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Maioria das empresas espera quebra nas vendas mas não prevê despedir

Cerca de 60% das empresas antecipa uma descida média das vendas de 36% até ao final do ano. Porém, os patrões tencionam manter os postos de trabalho. As conclusões surgem num inquérito feito pela CIP sobre a situação atual das empresas e as suas expetativas para o último trimestre.

As empresas com mais iniciativas de saúde e bem-estar gerais garantem trabalhadores mais resilientes.
Paulo Duarte
19 de Outubro de 2020 às 17:45
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O impacto da pandemia na empresas portuguesas é notório e a retoma da atividade económica está a ser "mais lenta do que se esperava", admite o presidente da CIP, António Saraiva. Talvez por isso os resultados do mais recente inquérito da Confederação Empresarial de Portugal tenham surpreendido até o "patrão dos patrões".

Em setembro, 56% das empresas registaram uma quebra do volume de negócios média de 38%. A quebra na carteira de encomendas atingiu 60% das empresas e uma descida média de 36%. As expectativas para os próximos três meses não são animadoras: 60% das empresas antecipa que as vendas deslizem, em média, 36%. Ainda assim, 73% das empresas inquiridas pela CIP e pelo ISCTE preveem manter o quadro de pessoal até ao fim do ano, ao passo que 17% admitem cortar até 25% dos postos de trabalho. 

Os resultados do inquérito conduzido pela CIP e pelo ISCTE junto de 558 empresas, e já após a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2021, surpreenderam António Saraiva, para quem os números são o reflexo da "resiliência" das empresas nacionais, o que permite encarar o futuro com "moderado otimismo". 

"As empresas têm necessidade de manter a sua capacidade instalada e o seu conhecimento. Algumas entidades patronais tiveram necessidade de se adaptar ao volume de trabalho que passaram a ter, daí o desemprego entretanto instalado. O próprio Estado é o que fará na TAP. Mas as empresas têm feito um esforço notável e surpreende-me que a percentagem de manutenção de postos de trabalho seja esta. Se há objetivo que temos de perseguir é o de preservar o emprego", sublinhou o presidente da CIP na conferência de apresentação dos resultados do inquérito. 

39% das empresas vão cortar investimento 

O mesmo estudo, que incidiu sobretudo em pequenas e médias empresas, chegou à conclusão que 77% dos inquiridos consideram que os apoios do Estado ao setor empresarial têm ficado "aquém do necessário". Das visadas, 43% recorreram a financiamento bancário. 

No que toca à gestão diária das empresas, 72% mantiveram os seus prazos de pagamento, enquanto 19% tiveram de aumentá-los em 42 dias. Já os prazos de recebimento não sofreram alterações para 59% das empresas, mas aumentaram em média 40 dias para 39% das inquiridas. 60% das empresas continuam a vender apenas para clientes habituais, enquanto 40% registaram em setembro vendas a novos clientes. 

Questionados sobre as previsões para 2021, 43% dos empresários revelaram a intenção de manter os níveis de investimento semelhantes aos concretizados em 2019. Porém, 39% das empresas prevê que o investimento caia para metade no próximo ano. 18% das empresas prevê aumentar os montantes investidos, em média 33%. 

Para António Saraiva, os resultados do inquérito revelam que as empresas estão a atravessar um "processo de transformação".

"Esta crise é completamente diferente das anteriores e exige uma capacidade de adaptação e reação completamente nova. As empresas estão a reagir. Sofremos o embate e agora estamos a absorver os seus efeitos. As perspetivas de futuro ainda são de alguma angústia, porque não há vacina nem cura, o que não retira o medo da população mundial, e o medo é mau conselheiro para o consumo. Mas não vamos baixar os braços", concluiu o líder da CIP.
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