Notícia
SMS cada vez mais usados como garante de cibersegurança
Lançado há 27 anos em Portugal, o serviço de envio de mensagens escritas está em decréscimo, mas continua a ser a forma mais segura de muitas aplicações de telefones serem autenticados, diz especialista em telecomunicações.
03 de Dezembro de 2022 às 09:57
O envio de mensagens escritas, serviço lançado há 27 anos em Portugal, está em decréscimo, mas os SMS continuam a ser "uma forma segura" de autenticação utilizada, por exemplo, no setor bancário, adiantou à Lusa um especialista em telecomunicações.
"O SMS continua a ser a forma mais segura de muitas aplicações (Apps) de telefones serem autenticados ou identificados. Por exemplo, as Apps dos bancos enviam SMS de segurança ou de certificação para os telefones móveis para se autenticarem e aprovarem muitas operações bancárias", realçou Nuno Taveira, que trabalhou durante mais de 25 anos na Vodafone, em Portugal, Reino Unido, Espanha e Itália.
Este serviço de mensagens escritas continua a ser utilizado no setor bancário, para verificação de acesso à conta, para evitar por exemplo fraudes ou ciberataques, explicou à agência Lusa este antigo gestor de produto de SMS e das plataformas de 'messaging', função que ocupava quando os SMS surgiram em Portugal, em outubro de 1995.
O primeiro SMS (Short Message Service) no mundo foi enviado há 30 anos, em 3 de dezembro de 1992, pelo britânico Neil Papworth, engenheiro de telecomunicações da Sema Group Telecoms, no Reino Unido. A mensagem, um desejo de "Feliz Natal", foi enviada a partir do computador de Neil Papworth para o telemóvel Orbitel 901 de Richard Jarvis, da Vodafone.
Em Portugal, em 1995, operavam a TMN (atual MEO) e a Telecel (atual Vodafone), este último onde trabalhava Nuno Taveira.
"Há serviços que ficaram para a história durante a fase de implementação dos telemóveis em Portugal. (...) O serviço de mensagens escritas (SMS) foi lançado pela primeira vez em Portugal, em outubro de 1995, pela Telecel para os serviços de contrato (os que não eram pré-pagos) que eram um percentagem pequena da base de clientes", contou.
Depois, em 1996, a Telecel lançou as "Vitaminas", a primeira a "Vitamina T", que foi o primeiro serviço totalmente pré-pago da Telecel. E lançou também o serviço TeleMultibanco, em que o cliente tinha acesso às suas contas bancárias, poderia obter saldos, recarregar as suas "Vitaminas", fazer transferência bancárias utilizando este serviço bancário que era suportado em SMS, realçou.
Já em setembro de 1999, o SMS da Telecel torna-se disponível também para clientes "Vitamina", "tendo sido um os primeiros serviços pré-pagos a nível mundial de todos os operadores móveis, e o primeiro em Portugal, a dispor de esta funcionalidade", frisou.
"A disponibilização do SMS nos pré-pagos Vitamina, resultou no primeiro grande 'boom' de utilização de este serviço, porque a Telecel liderava em vários segmentos, e no mais jovem (YORN) éramos líderes incontestados no mercado português. Os jovens, mas também o segmento das empresas, gostavam muito utilizar o SMS como meio e forma de comunicação", adiantou, explicando que além de eficiente, o serviço era mais barato que a chamada de voz.
Nuno Taveira, atualmente Investidor e Assessor do Conselho de Administração da CENTUM Research & Technology.
Na memória está ainda fevereiro de 2000, quando as três operadoras móveis da altura - Telecel, TMN e Optimus (atual NOS) - disponibilizaram a utilização do SMS entre as suas redes.
"Em consequência disso, houve um segundo grande 'boom', com um crescimento quase exponencial na utilização das SMS entre os três operadores móveis existente na altura. A utilização era tão grande que por vezes os operadores chegavam ter alguns segundos no processamento e envio de mensagens escritas, porque o centros de envio ficavam algo limitados na capacidade de processarem todos em simultâneo. Na época chegávamos a ter alturas de se processarem cerca de 1.000 SMS por segundo", destacou.
Nuno Taveira recordou também noites de Natal ou de passagem de ano em que se bateram recordes consecutivos de SMS enviadas.
"Com o SMS contactava-se muito mais gente em simultâneo, do que a fazer chamadas dedicadas a cada um dos contactos preferidos de cada cliente, e era muito mais barato", apontou.
Numa fase de massificação do uso do SMS, em que a preocupação era "satisfazer as necessidades dos clientes que eram cada vez maiores e mais exigentes", Nuno Taveira destacou que teve o sentimento de "melhorar a qualidade de vida das pessoas, aumentar a produtividade das empresas, contribuir para o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento e criar valor para Portugal".
Os primeiros dados disponíveis na ANACOM são de 2000, ano em que o número de SMS totalizou 550 milhões, ou seja, cerca de sete SMS por utilizador ativo por mês.
O pico de tráfego de SMS foi atingido em 2012, período em que cada utilizador efetivo enviava 180 mensagens por mês, num total de 27.860.126 mensagens.
Ainda segundo os dados da ANACOM, este número tem vindo a diminuir. Em 2021, foram 68 as SMS enviadas por utilizador efetivo por mês (-62% comparado com 2012), num total de 10.729.392.
Para Nuno Taveira, a queda entre 2010 e 2020 deve-se ao "surgimento de novas plataformas de comunicação de Rich Communication Services (RCS) que atualmente são mais conhecidos, como o WhatsApp ou Messenger. Esta tecnologia junta o texto às imagens, sons, documentos ou os populares GIFs.
"No entanto, continua a ser um serviço com grandes níveis de utilização, em especial em economias menos desenvolvidos ou onde ainda os serviços de dados móveis estão acessíveis a uma pequena percentagem da população", garantiu Nuno Taveira, que depois da Vodafone foi ainda diretor de marketing para a Europa Ocidental, Austrália e Nova Zelândia da Oppo.
"O SMS continua a ser a forma mais segura de muitas aplicações (Apps) de telefones serem autenticados ou identificados. Por exemplo, as Apps dos bancos enviam SMS de segurança ou de certificação para os telefones móveis para se autenticarem e aprovarem muitas operações bancárias", realçou Nuno Taveira, que trabalhou durante mais de 25 anos na Vodafone, em Portugal, Reino Unido, Espanha e Itália.
O primeiro SMS (Short Message Service) no mundo foi enviado há 30 anos, em 3 de dezembro de 1992, pelo britânico Neil Papworth, engenheiro de telecomunicações da Sema Group Telecoms, no Reino Unido. A mensagem, um desejo de "Feliz Natal", foi enviada a partir do computador de Neil Papworth para o telemóvel Orbitel 901 de Richard Jarvis, da Vodafone.
Em Portugal, em 1995, operavam a TMN (atual MEO) e a Telecel (atual Vodafone), este último onde trabalhava Nuno Taveira.
"Há serviços que ficaram para a história durante a fase de implementação dos telemóveis em Portugal. (...) O serviço de mensagens escritas (SMS) foi lançado pela primeira vez em Portugal, em outubro de 1995, pela Telecel para os serviços de contrato (os que não eram pré-pagos) que eram um percentagem pequena da base de clientes", contou.
Depois, em 1996, a Telecel lançou as "Vitaminas", a primeira a "Vitamina T", que foi o primeiro serviço totalmente pré-pago da Telecel. E lançou também o serviço TeleMultibanco, em que o cliente tinha acesso às suas contas bancárias, poderia obter saldos, recarregar as suas "Vitaminas", fazer transferência bancárias utilizando este serviço bancário que era suportado em SMS, realçou.
Já em setembro de 1999, o SMS da Telecel torna-se disponível também para clientes "Vitamina", "tendo sido um os primeiros serviços pré-pagos a nível mundial de todos os operadores móveis, e o primeiro em Portugal, a dispor de esta funcionalidade", frisou.
"A disponibilização do SMS nos pré-pagos Vitamina, resultou no primeiro grande 'boom' de utilização de este serviço, porque a Telecel liderava em vários segmentos, e no mais jovem (YORN) éramos líderes incontestados no mercado português. Os jovens, mas também o segmento das empresas, gostavam muito utilizar o SMS como meio e forma de comunicação", adiantou, explicando que além de eficiente, o serviço era mais barato que a chamada de voz.
Nuno Taveira, atualmente Investidor e Assessor do Conselho de Administração da CENTUM Research & Technology.
Na memória está ainda fevereiro de 2000, quando as três operadoras móveis da altura - Telecel, TMN e Optimus (atual NOS) - disponibilizaram a utilização do SMS entre as suas redes.
"Em consequência disso, houve um segundo grande 'boom', com um crescimento quase exponencial na utilização das SMS entre os três operadores móveis existente na altura. A utilização era tão grande que por vezes os operadores chegavam ter alguns segundos no processamento e envio de mensagens escritas, porque o centros de envio ficavam algo limitados na capacidade de processarem todos em simultâneo. Na época chegávamos a ter alturas de se processarem cerca de 1.000 SMS por segundo", destacou.
Nuno Taveira recordou também noites de Natal ou de passagem de ano em que se bateram recordes consecutivos de SMS enviadas.
"Com o SMS contactava-se muito mais gente em simultâneo, do que a fazer chamadas dedicadas a cada um dos contactos preferidos de cada cliente, e era muito mais barato", apontou.
Numa fase de massificação do uso do SMS, em que a preocupação era "satisfazer as necessidades dos clientes que eram cada vez maiores e mais exigentes", Nuno Taveira destacou que teve o sentimento de "melhorar a qualidade de vida das pessoas, aumentar a produtividade das empresas, contribuir para o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento e criar valor para Portugal".
Os primeiros dados disponíveis na ANACOM são de 2000, ano em que o número de SMS totalizou 550 milhões, ou seja, cerca de sete SMS por utilizador ativo por mês.
O pico de tráfego de SMS foi atingido em 2012, período em que cada utilizador efetivo enviava 180 mensagens por mês, num total de 27.860.126 mensagens.
Ainda segundo os dados da ANACOM, este número tem vindo a diminuir. Em 2021, foram 68 as SMS enviadas por utilizador efetivo por mês (-62% comparado com 2012), num total de 10.729.392.
Para Nuno Taveira, a queda entre 2010 e 2020 deve-se ao "surgimento de novas plataformas de comunicação de Rich Communication Services (RCS) que atualmente são mais conhecidos, como o WhatsApp ou Messenger. Esta tecnologia junta o texto às imagens, sons, documentos ou os populares GIFs.
"No entanto, continua a ser um serviço com grandes níveis de utilização, em especial em economias menos desenvolvidos ou onde ainda os serviços de dados móveis estão acessíveis a uma pequena percentagem da população", garantiu Nuno Taveira, que depois da Vodafone foi ainda diretor de marketing para a Europa Ocidental, Austrália e Nova Zelândia da Oppo.