 

Retalho

"No retalho, o impacto é mais vincado, sendo este um dos setores mais afetados pela pandemia, devido à quebra de vendas", assinala a consultora. "A restauração, que constava entre os setores mais dinâmicos na abertura de lojas pré-Covid, é um dos mais afetados por estas restrições", acrescenta. 

Ainda assim, "alguns segmentos destacam-se pela positiva, como o comércio de conveniência e proximidade, bem como o comércio online"

Em termos de setores de atividade, o alimentar, a bricolage e decoração têm também registado desempenhos positivos. 

Residencial

A habitação "tem-se mostrado um dos setores mais resilientes, denotando o impacto da pandemia sobretudo no ritmo de vendas, que caiu cerca de 11% face ao ano passado, que foi um ano recorde".

A JLL destaca que no terceiro trimestre "observou-se um maior equilíbrio entre a procura nacional e internacional, com os compradores domésticos a manterem-se bastante ativos, compensando assim as quebras de negócio por parte dos compradores estrangeiros, limitados pela ausência de viagens".

Em termos de preços, setembro apresentou a primeira queda mensal durante a pandemia, embora a habitação continue a valorizar cerca de 8% face ao ano passado.

No que respeita à habitação premium em Lisboa, "a Avenida da Liberdade apresenta-se como o eixo mais valorizado, em 10.500 €/m2, seguido pelo Chiado, em 9.000 €/m2, e pela Zona Histórica, em 7.500€/m2. Nas restantes zonas da cidade, os valores oscilam entre os 5.000€/m2 e os 6.500€/m2, evidenciando-se ainda o eixo Cascais/Estoril, entre 8.000€/m2 e 10.000€/m2".

"Tal como acontece no imobiliário comercial, também a habitação tem condições para apresentar bons resultados este ano, apesar do contexto de pandemia. Se em 2019 se atingiram perto de 25.000 milhões de euros de transações de habitação, este ano, mesmo com a travagem do 2º trimestre, podemos vir a transacionar perto dos 23.000 milhões", estima Pedro Lancastre.

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