A Unicer vai estudar a possibilidade de instalar uma unidade fabril de produção de bebidas em Angola. O presidente do conselho de administração, Ferreira de Oliveira, vai viajar brevemente até ao território africano com o objectivo de estudar a solução, mas admitiu que o eventual investimento deve integrar um parceiro local, com uma posição, em princípio, minoritária.

«Atingimos um patamar em que já é mais lógico que a produção seja local. Se avançarmos para uma plataforma industrial, "a priori" tem sentido fazê-lo com a participação de um grupo local de investimento privado. Não tenho dogmas, mas pelo papel que desempenharíamos (?) a lógica determina que fosse uma operação gerida por nós», sublinha Ferreira de Oliveira.

O périplo do presidente da Unicer a Angola visa «verificar as oportunidades existentes» e «se a decisão tiver racionalidade económica» a empresa de Matosinhos não hesitará em concretizar o investimento.

A Unicer realizou, no período anterior ao 25 de Abril de 1974, importantes investimentos em cervejeiras das antigas colónias, mas os posteriores processos de nacionalização afastaram a companhia lusa de participações locais.

«Somos líderes de mercado na Guiné com mais de 90% de quota de mercado. Temos uma posição muito forte em Cabo Verde e as exportações para Angola têm crescido muito. Este ano devemos exportar para este país cerca de 40 milhões de litros», o dobro do realizado em 2002, explica o administrador.

Ao nível da reestruturação e modernização tecnológica da empresa, a Unicer inaugurou ontem três projectos no âmbito da inovação: a automatização e robotização da linha de enchimento que permite o lançamento de uma embalagem mais ecológica para as grandes superfícies; o projecto +AT que visa racionalizar e optimizar o serviço de assistência técnica ao cliente; e o novo laboratório de inovação, desenvolvimento e qualidade equipado com tecnologia de vanguarda e associado a diversos centros de investigação universitários nacionais. O montante do investimento ronda os 12 milhões de euros.

No que diz respeito a uma eventual reentrada em bolsa da Unicer, Ferreira de Oliveira é peremptório: «se tivermos um projecto concreto e se das operações existentes não gerarmos o "cash-flow "suficiente, não tenho problema nenhum em propor [a entrada no mercado de capitais] à assembleia de accionistas para que tal aconteça. Mas não julgo que no curto prazo seja necessário», esclareceu.

Pela primeira vez na história, a cervejeira estima ultrapassar, em 2003, os 400 milhões de euros de facturação.

A Unicer detém uma quota do mercado nacional de cerveja a rondar os 58% e comercializa 43 marcas de bebidas.