Notícia
Rui Cartaxo, um gestor público de regresso ao privado
O CEO da REN é hoje reconduzido na liderança da empresa. Mas os próximos três anos serão bem diferentes dos últimos cinco. Haverá menos Estado e mais mercado na vida de Rui Cartaxo e da REN.
27 de Março de 2012 às 08:30
Rui Manuel Janes Cartaxo completará 60 anos a 9 de Julho. Licenciado em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa, o actual CEO da REN – Redes Energéticas Nacionais está à beira de protagonizar um curioso regresso à gestão privada… sem sair do seu lugar.
Com a REN a mudar de mãos, são vários os desafios de Rui Cartaxo para o novo mandato até 2014. A começar pela efectiva internacionalização da empresa.
Quando a REN ainda era uma soma de actividades pertencentes ao universo EDP, Rui Cartaxo estava longe do sector energético. Nos anos 80 foi economista no Banco de Portugal e de 1989 a 1992 esteve no Ministério das Finanças. A partir daí saltou para o universo empresarial.
Rui Cartaxo, que já foi CEO da Galp Power e administrador executivo da Galp Energia (de 1999 a 2006) regressou à esfera pública em Maio de 2006, para trabalhar como adjunto do ministro da Economia, Manuel Pinho, funções que manteve até Março de 2007. Nessa altura, recorde-se, um dos dossiês mais importantes que foram trabalhados na Rua da Horta Seca foi o dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), as contrapartidas à EDP pela extinção dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE), que hoje dão que falar.
Em Abril de 2007 Rui Cartaxo foi nomeado administrador financeiro da REN e, com a saída de José Penedos de CEO, de Novembro de 2009 até hoje tem sido o líder da gestora de infra-estruturas energéticas.
Mas a assembleia geral desta terça-feira marcará uma mudança. Primeiro simbólica, porque a nova administração da REN, para o mandato de 2012 a 2014, passa a estar à imagem de uma empresa de maioria de capital privado. E depois, trará uma mudança concreta: é que uma vez privatizada, a REN poderá voltar aos pressupostos da generalidade das empresas cotadas, com remunerações variáveis em função dos resultados.
Para o gestor português da REN, ser líder de uma empresa maioritariamente privada trará os seus benefícios, já que deixará de estar abrangido pela proibição de prémios que o Governo decretou para os gestores públicos, e que privou Rui Cartaxo de remuneração variável nos últimos anos.
Se em 2010 Rui Cartaxo já tinha sofrido um corte de 45% na sua remuneração anual, em 2011 teve uma redução de quase 7%. Em termos práticos, se em 2009 havia ganho mais de 620 mil euros, em 2011 Rui Cartaxo auferiu 317 mil euros.
Mas a privatização da REN não se traduz apenas em mudanças remuneratórias (a assembleia geral de hoje prevê a manutenção da política de remunerações, enquanto a privatização não se concretizar). Rui Cartaxo, que será daqui em diante coadjuvado por um vice-presidente chinês, tem como grande desafio para o novo mandato a condução da internacionalização da REN.
Até hoje, a REN tem vivido com os prós e contras de ser uma empresa confinada ao mercado doméstico. À segurança de beneficiar de receitas quase totalmente reguladas, a REN tem subtraído, em contrapartida, os efeitos de “downgrade” das suas notações de crédito, como empresa maioritariamente detida pelo Estado.
Agora isso pode mudar. Não só porque a State Grid promete trazer financiamento chinês de longo prazo e com baixas taxas de juro (está prevista uma linha de crédito de mil milhões de euros), mas também porque as parcerias com a State Grid e com a Oman Oil abrem novas oportunidades de expansão à REN.
Sob a liderança de Rui Cartaxo, a REN poderá conseguir novos negócios na China, no Brasil e nos Estados Árabes do Golfo. A recente adesão da REN ao projecto Medgrid (para as interligações entre o Sul da Europa e o Norte de África) foi já um sinal de que a empresa está interessada em ganhar espaço no mapa internacional. A entrada no capital da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, em Moçambique, ainda por concretizar, permitirá à REN a captação de negócios num outro mercado que está a necessitar de investimentos em infra-estruturas.
A assembleia geral de hoje e a concretização da privatização serão, por isso, não apenas o regresso de um CEO ao mercado privado, mas também, e principalmente, a abertura da REN à internacionalização.
Com a REN a mudar de mãos, são vários os desafios de Rui Cartaxo para o novo mandato até 2014. A começar pela efectiva internacionalização da empresa.
Rui Cartaxo, que já foi CEO da Galp Power e administrador executivo da Galp Energia (de 1999 a 2006) regressou à esfera pública em Maio de 2006, para trabalhar como adjunto do ministro da Economia, Manuel Pinho, funções que manteve até Março de 2007. Nessa altura, recorde-se, um dos dossiês mais importantes que foram trabalhados na Rua da Horta Seca foi o dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), as contrapartidas à EDP pela extinção dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE), que hoje dão que falar.
Em Abril de 2007 Rui Cartaxo foi nomeado administrador financeiro da REN e, com a saída de José Penedos de CEO, de Novembro de 2009 até hoje tem sido o líder da gestora de infra-estruturas energéticas.
Mas a assembleia geral desta terça-feira marcará uma mudança. Primeiro simbólica, porque a nova administração da REN, para o mandato de 2012 a 2014, passa a estar à imagem de uma empresa de maioria de capital privado. E depois, trará uma mudança concreta: é que uma vez privatizada, a REN poderá voltar aos pressupostos da generalidade das empresas cotadas, com remunerações variáveis em função dos resultados.
Para o gestor português da REN, ser líder de uma empresa maioritariamente privada trará os seus benefícios, já que deixará de estar abrangido pela proibição de prémios que o Governo decretou para os gestores públicos, e que privou Rui Cartaxo de remuneração variável nos últimos anos.
Se em 2010 Rui Cartaxo já tinha sofrido um corte de 45% na sua remuneração anual, em 2011 teve uma redução de quase 7%. Em termos práticos, se em 2009 havia ganho mais de 620 mil euros, em 2011 Rui Cartaxo auferiu 317 mil euros.
Mas a privatização da REN não se traduz apenas em mudanças remuneratórias (a assembleia geral de hoje prevê a manutenção da política de remunerações, enquanto a privatização não se concretizar). Rui Cartaxo, que será daqui em diante coadjuvado por um vice-presidente chinês, tem como grande desafio para o novo mandato a condução da internacionalização da REN.
Até hoje, a REN tem vivido com os prós e contras de ser uma empresa confinada ao mercado doméstico. À segurança de beneficiar de receitas quase totalmente reguladas, a REN tem subtraído, em contrapartida, os efeitos de “downgrade” das suas notações de crédito, como empresa maioritariamente detida pelo Estado.
Agora isso pode mudar. Não só porque a State Grid promete trazer financiamento chinês de longo prazo e com baixas taxas de juro (está prevista uma linha de crédito de mil milhões de euros), mas também porque as parcerias com a State Grid e com a Oman Oil abrem novas oportunidades de expansão à REN.
Sob a liderança de Rui Cartaxo, a REN poderá conseguir novos negócios na China, no Brasil e nos Estados Árabes do Golfo. A recente adesão da REN ao projecto Medgrid (para as interligações entre o Sul da Europa e o Norte de África) foi já um sinal de que a empresa está interessada em ganhar espaço no mapa internacional. A entrada no capital da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, em Moçambique, ainda por concretizar, permitirá à REN a captação de negócios num outro mercado que está a necessitar de investimentos em infra-estruturas.
A assembleia geral de hoje e a concretização da privatização serão, por isso, não apenas o regresso de um CEO ao mercado privado, mas também, e principalmente, a abertura da REN à internacionalização.