A Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Eléctrica (APIGCEE) considera que os aumentos do preço da electricidade para os grandes clientes industriais, de cerca de 8%, vão agravar o fosso entre as empresas portuguesas e espanholas.

O presidente da associação, Luís Filipe Pereira, afirmou à agência Lusa ser "preocupante" o agravamento do fosso entre os dois países relativamente aos custos com a electricidade, uma vez que o aumento proposto pelo governo espanhol para os grandes clientes industriais é de 5,52%.

"É muito preocupante, visto que diminuiu a nossa competitividade no mercado ibérico, para além de aumentar os custos de produção muito acima da inflação", afirmou.

Luís Filipe Pereira afirmou que as empresas têm tentado obter preços de electricidade mais competitivos, nomeadamente em Espanha, e aumentado bastante a eficiência energética para tentar minimizar a subida dos preços.

O presidente da APIGCEE reconheceu que um dos aspectos críticos da política energética em Portugal é "assegurar a competitividade da economia e das empresas", factor para o qual tem "sensibilizado o Governo".

O responsável reconhece que os aumentos em Espanha para os grandes clientes industriais deveriam ser de 20% em vez dos 5,52% propostos, mas refere que isso faz parte da opção política do governo espanhol.

"A Espanha vai ter de modificar essas politicas, mas isso será feito de forma gradual e aqui a variável tempo é muito significativa", afirmou.

As tarifas para os clientes industriais propostas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) são de 8% para os clientes de Muito Alta Tensão (MAT) e de 7,9% para os clientes de Alta Tensão (AT).

A anterior proposta da ERSE, revista por determinação do Governo, era de 9,3% para os clientes de MAT e de 9,2% para os clientes de AT.

A APIGCEE inclui as maiores indústrias portuguesas, correspondentes aos principais sectores produtivos nacionais, responsáveis por 8% do consumo total do país e 20% do consumo industrial total.