Notícia
Novabase analisa entrada na África do Sul no próximo ano
Tecnológica arrancou com investimento de 200 mil euros para entrar em Moçambique este ano
31 de Outubro de 2012 às 00:01
A Novabase quer continuar a sua expansão internacional e o foco está centrado em África e na Europa. Luís Paulo Salvado, CEO da Novabase, explicou que gostava de abrir uma geografia por ano.
A reestruturação previa a aceleração da internacionalização. Mas isso não aconteceu...
Nós crescemos 43%, mais acelerado que isso é difícil. A maior parte das coisas que fazemos lá fora são serviços, por isso crescer 43% significa contratar 43% de empresa nova, é quase aumentar 50% o número de colaboradores, com todo o risco que acarreta.
Mas esse crescimento foi sem expansão...
Sim, mas isso implica ter capacidade de formar estas pessoas e crescer acima do que tínhamos previsto, porque o nosso objectivo era que 25% do negócio fosse feito fora e já temos 30%. Mas também há percentagens de crescimento indesejável nos serviços profissionais.
Se entrassem noutros mercados como previam, como Moçambique, o crescimento tinha sido mais rápido...
Estamos a abrir uma operação em Moçambique que se tem revelado muito positiva. Ganhámos um grande projecto no valor de 6 milhões de euros, para fazer todo o sistema de transportes de Moçambique.
Vai ter uma Novabase Moçambique?
Sim, com parceiros locais, e acredito que nos próximos anos, vai ser um país muito importante, pelo próprio desenvolvimento da economia africana.
Quem é o vosso parceiro?
São pessoas que conhecem bem o mercado moçambicano.
O que vai investir?
O capital social é cerca de 8 milhões de meticais, cerca de 200 mil euros e é o que precisamos nesta fase para ter um escritório, para ter lá os nossos técnicos...
Quantas pessoas vai ter?
Já temos mais de 10 em permanência. Temos lá projectos com a banca, com as telecomunicações e agora este projecto com a dimensão grande. Moçambique eventualmente poderá chegar às 20 pessoas. Achamos que a Novabase tem que internacionalizar de forma focada. Já percebemos que temos algumas ofertas que conseguimos competir em todo o lado, como as telecomunicações. Neste momento em África estamos a olhar mais para Sul, há um conjunto de países, fora dos PALOP, como a África do Sul. Se quisermos estar na África do Sul temos que estar lá...
Existem parceiros?
Estamos a analisar eventuais parcerias, porque a fazer nunca estaremos sozinhos.
África vai ser a grande aposta...
África e Europa, quando falo Europa falo de ofertas muito especificas onde achamos que temos ofertas competitivas. Estamos a fazer vários projectos na Europa de Leste, estamos a investir forte na Inglaterra onde vimos oportunidades no sector das telecomunicações que se espalham por outros países.
Não vê, para já, necessidade de ter presença directa?
Para já não, a não ser que percebamos que o país pode apoiar um conjunto de países à volta.
Essa perspectiva só para África do Sul?
Sim, temos uma estratégia de ter um avanço destes numa geografia, uma vez por ano. Este ano será Moçambique, talvez para o ano seja África do Sul, mas não queremos ir muito depressa, porque há um determinado ritmo para fazer isto bem.
Se uma empresa que tem 30 milhões em caixa não arrisca quem vai arriscar?
Queremos arriscar para ganhar e não perder. Nós criámos 240 postos de trabalho, nesta altura...
Mas despediu 100?
Sim, mas estou a falar líquido, porque contratámos 400 pessoas...
O objectivo é que o mercado internacional venha a pesar tanto como o nacional?
Ainda não estabelecemos a nossa ambição aí, mas acho que isso é um “milestone”, nem sequer é um objectivo, é um sítio no caminho. Mas, não é replicando tudo o que faço em Portugal no estrangeiro, é agarrando nas coisas mais diferenciadas e ser um “player” muito forte.
Vai ultrapassar os 30% no final do ano?
Não consigo garantir isso, mas esse é um objectivo possível, mas não é conseguir esse número a qualquer custo.
Um negócio semelhante ao que aconteceu na Alemanha com a TechoTrend é possível voltar a acontecer?
Aquele negócio de aquisição levou-nos para um tipo de oferta de um produto de massas que concluímos que não queríamos estar. Não quer dizer que nalgumas áreas não faça sentido comprar algumas operações.
Existem oportunidades?
Estamos atentos a isso, não temos uma posição passiva. Há algumas áreas, nomeadamente nas telecomunicações, se encontrarmos entidades que consigam encaixar na nossa estratégia e acelerá-la vamos considerar e, neste caso, são aquisições fora de Portugal.
Neste caminho da internacionalização faz sentido pensar em cotar a empresa noutra bolsa que não a Euronext para aumentar a exposição?
É cedo para dizer isso, mas claramente o mercado de capitais português tem um factor de desconto indexado com a situação do país. E isto não é só em Portugal, em Espanha acontece o mesmo. É verdade que temos que olhar para o futuro e tentar perceber se não haverá sítios mais interessantes para valorizar a Novabase, eu não diria em alternativa a Portugal, mas em complemento. Se a Novabase continuar o caminho da internacionalização e a bolsa portuguesa não recuperar, acho que temos que considerar estes cenários.
Que mercado pode ser interessante?
Londres poderia ser, pela influência, nomeadamente em África.
Quanto tempo é que esta análise pode demorar?
Nos próximos dois vai ficar mais claro se a bolsa portuguesa vai ou não recuperar, se ficar sem o tal desconto, o problema pode-se auto-resolver, se não ficar, temos que encontrar outras alternativas que não são só estas. Há outros cenários, por exemplo o de se criar uma bolsa pan-europeia para “players” da dimensão da Novabase e isso poderia ser um caminho se a bolsa existisse.
Em que fase é que está o processo?
Há recomendações, a Euronext vai fazer recomendações e a própria União Europeia está interessada nesse tema. Estamos a falar de um caminho a dois, três anos.
Este ano a Novabase abriu mais um centro de “outsourcing”. Como está a correr?
O Agile Center tem-se mostrado uma peça útil, porque estamos um pouco a aprender. Nós fazemos parte da Portugal Outsourcing, mas eu acho que ainda há muitos entraves psicológicos, não só por causa de Portugal, talvez seja uma coisa latina, porque os países anglo-saxónicos são mais abertos à externalização. O Portugal português de “outsourcing” está pouco maduro, vai ser muito difícil ter clientes externos quando não temos clientes internos.
Quantos clientes já tem neste centro?
Temos vários, estamos a suportar vários países, transportámos alguns projectos para este centro e é este processo de aprendizagem que estamos a fazer, mas o processo de aprendizagem não está terminado.
É possível saber qual o valor de receitas?
São uns milhões, mas corresponde à nossa expectativa e não ganhámos nenhum grande projecto desde essa altura.
2013 vai ser um ano mais difícil?
A seu tempo divulgaremos, mas há uma primeira nota de incerteza, ninguém sabe o que vai acontecer. Em 2012 eu pensei que era 2011 mais um, mas eu não considero 2013 um prolongamento da situação de 2012, porque também já estamos mais expostos ao mercado internacional. Temos que continuar este crescimento internacional e fazer coisas, mesmo em África, para ter uma ambição global. Não queremos segurar o negócio a todo o custo, queremos segurar o negócio que queremos ter daqui a cinco anos. Poucas empresas têm capacidade para apostar agora, o que vão colher daqui a cinco anos.
Isso vai fazer com que abandone algumas áreas de negócio?
Eu não vou proteger áreas que para segurar negócio, tenho que proteger margens zero. Só iria fazer se não tivesse alternativa, como tenho alternativa vou apostar em áreas onde tenho mais diferenciação. Nós não estamos obcecados com o volume, estamos obcecados com ter uma empresa mais competitiva, daí apostar na internacionalização, e com ofertas mais diferenciadas. E nessa medida a Novabase tem que afinar o seu portefólio.
Ainda não é com esta crise que se verá uma grande consolidação do mercado...
Vamos consolidar o quê? Dívida?
Está a dizer que as suas concorrentes estão todas muito mal...
Não. A Novabase tem comprado empresas e eu não tenho problemas em comprar uma empresa maior que traga novos clientes e alargar o negócio. Não quero comprar empresas para resolver os problemas dessas empresas. Nós consolidaremos tudo o que fizer sentido.
Mas a dimensão dá mais competitividade, nomeadamente no estrangeiro...
Se comprarmos uma empresa três ou quatro vezes maior do que a Novabase sim, e aí estou interessado em fazer o negócio, mas se calhar não consigo. Comprar uma empresa mais pequena, não vai me pôr noutro campeonato. Nós facturamos 200 e tal milhões, facturarmos 300 milhões não me coloca noutro campeonato, só se me trouxer ofertas diferenciadas. O mercado português é muito pequeno.
Vocês quiseram comprar a Edinfor à EDP... isso punha-vos noutro campeonato?
Tocou no ponto, na altura (2005) era mais do dobro do nosso tamanho e esse foi um dos motivos que nos disseram para não comprarmos.
Aqui o grande activo era o contrato com a EDP, por exemplo. Se se juntar a uma PT SI, tem um contrato com a PT...
Essas coisas nem sempre funcionam assim, mas comprar operações de clientes pode ser interessante, já fizemos com a Vodafone, já tivemos uma empresa na área da televisão com a PT. Neste momento estou mais preocupado em encontrar parcerias dessas...
Muito boa gente tem vindo bater à nossa porta, empresas conhecidas inclusive, e nós olhamos para elas com o enorme entusiasmo. Mas há sempre duas perguntas que fazemos: se estrategicamente faz sentido? E se o preço está certo?
A reestruturação previa a aceleração da internacionalização. Mas isso não aconteceu...
Nós crescemos 43%, mais acelerado que isso é difícil. A maior parte das coisas que fazemos lá fora são serviços, por isso crescer 43% significa contratar 43% de empresa nova, é quase aumentar 50% o número de colaboradores, com todo o risco que acarreta.
Sim, mas isso implica ter capacidade de formar estas pessoas e crescer acima do que tínhamos previsto, porque o nosso objectivo era que 25% do negócio fosse feito fora e já temos 30%. Mas também há percentagens de crescimento indesejável nos serviços profissionais.
Se entrassem noutros mercados como previam, como Moçambique, o crescimento tinha sido mais rápido...
Estamos a abrir uma operação em Moçambique que se tem revelado muito positiva. Ganhámos um grande projecto no valor de 6 milhões de euros, para fazer todo o sistema de transportes de Moçambique.
Vai ter uma Novabase Moçambique?
Sim, com parceiros locais, e acredito que nos próximos anos, vai ser um país muito importante, pelo próprio desenvolvimento da economia africana.
Quem é o vosso parceiro?
São pessoas que conhecem bem o mercado moçambicano.
O que vai investir?
O capital social é cerca de 8 milhões de meticais, cerca de 200 mil euros e é o que precisamos nesta fase para ter um escritório, para ter lá os nossos técnicos...
Quantas pessoas vai ter?
Já temos mais de 10 em permanência. Temos lá projectos com a banca, com as telecomunicações e agora este projecto com a dimensão grande. Moçambique eventualmente poderá chegar às 20 pessoas. Achamos que a Novabase tem que internacionalizar de forma focada. Já percebemos que temos algumas ofertas que conseguimos competir em todo o lado, como as telecomunicações. Neste momento em África estamos a olhar mais para Sul, há um conjunto de países, fora dos PALOP, como a África do Sul. Se quisermos estar na África do Sul temos que estar lá...
Existem parceiros?
Estamos a analisar eventuais parcerias, porque a fazer nunca estaremos sozinhos.
África vai ser a grande aposta...
África e Europa, quando falo Europa falo de ofertas muito especificas onde achamos que temos ofertas competitivas. Estamos a fazer vários projectos na Europa de Leste, estamos a investir forte na Inglaterra onde vimos oportunidades no sector das telecomunicações que se espalham por outros países.
Não vê, para já, necessidade de ter presença directa?
Para já não, a não ser que percebamos que o país pode apoiar um conjunto de países à volta.
Essa perspectiva só para África do Sul?
Sim, temos uma estratégia de ter um avanço destes numa geografia, uma vez por ano. Este ano será Moçambique, talvez para o ano seja África do Sul, mas não queremos ir muito depressa, porque há um determinado ritmo para fazer isto bem.
Se uma empresa que tem 30 milhões em caixa não arrisca quem vai arriscar?
Queremos arriscar para ganhar e não perder. Nós criámos 240 postos de trabalho, nesta altura...
Mas despediu 100?
Sim, mas estou a falar líquido, porque contratámos 400 pessoas...
O objectivo é que o mercado internacional venha a pesar tanto como o nacional?
Ainda não estabelecemos a nossa ambição aí, mas acho que isso é um “milestone”, nem sequer é um objectivo, é um sítio no caminho. Mas, não é replicando tudo o que faço em Portugal no estrangeiro, é agarrando nas coisas mais diferenciadas e ser um “player” muito forte.
Vai ultrapassar os 30% no final do ano?
Não consigo garantir isso, mas esse é um objectivo possível, mas não é conseguir esse número a qualquer custo.
Um negócio semelhante ao que aconteceu na Alemanha com a TechoTrend é possível voltar a acontecer?
Aquele negócio de aquisição levou-nos para um tipo de oferta de um produto de massas que concluímos que não queríamos estar. Não quer dizer que nalgumas áreas não faça sentido comprar algumas operações.
Existem oportunidades?
Estamos atentos a isso, não temos uma posição passiva. Há algumas áreas, nomeadamente nas telecomunicações, se encontrarmos entidades que consigam encaixar na nossa estratégia e acelerá-la vamos considerar e, neste caso, são aquisições fora de Portugal.
“Se a a bolsa portuguesa não recuperar, temos que considerar” outras bolsas
É cedo para dizer isso, mas claramente o mercado de capitais português tem um factor de desconto indexado com a situação do país. E isto não é só em Portugal, em Espanha acontece o mesmo. É verdade que temos que olhar para o futuro e tentar perceber se não haverá sítios mais interessantes para valorizar a Novabase, eu não diria em alternativa a Portugal, mas em complemento. Se a Novabase continuar o caminho da internacionalização e a bolsa portuguesa não recuperar, acho que temos que considerar estes cenários.
Que mercado pode ser interessante?
Londres poderia ser, pela influência, nomeadamente em África.
Quanto tempo é que esta análise pode demorar?
Nos próximos dois vai ficar mais claro se a bolsa portuguesa vai ou não recuperar, se ficar sem o tal desconto, o problema pode-se auto-resolver, se não ficar, temos que encontrar outras alternativas que não são só estas. Há outros cenários, por exemplo o de se criar uma bolsa pan-europeia para “players” da dimensão da Novabase e isso poderia ser um caminho se a bolsa existisse.
Em que fase é que está o processo?
Há recomendações, a Euronext vai fazer recomendações e a própria União Europeia está interessada nesse tema. Estamos a falar de um caminho a dois, três anos.
Este ano a Novabase abriu mais um centro de “outsourcing”. Como está a correr?
O Agile Center tem-se mostrado uma peça útil, porque estamos um pouco a aprender. Nós fazemos parte da Portugal Outsourcing, mas eu acho que ainda há muitos entraves psicológicos, não só por causa de Portugal, talvez seja uma coisa latina, porque os países anglo-saxónicos são mais abertos à externalização. O Portugal português de “outsourcing” está pouco maduro, vai ser muito difícil ter clientes externos quando não temos clientes internos.
Quantos clientes já tem neste centro?
Temos vários, estamos a suportar vários países, transportámos alguns projectos para este centro e é este processo de aprendizagem que estamos a fazer, mas o processo de aprendizagem não está terminado.
É possível saber qual o valor de receitas?
São uns milhões, mas corresponde à nossa expectativa e não ganhámos nenhum grande projecto desde essa altura.
Eu não vou proteger áreas para segurar negócio
A seu tempo divulgaremos, mas há uma primeira nota de incerteza, ninguém sabe o que vai acontecer. Em 2012 eu pensei que era 2011 mais um, mas eu não considero 2013 um prolongamento da situação de 2012, porque também já estamos mais expostos ao mercado internacional. Temos que continuar este crescimento internacional e fazer coisas, mesmo em África, para ter uma ambição global. Não queremos segurar o negócio a todo o custo, queremos segurar o negócio que queremos ter daqui a cinco anos. Poucas empresas têm capacidade para apostar agora, o que vão colher daqui a cinco anos.
Isso vai fazer com que abandone algumas áreas de negócio?
Eu não vou proteger áreas que para segurar negócio, tenho que proteger margens zero. Só iria fazer se não tivesse alternativa, como tenho alternativa vou apostar em áreas onde tenho mais diferenciação. Nós não estamos obcecados com o volume, estamos obcecados com ter uma empresa mais competitiva, daí apostar na internacionalização, e com ofertas mais diferenciadas. E nessa medida a Novabase tem que afinar o seu portefólio.
Comprar uma empresa mais pequena não vai pôr-me noutro campeonato
Vamos consolidar o quê? Dívida?
Está a dizer que as suas concorrentes estão todas muito mal...
Não. A Novabase tem comprado empresas e eu não tenho problemas em comprar uma empresa maior que traga novos clientes e alargar o negócio. Não quero comprar empresas para resolver os problemas dessas empresas. Nós consolidaremos tudo o que fizer sentido.
Mas a dimensão dá mais competitividade, nomeadamente no estrangeiro...
Se comprarmos uma empresa três ou quatro vezes maior do que a Novabase sim, e aí estou interessado em fazer o negócio, mas se calhar não consigo. Comprar uma empresa mais pequena, não vai me pôr noutro campeonato. Nós facturamos 200 e tal milhões, facturarmos 300 milhões não me coloca noutro campeonato, só se me trouxer ofertas diferenciadas. O mercado português é muito pequeno.
Vocês quiseram comprar a Edinfor à EDP... isso punha-vos noutro campeonato?
Tocou no ponto, na altura (2005) era mais do dobro do nosso tamanho e esse foi um dos motivos que nos disseram para não comprarmos.
Aqui o grande activo era o contrato com a EDP, por exemplo. Se se juntar a uma PT SI, tem um contrato com a PT...
Essas coisas nem sempre funcionam assim, mas comprar operações de clientes pode ser interessante, já fizemos com a Vodafone, já tivemos uma empresa na área da televisão com a PT. Neste momento estou mais preocupado em encontrar parcerias dessas...
Muito boa gente tem vindo bater à nossa porta, empresas conhecidas inclusive, e nós olhamos para elas com o enorme entusiasmo. Mas há sempre duas perguntas que fazemos: se estrategicamente faz sentido? E se o preço está certo?