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Empresas portuguesas podem deslocalizar para Angola para aproveitar mão-de-obra
As empresas portuguesas devem olhar Angola como um mercado para onde podem transferir uma primeira fase de produção em sectores onde Portugal pode controlar toda a fileira.
As empresas portuguesas devem olhar Angola como um mercado para onde podem transferir uma primeira fase de produção em sectores onde Portugal pode controlar toda a fileira.
Segundo o ministro da Economia, o têxtil é um sector onde se pode verificar essa transferência, seguindo a lógica de outros países que procuram para a produção países com mão-de-obra mais barata. Até porque, lembra, Angola tem a matéria-prima necessária.
Carlos Tavares prefere não falar em deslocalização, no entanto, em declarações ao Jornal de Negócios, diz que as empresas portuguesas devem fazer aquilo que as suas concorrentes de mercados mais desenvolvidos fazem agora em Portugal, ou seja, que é transferir produção para países com salários mais baixos e reter a componente de valor acrescentado que neste momento escapa a muita da indústria portuguesa, em particular a têxtil.
Embora a questão da dívida não esteja no seu pelouro, o ministro da Economia reconhece que o assunto tem que ficar para trás. Antes, e após uma reunião com o presidente angolano José Eduardo dos Santos, o primeiro-ministro português, Durão Barroso disse que a dívida de Angola a Portugal estava politicamente resolvida. O que falta, acrescentou, são questões de ordem técnica.
Está assim aberta a porta a novos financiamentos a empresas que queiram investir em Angola. No entanto, desta visita não deverão ainda sair novas linhas de crédito, acrescentou Carlos Tavares.
EDP não quer gás em AngolaA EDP, que vai ficar com os principais activos de gás da Galp, não está interessada no projecto de gás natural em Angola. Segundo soube o Jornal de Negocios, a eléctrica está neste momento totalmente vocacionada para o mercado ibérico e pouco aberta a outros mercados, até porque já tem uma grande exposição ao Brasil.
Por outro lado, o Jornal de Negócios sabe que a EDP tem dúvidas sobre a viabilidade económica do projecto de produção de gás a partir da exploração de petróleo. Sendo assim, um eventual interesse neste projecto pode passar pela Galp, não obstante a empresa estar em vias de perder os activos do gás.
A Galp não deve perder oportunidades de negócio que surjam, independentemente da reorganização do sector energético em curso em Portugal, disse Carlos Tavares. Embora a empresa se deva centrar na área petrolífera, caso surja uma boa oportunidade eventualmente no gás, deve aproveitar.
Carlos Tavares não se pronuncia especificamente sobre a participação no projecto de GNL/gás natural liquefeito que interessava à Galp, porque não lhe foi apresentada nenhuma proposta em concreto.
Por seu turno, o presidente da Galp, Joaquim Ferreira do Amaral, reconhece que a reorganização da energia poderá ter algum impacto no interesse da empresa em eventualmente participar na fábrica que pretende aproveitar o gás produzido a partir da exploração de petróleo, um investimento superior a mil milhões de dólares, liderado pela ChevronTexaco.
Já sobre a continuidade da operação de exploração da Galp em Angola, onde é accionista de um dos principais blocos produtores, Carlos Tavares diz que ela deve ser ponderada com o novo reposicionamento estratégico da companhia, orientado para o petróleo.
Para o ministro, o argumento dos investimentos pesados que tem sido usado pela Galp para justificar a intenção de vender esta posição, só é válido para a prospecção. A Galp não tem dimensão para estar neste negócio, diz. Mas a situação é diferente na exploração, defende.