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Confederação do turismo diz-se "muito, muito" preocupada com aeroporto de Alcochete

"Estou preocupadíssimo com a sua construção. Acho que vai demorar 20 anos e o turismo português não aguenta 20 anos sem ter o aeroporto", afirma Francisco Calheiros.

Vítor Mota
23 de Março de 2025 às 10:54
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A confederação do turismo diz que a preocupação com a construção do novo aeroporto de Lisboa se agravou e que se levar 20 anos é demasiado tempo, admitindo que ainda pode haver mudanças com as eleições.

"Atualmente, estamos muito, muito preocupados com Alcochete. Eu dizia - de brincadeira - que não sabia se alguma vez ia embarcar em Alcochete. Agora digo que não sei se alguma vez vou ver Alcochete. Estou preocupadíssimo com a sua construção. Acho que vai demorar 20 anos e o turismo português não aguenta 20 anos sem ter o aeroporto", disse o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, à Lusa.

Uma preocupação, garantiu, que a CTP tinha antes de o Governo cair e que se acentuou.

Com um Governo de gestão, o que perturba nesta matéria é, sobretudo, processos importantes como "as negociações com o concessionário [dos aeroportos, a Ana] pararem" ou decisões fechadas sofrerem atrasos.

"No outro dia estava a ler que já existiram nove localizações para o novo aeroporto. Portanto, não sei (se a decisão, entretanto, tomada vai ser a que avança), admitiu Francisco Calheiros à Lusa, quando questionado se neste ponto estava tranquilo, independentemente do resultado das eleições de 18 de maio.

Foi em 14 de maio de 2024 que o atual Governo em gestão aprovou a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro em Alcochete, seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI), anunciou na altura o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Nesse mesmo dia, o secretário-geral do PS manifestou o "apoio inequívoco" à decisão, tema sobre o qual disse ter havido articulação. Numa reação minutos depois da declaração de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos saudou a decisão do Governo, considerando-a muito importante para si próprio, mas sobretudo para o país.

Mas Francisco Calheiros relembra o passado.

"O Governo de Passos Coelho decidiu que ia fazer (o aeroporto) no Montijo. Houve eleições, ganharam António Costa e a geringonça. Contrariamente ao que todos pensaram, António Costa manteve a decisão: 'vai ser Montijo'. Portanto, CDS, PSD, PS, Bloco, a gerigonça, já decidiram Montijo. Como é que estamos hoje? Em Alcochete. Tudo pode alterar. Vamos ter um novo governo. Se for do PS é completamente diferente. Se for do PSD não sabemos se os ministros são os mesmos. Não sei quem vai ser o ministro das Infraestuturas, da Economia. Não sei se têm outras ideias", sustentou Francisco Calheiros.

Por isso, a CTP, que sempre preferiu Montijo, defendendo uma solução intermédia a Alcochete.

"Portugal tem pedidos que não acabam mais, ligações aéreas que nos interessam imenso, como por exemplo, o voo da Coreia. Só há dois meses confirmámos e estava em espera há muito. Um voo da Coreia do Sul direto é importante. São um país muito católico, turistas que vão visitar Fátima, e isto é descentralizar o turismo, o que é muito bom. E vamos estar mais 20 anos a recusar [autorizações de voos]?. É impensável", frisou.

"Não sei se um novo ministro vai ter esta sensibilidade e dizer: 'ok, mantemos Alcochete em 20 anos para não se discutir mais a localização, mas, no entretanto, tem que haver qualquer coisa'", apelou.

A ANA estima que o novo aeroporto Luís de Camões custe 8,5 mil milhões de euros, dos quais sete mil milhões financiados por emissão de dívida, segundo o relatório publicado em 17 de janeiro. Prevê a abertura para meados de 2037, ou, com otimizações ao cronograma a negociar com o Governo, no final de 2036.

O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou no parlamento, em 12 de fevereiro, que o Governo "não acredita" nos prazos, no valor e no aumento das taxas aeroportuárias que a ANA quer e propôs um memorando de entendimento entre as duas partes, para negociar estas questões.

Quanto às obras no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, disse que o Governo pediu a avaliação de impacto ambiental para todas.

Lusa/Fim

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