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PIEP celebra bodas de prata com recorde de faturação e 350 projetos de I&D

O Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros possui uma infraestrutura tecnológica com mais de três mil metros quadrados em Guimarães, soma um investimento superior a 20 milhões de euros e tem uma equipa de quase uma centena de profissionais.

Nuno Guimarães, presidente do PIEP.
13 de Março de 2025 às 22:26
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Nascido no ano 2000 por iniciativa da indústria e em estreita colaboração com o Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho (UMinho) e com o IAPMEI, com o objetivo de responder às necessidades de investigação, desenvolvimento e inovação das empresas, o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) tornou-se um reconhecido centro de tecnologia e inovação para o setor dos plásticos, borrachas, materiais compósitos e seus setores conexos.

Com uma estrutura associativa que conta com quatro entidades públicas, 54 empresas e seis associações empresariais, sendo a UMinho a associada com a principal participação no fundo social, o PIEP é liderado por Nuno Guimarães, 48 anos, que também é co-CEO da centenária AGI - Augusto Guimarães & Irmão, distribuidora de polímeros com sede em Gaia.

Em entrevista ao Negócios, Nuno Guimarães faz um balanço da atividade do PIEP, neste ano de comemorações das bodas de prata do polo vimaranense de inovação, e revela projetos ambiciosos como o GreenHub, que ficará sediado em Guimarães, e a abertura da sua delegação em Vila Nova de Cerveira.

 

A comemorar 25 anos de atividade, como retrata o atual PIEP em termos de recursos e capacidade tecnológica?

O PIEP possui hoje uma infraestrutura tecnológica com mais de três mil metros quadrados em Guimarães, no campus da Universidade do Minho, com laboratórios e equipamentos de excelência para o desenvolvimento das suas atividades, fruto de um investimento consolidado de mais de 20 milhões de euros realizado ao longo dos seus 25 anos de funcionamento.

Atendendo ao crescimento dos últimos anos, temos hoje nos nossos quadros mais de 90 colaboradores com formação em diferentes áreas do conhecimento, onde a multidisciplinaridade é cada vez mais importante. Desenvolvemos mais de 350 projetos de Investigação e Desenvolvimento. E somamos mais de 250 publicações científicas. Somos o parceiro de inovação de mais de 700 Clientes, e em 2024 atingimos o nosso maior valor de volume de negócios, com mais cinco milhões de euros.

 

O plástico é uma matéria-prima de importância capital no nosso mundo, que está presente em tantas áreas da indústria. Como caracteriza o setor?

De referir que o papel e a importância do plástico na economia têm vindo a crescer sistematicamente ao longo dos últimos 50 anos. A produção mundial de plásticos foi multiplicada por um fator de vinte desde a década de 60, e prevê-se que duplique nos próximos 20 anos, atendendo ao crescimento da população de 17,5% até 2050, onde seremos 9,7 mil milhões.

O setor em Portugal tem apresentado um importante dinamismo e crescimento, contando hoje, só o setor da indústria transformadora de plásticos e borracha, com aproximadamente 1.125 empresas que empregam mais de 33 mil pessoas, e que geram 6,3 mil milhões de euros de volume de negócios, onde 4,2 mil milhões de euro são exportações, segundo dados de 2023. Números que, atendendo à nossa balança comercial, este setor apresenta-se hoje como extremamente importante e relevante para a economia do nosso país.

 

O PIEP desenvolve projetos para a indústria em várias áreas - também tem oferta relativamente à formação e capacitação de recursos nesta área da engenharia de polímeros?

Atendendo às características dos polímeros, nomeadamente, plásticos, borrachas e materiais compósitos, o PIEP desenvolve a sua atividade para uma vasta gama de setores conexos de aplicação, nomeadamente, o automóvel, aeronáutica, espaço e defesa, naval, energia, embalagem, calçado, saúde e dispositivos médicos, entre outros.

Esta nossa capacidade de atuação em diferentes setores de aplicação encontra-se assente não só na capacidade tecnológica que temos, mas muito no conhecimento que possuímos, ao nível dos materiais sustentáveis e de elevada performance, do ecodesign de produtos e soluções, da transição climática, dos processos avançados de fabrico, das soluções de materiais compósitos, dos serviços de teste e ensaios e diagnósticos de falha, até à educação e formação avançada para a indústria, que se encontra a ser dinamizada pela Academia PIEP, criada no final de 2023.

 

Da Pluma da Galp a Marte

 

Do longo historial de projetos desenvolvidos pelo PIEP, como parceiro de inovação para a industria de plásticos, destaque três ou quatro…

No que concerne a nossa ligação enquanto parceiro de inovação da indústria, ela é maioritariamente realizada através de projetos de investigação, desenvolvimento e inovação.

Gostaria de destacar o projeto Pluma, da Galp, que ficou muito conhecido na época pela sua publicidade, consistindo no desenvolvimento de um reservatório de gás doméstico, utilizando materiais e tecnologias avançadas que permitiram a redução do peso em 50%, a melhoria do comportamento mecânico e facilidade de manipulação, bem como a melhoria estética do produto.

O produto foi desenvolvido pela empresa Amtrol Alfa, associada do PIEP, com a colaboração de Centros de Inovação, onde o PIEP participou nas vertentes de: materiais, design, simulação do comportamento estrutural e testes de validação do produto final.

De destacar igualmente os projetos realizados com a ESA, Agência Espacial Europeia, desde o desenvolvimento de uma cápsula de reentrada atmosférica inovadora, destinada à recolha de amostras de solo em Marte - o Projeto cTPS – Crushable TPS, que foi liderado pelo nosso associado, Amorim Cork Composites.

Também para a ESA, outro projeto ainda foi o desenvolvimento de um filamento com condutividade elétrica em plástico (com temperaturas de serviço de mais de 350 graus) para impressão 3D de estruturas de CubeSats, permitindo a realização de missões mais económicas e rápidas.

Ainda nos projetos já realizados, gostaria de destacar o Projeto Better Plastics, que teve o PIEP como coordenador científico deste Projeto Mobilizador do Setor dos Plásticos em Portugal, com mais de seis milhões de euros de investimento, que foi capaz de alavancar a transição do setor para uma economia circular. Este projeto envolveu 52 entidades da cadeia de valor do setor e foi capaz de desenvolver mais de 40 soluções sustentáveis desde novos materiais, produtos e tecnologias.

 

No campo da sustentabilidade, que se tornou crucial para a transição climática e para a economia circular, o PIEP tem projetos desenvolvidos nestas áreas? Como estão a apoiar as empresas nessa transição?

Atualmente, o PIEP participa em mais de 30 projetos de investigação, desenvolvimento e inovação na área dos polímeros sustentáveis, dos quais cinco são internacionais e outros estão inscritos em agendas e pactos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estes projetos, com um montante de financiamento no valor de 14 milhões de euros, testemunham a liderança, compromisso e a capacidade do PIEP para criar soluções ecologicamente seguras, com foco no desenvolvimento de novos polímeros reciclados, biopolímeros e materiais biocompostáveis.

Trata-se de um conjunto de projetos inovadores, que reúnem as equipas de especialistas do PIEP e parceiros, sendo alguns desenvolvidos em consórcio com várias entidades, tendo como objetivo reduzir os resíduos de materiais plásticos e promover práticas sustentáveis na indústria, rumo à economia circular.

 

Caroços de azeitona com a Sovena, Ecoboard com a Ikea e um GreenHub

 

Sinalize dois ou três exemplos…

Entre os vários projetos gostaria de sinalizar o Olivepit e o Ecoboard, duas iniciativas pioneiras que trazem avanços significativos na área dos materiais sustentáveis, e o GreenHub, projeto internacional desenvolvido em colaboração com a Galiza no âmbito da promoção da Economia Circular na eurorregião do Norte de Portugal e da Galiza.

O projeto Olivepit, desenvolvido em colaboração com a Sovena, tem o seu foco na transformação e valorização de caroços de azeitona, um subproduto natural da produção de azeite, em polímeros biodegradáveis. Este projeto visa reduzir e reutilizar o desperdício agrícola ao mesmo tempo que cria alternativas biocompostáveis aos plásticos tradicionais, estando a ser estudado para a produção de formas para sapatos.

O projeto Ecoboard, do qual é parceiro a Ikea Industry Portugal, empresa sueca de mobiliário, explora usos inovadores de resíduos como materiais sustentáveis na produção de placas para o transporte de componentes de móveis, oferecendo uma alternativa sustentável ao aglomerado de madeira convencional. O Ecoboard promete revolucionar a maneira como se podem utilizar os recursos, impulsionando a transição global para uma economia circular e diminuindo a pegada ecológica.

 

E em que consiste o GreenHub e quais os seus objetivos?

O projeto internacional GreenHub será apresentado em Guimarães, onde ficará sediado, no final no início de abril. É liderado pelo PIEP em parceria com a Axencia Galega da Indústria Forestal (XERA), o Centro Tecnológico de Automoción de Galícia (CTAG) e o GAIN - Axencia Galega de Innovación, e pretende contribuir para a superação dos desafios da eurorregião do Norte de Portugal e da Galiza em matéria de geração de conhecimento e inovação. Para isso iremos aproveitar o potencial da cooperação das duas eurorregiões para consolidar o ecossistema de inovação, científico e tecnológico, fomentando a criação de conhecimento e redes empresariais e a melhoria da competitividade das empresas.

Pretendemos assim criar um Centro de Excelência em Economia Circular – GreenHub -, para a valorização de recursos e resíduos naturais, industriais e pós-consumo da eurorregião, que irá representar um investimento superior a um milhão de euros, com vista a promover a criação de novas dinâmicas de I&D+I que garantam a valorização de recursos e resíduos disponíveis da Galiza e do Norte de Portugal, enquanto matéria-prima,  com potencial de aplicação na indústria e economia, em setores como o automóvel, aeronáutica, naval, têxtil, embalagens, alimentar, mobiliário e construção, numa clara abordagem à economia circular e simbiose industrial.

 

Onde será aplicado o investimento de mais de um milhão de euros?

O investimento será focado em investigação, desenvolvimento e inovação de novos materiais sustentáveis e tecnologias, sendo o valor aplicado em recursos humanos, materiais e internacionalização.

 

E quantos profissionais terá o GreeHub?

Estão alocadas ao projeto mais de 20 recursos humanos altamente qualificados, sendo que 5% são novas contratações.

 

A celebrar 25 anos de vida, quais são as previsões do PIEP em 2025 em termos de gestão e estratégia?

2025 apresenta-se como um ano importante para o PIEP, atendendo ao facto de assinalarmos 25 anos, e de o perspetivarmos como o melhor ano de sempre no que concerne à nossa trajetória de crescimento e respetivo volume de negócio expectável.

Trata-se de um ano não só de continuidade e consolidação da nossa sustentabilidade económica e da capacidade de reter o talento existente no PIEP, mas também um ano de reforço da nossa afirmação no contexto nacional e internacional, quer seja pela realização de ações que potenciem uma maior visibilidade do PIEP, passando pela participação em plataformas internacionais, captação de projetos e investimentos internacionais, até ao potencial de inovação existente no contexto lusófono, que o PIEP pretende explorar.

Este é também o ano em que, fruto do seu crescimento sustentado, o PIEP irá inaugurar a sua delegação em Vila Nova de Cerveira.

 

O que é que vai acontecer no vosso polo de Cerveira?

O novo polo do PIEP em Vila Nova de Cerveira resulta de um protocolo com o município de Vila Nova de Cerveira, tendo como foco permitir potenciar a inovação junto das empresas da região, o que o PIEP pode concretizar de forma efetiva, dadas as suas competências e capacidades científicas e tecnológicas, permitindo que estas empresas possam ser mais inovadoras, competitivas e que possam, assim, continuar fixadas neste território.

De referir que com a presença do PIEP em Vila Nova de Cerveira, esta região será capaz de atrair mais investimento e criar mais emprego qualificado, aumentando dessa forma a resiliência territorial. O investimento será realizado com capitais próprios por parte do município e do PIEP.

 

Para quando está prevista a inauguração do polo de Cerveira?

A inauguração ainda se encontra a ser definida com o município de Vila Nova de Cerveira. Esperamos que seja inaugurado até ao final de abril.

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