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"País só funciona se houver previsibilidade". CIP antecipa acordo salarial "mais difícil"
O presidente da CIP não poupa nas críticas aos partidos pela crise política e afirma que 230 deputados colocaram em causa mais de cinco milhões de portugueses que trabalham. Armindo Monteiro sublinha que as empresas, tal como o país, precisam de "previsibilidade" para crescer.
Uma crise política inesperada e eleições antecipadas, um cenário que não agrada à Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Em declarações ao Negócios, Armindo Monteiro sublinha que "aquilo que as empresas precisam é de uma previsibilidade. Os investimentos só funcionam se houver previsibilidade. O país, a sua economia, só funciona se houver previsibilidade".
"Aquilo que nós estamos a assistir é, infelizmente, um jogo político-partidário que o país dispensa. Nós não estamos a dizer com isso que o escrutínio não deve acontecer. Se há dúvidas sobre o comportamento do primeiro-ministro, penso que devem ser esclarecidas. Não vimos até agora nenhum ilícito, não vimos até agora nenhuma matéria criminal, creio que não há nenhuma acusação feita. Há, porventura, alguma imprudência e isso levou à queda de um Governo que estava, naturalmente não com a ambição que nós na CIP pretendíamos, mas estava a funcionar e estava a apresentar resultados", critica o presidente da CIP.
Armindo Monteiro considera que o contexto global agrava ainda mais o que esta crise política carrega consigo, pois "o país precisa desenvolver, precisa de ser próspero, sobretudo no momento em que nos chegam tantas inquietudes, tantas fragilidades, tantos riscos lá fora. O mundo está em convulsão profunda. Agora, contribuirmos para acrescentar a esse cenário de instabilidade uma crise que é apenas da nossa responsabilidade, nossa, dos portugueses, sinceramente, nós dispensávamos isto".
"É lamentável que, mais uma vez, neste Portugal empreendedor, neste Portugal que teima em fazer, neste Portugal que teima em erguer-se, é mais uma vez lamentável que, para ganhos politico-partidários muito táticos se sacrifiquem os outros 5.360.000 portugueses que trabalham, em detrimento destes 230, que trabalham na Assembleia da República, mas trabalham para nós", critica.
Questionado sobre o acordo assinado com o Governo e outras confederações, para um aumento de cerca de 20% dos salários nos próximos três a quatro anos, fica comprometido, Armindo Monteiro afirma que a sua execução "fica muito mais difícil".
"É que nas empresas não vivemos de perceções. Tudo isto que está a acontecer na Assembleia é uma questão de perceção. As empresas é uma realidade completamente diferente. É o concreto. E as empresas têm muito mais dificuldade em valorizar salários no momento em que a economia não cresce e, porventura, até pode retroceder. Pode haver até uma retração económica, não apenas porque está a acontecer em Portugal, mas aquilo que está a acontecer na Europa e no mundo", explica.