Apesar de o Governo ter anunciado o adiamento por um ano do fim do mercado regulado da eletricidade, do final de 2025 para 2026, há cada vez mais portugueses que optam por serem abastecidos por comercializadores a operar no mercado livre em Portugal, podendo escolher o seu fornecedor de uma longa lista de 38 empresas. 

Os números mais recentes da Entidade Reguladora de Serviços Energéticos mostram que em janeiro de 2025 o mercado livre alcançou um número acumulado de cerca de 5,7 milhões de clientes (contra apelas 855 mil famílias no regulado), o que representa um aumento líquido de cerca de 8.000 clientes face a dezembro e um crescimento de aproximadamente 2,1% face ao mês homólogo de 2024. Em ternos de consumo, quase 95% do total registado em Portugal continental diz respeito ao mercado liberalizado. 

A EDP ainda mantém a sua posição como principal operador no mercado livre, tanto em número de clientes (61,2%) como em consumo (36,2%). No entanto, a empresa tem vindo a encolher a sua carteira de clientes, registando uma redução de quase seis pontos percentuais face a janeiro do ano passado, quando detinha 67%. 

A Endesa mantém-se no segundo lugar, em número de clientes, com 10,38% da quota de mercado (-0,5 pontos percentuais), a Goldenergy em terceiro (8,6%, +0,9 p.p.), a Galp em quatro (5,8%, +0,9 p.p.) e a Iberdrola em quinto lugar (5,7%, -0,5 p.p.).

Já a Meo Energia, que surge em sexto lugar, passou no espaço de um ano de uma quota de mercado de 0,9% para 2,8%, tendo acontecido algo semelhante com a Repsol, que aumentou de 0,6% para 1,3%. 

Por diferentes segmentos, e número de clientes, a EDP domina em todos eles: residencial (61,4%, mas perdeu 5,9 p.p. num ano), pequenos negócios (49,1%, +0,2 p.p.), industriais (36,6% +0,4 p.p) e grandes consumidores (39,8%, +2,8 p.p.).

Na representatividade em termos de consumo (volume de eletricidade fornecida), a EDP já só perde a liderança para a Iberdrola nos grandes consumidores (21,4% face a 26,1% respetivamente). No espaço de um mês, a espanhola perdeu 6,9 p.p. de quota (-3,5 p.p. por comparação com janeiro de 2024). Em janeiro de 2025, a EDP conseguiu assim passar a ser também o comercializador com maior representatividade no consumo no segmento de clientes industriais (24,7%), apresentando um acréscimo na sua quota de 1,3 p.p. face a dezembro e passando à frente da Iberdrola. 

Desta forma, na quota de consumo global, a EDP é também o comercializador dominante, com 36,2% (-1,7 p.p. face ao mês homólogo), à frente da Iberdrola (17,2% e Endesa (15,6%). No residencial, a EDP fornece energia a 54,8% dos clientes (-7,5 p.p.), nos pequenos negócios a 44,8% (+0,6 p.p.) e nos industriais a 24,7% (+1,3 p.p.). 

Mais de 108 mil mudaram de contrato de luz em janeiro

No que diz respeito à mudança de comercializador, no primeiro mês deste ano, 108.279 mil clientes trocaram de contrato e de fornecedor no mercado liberalizado, enquanto 6.694 passaram do mercado regulado para o livre. "Cerca de 75% do número de movimentos de mercado diz respeito a mudanças entre comercializadores já em mercado livre. O regresso ao CUR representa uma pequena parcela dos movimentos, em número de clientes, de 2,3%", ou seja, 3.324 clientes

Diz a ERSE que em janeiro, a Galp foi o comercializador que realizou a maior captação de clientes em número absoluto, tendo ganho cerca de 45% do número de clientes que mudou de comercializador, o que representou ganhos líquidos na carteira de clientes de 4,3%, face ao mês anterior.

A Meo Energia e a Repsol foram os comercializadores com a segunda e a terceira maior percentagem de captação de clientes face à sua carteira, tendo ganho, respetivamente, 30% e 12% dos clientes que mudaram de comercializador, o que se traduziu em ganhos líquidos entre 6,0% e 5,0% nas suas carteiras.

A EDP e a Endesa registaram perdas de clientes de 0,6% e 0,2%, respetivamente, nas suas carteiras em janeiro. Em termos de consumo, a EDP captou 75% das mudanças de comercializador, o que representa um ganho líquido na carteira de 6,5%, face ao mês anterior. A Galp captou ainda 21% do consumo em termos de mudança, o que representou ganhos líquidos de 10,4%, face ao mês anterior.

Já no gás natural, os dados do regulador apontam que o mercado livre registou um número acumulado de mais de 1,1 milhões de clientes em janeiro de 2025, com um aumento líquido de cerca de 80 clientes face a dezembro.

Em termos de quota de mercado, a Galp manteve a sua posição como principal operador no mercado livre de gás natural em consumo (51,3%), enquanto a EDP Comercial manteve a sua posição de liderança em número de clientes (40,0%), apesar da quebra registada desde março de 2022. A petrolífera lidera nos industriais (35,1%) e grandes consumidores (56,7%), apresentando decréscimos de 0,1 p.p. e 0,6 p.p., respetivamente e face a dezembro de 2024.

A EDP vai à frente no segmento das PME (39,1%) e segmento residencial (39,1%), aumentando a sua quota em 0,1 p.p. no segmento das PME, tendo registado um decréscimo de 0,2 p.p. no segmento residencial, face ao mês precedente.