A Semapa B. V. foi o veículo escolhido por Pedro Queiroz Pereira para lançar a OPA geral sobre a totalidade do capital da Portucel, a um preço unitário de 1,55 euros por acção. O preço avalia a oferta em 832,74 milhões de euros se forem considerados os 30% que a Semapa já controla.

O anúncio foi ontem hoje à noite, formalmente divulgado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e confirma o preço avançado pelo Jornal de Negócios na edição de hoje, o qual era a aposta mais forte da generalidade dos analistas.

Caso o Estado pretenda alienar a sua posição de 25%, uma hipótese pouco ventilada, a este preço Pedro Queiroz Pereira teria de desembolsar 832,7 milhões de euros para depois retirar a Portucel de bolsa.

Pedro Queiroz Pereira já havia despendido 333,8 milhões de euros para adquirir a tranche de 30% alienada pelo Estado na fase de privatização concluída em 1 de Junho, pelo que a empresa lhe custará, se o Estado vender o capital que ainda detém, em 1,166 mil milhões de euros.

O lançamento da OPA geral sobre a Portucel [PTCL] parecia inevitável desde o momento em que, na passada sexta-feira, o supervisor do mercado nacional de capitais notificou a Pedro Queiroz Pereira que entendia estar considerada provada a concertação entre a Semapa e a CGD e BES.

Estes bancos têm uma opção de compra sobre os 25% detidos pela Sonae na Portucel e têm também uma opção de venda dessa posição à Semapa, que, ainda, pode ser exercida antes do registo da Oferta.

No entanto, o lançamento desta OPA geral sobre a empresa de pasta e papel levanta um outro problema não esclarecido no comunicado ontem divulgado.

Nos critérios de avaliação das propostas para a privatização dos referidos 30% do capital da Portucel, constava a manutenção da empresa cotada em bolsa.

No comunicado da Sema_pa refere-se a imposição legal de pagar as acções da Portucel em numerário e esclarece-se que a Semapa Investments B V não detém directamente quaisquer acções do capital social ou dos direitos de voto da visada.

Apesar da OPA ter sido precipitada pela intervenção da CMVM, sempre foi intenção da Semapa controlar a maioria do capital da Portucel. Outro objectivo de Queiroz Pereira é encontrar um parceiro estratégico para a empresa de pasta e papel.

As acções da Portucel encerraram hoje nos 1,49 euros, a cair 0,67%.