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Altri investe na Galiza para reforçar presença na indústria têxtil portuguesa

Empresa portuguesa planeia instalar uma fábrica de fibras têxteis a partir de recursos florestais e toneladas de restos na Galiza, em conjunto com um consórcio da região.

A Altri, liderada por José Pina, tem sido eleita pelos analistas.
Peter Spark
05 de Outubro de 2021 às 15:07
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A Altri associou-se a um parceiro industrial do consórcio galego Impulsa Galicia (constituído pela Xunta, Abanca, Reganosa e Sogama) para criar uma unidade inovadora de produção de fibras têxteis sustentáveis, segundo avança esta terça-feira o jornal espanhol La Voz de Galicia. A conversão de madeira das montanhas galegas em fibras têxteis para tecidos será uma forma de colmatar a subida dos preços de matérias-primas como o algodão ou a seda.

A empresa portuguesa, que negoceia na bolsa de Lisboa, comunicou na sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a assinatura de um memorando de entendimento para a constituição do consórcio no qual participará como parceiro industrial. O projeto vai implicar um investimento de 800 milhões de euros e é elegível para fundos europeus do Next GenEU.

O objetivo é que o projeto tenha início no segundo semestre de 2022. Fontes de mercado contactadas pelo La Voz de Galicia explicaram que a Altri chegou a receber propostas de outras quatro grandes empresas, tendo acabado por fechar com este consórcio por ser a maior oferta com menor pedido de garantias.

A Altri terá afirmado aos parceiros de negócio que a rentabilidade do projeto será garantida pela existência de mercado, de acordo com o La Voz de Galicia. Entre os potenciais clientes está o setor têxtil português, nomeadamente o Cluster Têxtil do Norte da Península Ibérica, que integra a indústria da moda galega. Portugal movimenta quase mil milhões de euros por ano como fornecedor de têxteis galegos, num segmento que é dominado pela Inditex (dona da Zara).

As mesmas fontes avançaram que a Galiza poderá vir a concentrar, com esta fábrica (cuja localização não está ainda fechada), 3% da produção mundial de fibras têxteis sustentáveis, que é o equivalente a colocar no mercado 200 mil toneladas deste material por ano.

O projeto de produção de fibras têxteis a partir de recursos florestais e toneladas de restos de artigos confecionados que pretende instalar-se na Galiza surge numa altura em que o setor da moda está em transição para se tornar mais sustentável. Atualmente, são produzidas 5,6 milhões de toneladas de fibra de viscose por ano, estando 62% do mercado global concentrado na Ásia, principalmente na China e na Índia.

A empresa portuguesa, fundada em 2005, é um dos maiores produtores europeus de pasta de eucalipto. Além da celulose, o grupo também está presente no setor de energias renováveis (biomassa). No ano passado, a Altri registou um volume de negócios de 615 milhões de euros e um lucro de 34,98 milhões de euros.
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