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Novo Banco: Contribuinte de António João Barão associado a 217 sociedades diferentes

O contribuinte de António João Barão, ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco, por ter vendido sociedades imobiliárias que serviram para comprar crédito malparado, está associado a 217 sociedades, segundo o registo oficial.

Tiago Petinga
11 de Maio de 2021 às 13:04
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Segundo os dados do Sistema Integrado do Registo Comercial (SIRCOM), a que a Lusa teve acesso, o número de contribuinte de António João Barão está associado a 217 sociedades diferentes, a maioria das quais imobiliárias.

A audição a António João Barão na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, no dia 30 de abril, ficou marcada pelo desconhecimento que disse ter acerca dos compradores das sociedades que lhe pertenciam, bem como pela perplexidade dos deputados.

Na segunda-feira, antes da audição ao presidente da Promovalor Luís Filipe Vieira, os deputados aprovaram o envio das declarações de António João Barão e Bernardo Moniz da Maia na comissão de inquérito ao Novo Banco para o Ministério Público.

"Só tive conhecimento do cliente dessa sociedade de advogados [Morais Leitão] na altura do contrato de cessão de quotas, cliente esse com o qual nunca tive qualquer ligação ou afinidade. E desconheço em absoluto, nem tinha de conhecer, os negócios ou atividades futuras que essas sociedades iriam fazer, é só isso que tenho a dizer", afirmou então, na sua intervenção inicial, António João Barão.

A meio da audição presidente da comissão, Fernando Negrão (PSD), recordou o humorista Herman José e o 'sketch' "eu é mais bolos", para instar António João Barão a ser "mais afirmativo nas suas respostas", de forma a que os deputados não ficassem com mais dúvidas.

António João Barão, que é também pintor e dinamizador da tertúlia artística Parlatório, disse ainda no parlamento que também era "mágico".

De acordo com o registo do SIRCOM a que a Lusa teve acesso, o número de contribuinte de António João Barão aparece como gerente em nove sociedades e como administrador único em outra (denominada London Bridge).

Do total de dez registos de matrícula, apenas a sociedade Bol - Restaurantes, Lda não diz respeito a sociedades associadas ao imobiliário.

Das nove restantes, a Euronew, London Bridge, Chavanon, Regularbinary, Intuition & Bravery, Colossal Quotidian, Nenuphardynasty, a Quotidian Guardian estão registadas como sociedades imobiliárias limitadas, e a Jubilantanchor como "investimentos imobiliários".

As restantes sociedades a que o número de contribuinte de António Barão têm nomes que vão desde referências a regiões e cidades europeias (Eurocáucaso, Eurobolonha, Eurobaleares, Eurobremen, Euromidlands, Imoleicester, Imo Oslo) até outras localizações fora do continente (Imokarachi, Eurocamberra, Euroxangai, Imoalexandria, Imonairobi), ou ainda referências a plantas (Euroaçucena, Euroacácia, Magnoliabenefit, Nenupharindex).

Durante a sua audição, António João Barão foi dizendo que registava pequenos movimentos - por exemplo, 200 euros - nas sociedades criadas por si e em outras não havia movimentos registados.

"É um pequeno negócio que se faz às vezes para a sociedade ter movimento", explicou.

"Essas sociedades imobiliárias... às vezes tenho umas sociedades tanto para negócios próprios, que às vezes não realizo, e depois as cedo e as vendo. Foi a determinada altura que a sociedade de advogados Morais Leitão me contactou - porque noutras alturas já lhes tinha vendido umas sociedades - e perguntou se eu tinha umas cinco sociedades para ceder para um cliente deles", começou por detalhar António João Barão.

As sociedades viriam a ser utilizadas para serem vendidas a uma sociedade sediada no Luxemburgo, registada por um fundo das Ilhas Caimão denominado Anchorage, que veio a participar na compra da carteira de crédito malparado Viriato.


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