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Mercadona mais do que duplicou vendas em Portugal em 2021 para 415 milhões de euros

A maior cadeia de supermercados espanhola "dobrou" a faturação em Portugal para 415 milhões de euros em 2021. Para este ano prevê investir 150 milhões de euros, designadamente em dez aberturas.

15 de Março de 2022 às 15:04
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Apesar da conjuntura "muito difícil", a Mercadona viu a faturação mais do que duplicar em Portugal de 186 para 415 milhões de euros em 2021. Para este ano, a maior cadeia de supermercados espanhola prevê aumentar em aproximadamente um terço o investimento no país para 150 milhões de euros, a canalizar designadamente para uma dezena de aberturas.

"Estamos encantados com as vendas em Portugal", afirmou o presidente da Mercadona, Juan Roig, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2021, realizada em simultâneo em Valência e com transmissão 'online', dando conta de que as compras feitas a fornecedores portugueses superaram as vendas, atingindo 500 milhões de euros.

Apesar do 'pulo' na faturação e de esse desempenho ter permitido, segundo a retalhista espanhola, alcançar uma quota de mercado de 3% ao fim de dois anos de presença em Portugal, onde conta com 29 superfícies (mais nove) e 2.500 funcionários, a Mercadona continua a registar prejuízos em 2021.

"Perdemos 64 milhões de euros", detalhou Juan Roig, assinalando não só que "os resultados estão dentro das previsões", decorrendo dos "gastos" com a aposta em novas lojas, como também se espera que sejam revertidos em breve: "Se não ganhamos dinheiro este ano poderemos ganhar no próximo".

Para este ano, a Mercadona prevê investir 150 milhões de euros em Portugal - contra 110 milhões de euros em 2020 - designadamente na abertura de dez lojas. O plano para chegar a Lisboa mantém-se fixado em 2023, confirmou Juan Roig.

Lucros líquidos diminuem 6%

As vendas da Mercadona em Portugal representaram 1,5% do total da faturação da Mercadona em 2021 que subiram 3,3% para 27.819 milhões de euros. 

No entanto, os lucros líquidos encolheram, devido pelo menos em parte ao facto de a retalhista ter decidido absorver a escalada dos preços dos fatores de produção, desde as matérias-primas aos combustíveis, que formaram a chamada "tempestade perfeita".

De acordo com Juan Roig, a empresa absorveu grande parte do impacto dos aumentos, optando por não os refletir na totalidade nos preços dos produtos ao consumidor, diminuindo a sua margem em 0,4%, o equivalente a 100 milhões de euros, o que redundou numa redução de 6% nos lucros líquidos em 2021 para 680 milhões de euros.

A Mercadona fechou 2021 com 1.662 supermercados (dos quais 29 em Portugal), depois de ter inaugurado 79 (9 em Portugal) e fechado 58. Em paralelo, a empresa continuou a apostar na renovação das lojas, terminando o ano passado com 1.200 supermercados adaptados ao que designa de Loja 8 (Modelo de Loja Eficiente). 

Essa foi a componente que abarcou, de resto, a maior fatia dos investimentos em 2021 (920 milhões em 1.200 milhões de euros).

Ao longo do ano passado, a Mercadona salienta ainda que criou mil postos de trabalho com contrato sem termo, elevando o universo de funcionários para 96 mil.


Na apresentação dos resultados, sublinhando que os trabalhadores figuram como uma das "forças" da retalhista, Juan Roig realçou ainda que, em 2021, foi aprovada uma subida salarial, em linha com o Índice de Preços no Consumidor, com aumentos em Portugal de 2,7% e em Espanha de 6,5%. Atualmente, para se ter uma ideia, o salário bruto de entrada na Mercadora corresponde a 932 euros em Portugal e a 1.425 euros em Espanha.

Isto ao mesmo tempo que foram distribuídos prémios por objetivos pelos colaboradores no valor de 375 milhões de euros, o correspondente a 25% do lucro total gerado.

E se 2021 foi "muito difícil"  2022 não será menos complicado, admite o presidente da Mercadona que, neste ínicio do ano, fala já num "aumento anual dos gastos na ordem dos 500 milhões de euros", atendendo ao cenário inflacionista que - estima-se - será agravado pela guerra na Ucrânia.

Não obstante, o plano de investimentos mantém-se firme para este ano, assegurou, apontando que uma das soluções para resolver a equação que junta um aumento de 8% dos gastos e uma subida de 3% nas vendas passa por reduzir nas despesas por via de melhorarias na eficiência e produtividade. Juan Roig fez, aliás, referência a um paralelismo feito por um amigo empresário: "Os custos são como as unhas: é preciso cortar todas as semanas".

Guerra agrava preços, mas bens alimentares não vão faltar

Relativamente ao impacto da guerra na Ucrânia, em cima do cenário inflacionista, o presidente da Mercadona admite a contínua subida de preços, mas garantiu que "não haverá problemas de abastecimento" de produtos, até porque a cadeia de distribuição alimentar espanhola e portuguesa é "muito forte" e "está muito bem preparada".

Juan Roig reconhece, no entanto, a possibilidade de existirem falhas pontuais de produtos, pelo que apelou aos consumidores para se abasterem de adotar atitudes alarmistas e de açambarcamento.

O líder da Mercadona  comparou, aliás, o que aconteceu com o papel higiénico no início da pandemia. "Num mês o consumo multiplicou-se por dois, mas no final do ano foi igual", reforçou.

Neste sentido, Juan Roig justificou a opção da retalhista de limitar as vendas de óleo de girassol por cliente em Portugal e Espanha como um "mal menor", já que "há muitos especuladores". "É uma situação excecional a que vivemos este ano. Era pior não ter de restringir", enfatizou.





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