Notícia
Sem Filipe Silva no comando, Galp espera "ventos contrários" em 2025 e reduz investimento
Em dia de apresentação de resultados, a mensagem da nova co-CEO, Maria João Carioca (ex-CFO) não fala de Filipe Silva mas enfatiza a "continuidade estratégica e o foco na execução". "Temos ótimas pessoas e o apoio do Conselho", diz.
Pela primeira vez em quase 13 anos, desde 2012, a apresentação anual de resultados da Galp não contará esta seguda-feira com a habitual presença de Filipe Silva, depois da sua demissão em janeiro na sequência de uma denúncia anónima por suspeita de conflito de interesses em resultado de alegado relacionamento com uma diretora da empresa. O gestor, que invocou "motivos familiares" para a demissão, foi administrador financeiro (CFO) da petrolífera durante quase 11 anos, até ser promovido a CEO em janeiro de 2023, depois da saída de Andy Brown.
Agora, o perfil de Linkedin de Filipe Silva mostra que se mantém como diretor executivo da Galp (cargo que ocupa há 12 anos e oito meses) e que é, desde há apenas dois meses, conselheiro da administração da empresa Trivalor, uma holding de capital 100% nacional, especializada no segmento de Business & Facility Services e na prestação de serviços em outsourcing.
Na Galp, a mensagem da nova co-CEO, Maria João Carioca (ex-CFO) - em dia de apresentação dos resultados de 2024 - não fala de Filipe Silva mas enfatiza a "continuidade estratégica e o foco na execução". "Temos ótimas pessoas e o apoio do Conselho. Juntamente com o meu co-CEO, João Diogo, espero concretizar o plano de investimento da Galp no próximo ano", refere a responsável numa mensagem em vídeo.
Além de dar conta de lucros de 961 milhões de euros em 2024 (os segundos mais altos da história da empresa, que em 2023 chegou a máximos históricos e passou a barreira dos mil milhões), na sua mensagem Maria João Carioca olha também para 2025, ano em que espera um cenário mais fraco. Ainda assim e mesmo com paragens planeadas para manutenção, ao nínel da produção e refinação de petróleo (no Brasil e eem Sines), a Galp antevê um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima de 2,5 mil milhões de euros e um "cash flow" operacional acima de 1,6 mil milhões de euros.
Já para 2026, "com menos ventos contrários, níveis de produção normalizados e ainda os volumes adicionais de Bacalhau (no Brasil) a nova co-CEO diz que esperam um "cash flow" operacional nos 2,6 mil milhões de euros, um aumento de 20% face ao desempenho em 2024, e um EBITDA de 3.3 mil milhões.
"Ainda para o período 2025-26, revimos em baixa as nossas necessidades líquidas de investimento - abaixo de 800 milhões de euros por ano - com foco na disciplina e considerando os fluxos provenientes dos desinvestimentos feitos [80 milhões da venda dos ativos em Angola e saída do gás moçambicano]. Cerca de 65% do nosso investimenro bruto continuará direcionado para crescimento e transformação e 35% para rojetos de baixo carbono", diz Maria João Carioca, sublinhando a "maior visibilidade para próximos projetos e a abordagem disciplinada para executar um plano de baixa intensidade de capital".
No Brasil, a Galp terá este ano 50 dias de manutenção planeada na sua frota de extração petrolífera, com uma produção estimada de cerca de 105 mil barris por dia, número que deverá aumentar 40% em 2026 quando Bacalhau atingir a sua capacidade máxima, espera a empresa. Ao nível da geração de "cash flow" dos ativos petrolíferos brasilieros, depois de em 2024 ter chegado a 600 millhões de euros, a expetativa é que este número desça em 2025, para depois duplicar para 1,2 mil milhões em 2026. Só Bacalhau contribuirá com mais de 400 milhões de euros.
Na Namíbia, o novo "pote de ouro" da Galp em África, a empresa já perfurou quatro poços de petróleo num ano, com bons resultados, com o quinto poço previsto para este ano. A Galp continua a manter 80% do projeto de Mopane, mas quer reduzir o risco e a exposição ao mesmo, vendendo 40% da sua participação.
Em Sines, na única refinaria em Portugal, a petrolífera terá também uma paragem planeada no últi trimestre de 2025, o que deixará a capacidade de refinação nos 80 milhões de barris de matéria-prima processados, com margens de refinação nos seis dólares por barril em 2025 e cinco dólares no ano seguinte. A empresa espera que em 2026 as condições operacionais da refinaria já estejam estabilizadas, sendo este o ano em que está prevista a entrada em operação dos novos projetos de "energia verde": uma unidade de HVO e SAF com capacidade de 270 mil toneladas por ano e 100 MW de eletrolisadores para a produção de hidrogénio verde.
A Galp revela que o investimento de 550 milhões de euros neste projeto de energias renováveis em Sines já está executado a cerca de 30%.
No 'midstream', a Galp espera um EBITDA de cerca de 350 milhões em 2025 e 45 TWh de gás natural e GNL abastecidos e comercializados, a partir de um portfólio de fornecedores mais diversificado a nível global. No Brasil, as atividades de gás devem cresder 40% em termos homólogos.
Nas renováveis, a petrolífera prevê cerca de 400 MW de noca capacidade instalada em 2025 e 2026, com um aumento de 10% na produção em termos homólogos. No armazenamento, estão a ser executados 70 MW este ano, com o primeiro porjeto-piloto programado para avançar este ano.